domingo, 8 de agosto de 2010

Isabel Allende sobre Paixão e Política

9 comentários:

Tâmara disse...

Achei intrigante, essa conversa de Isabel. Fico pensando se Sophia Loren deve ser considerada uma das irmãs que precisam ter o poder do mundo ou se devemos exclui-la dessa fraternidade. Vou ouvir mais uma vez a conversa de Isabel, pensar e recomentar. Abraço.

Cynthia disse...

É questionável mesmo, Tâmara, e Isabel Allende sugeriu isso de forma muito elegante ao final de sua fala.

Pelo sim, pelo não, de agora em diante vou andar reta como uma tábua.

Saudades de seus textos, mulher!

Tâmara disse...

Cynthia,
Fico quase vaidosa por usares a palavra saudade para falar em meus textos. Eu também estou com saudades de escrever para o Cazzo e até tenho um projeto desde junho, fazer uma entrevista com uma psico'loga social daqui sobre um artigo inédito dela e outros. O problema é que julho e agosto no sul da França é como janeiro e fevereiro no Brasil: todo mundo em férias. Sem falar nos dias intermina'veis, o sol até quase dez da noite, festivais em todo canto...Não tem quem aguente! Tirei férias também, esperando que a psico'loga volte. Mas a entrevista vai sair! E ainda volto a falar em Isabel, a Allende. Beijão

Cynthia disse...

Tsc! Essa coisa de verão no sul da França é realmente um estorvo, não tem quem aguente. Quer trocar pelo inverno recifense? Juro que cuido bem da sua casa e chamo os exterminadores de abelhas em caso de necessidade. Em troca, vc cuida do meu tubarão de estimação.

Anônimo disse...

Assim, tá parecendo a cumade Sebastiana dançando um xaxá na Paraíba! Vumbora, cabraiada, q tô sentindo saudade de ocês... (O q é q eu posso fazer, trabalhar é minha sina!)

Tâmara disse...

Cynthia,

Eu prefiro Recife, Aracaju, Salvador e outras congêneres nordestinas, no inverno; a partir de setembro aquele nosso calor u'mido vai me dando uma agonia...! Mesmo assim acho que devemos nos poupar dessa troca: nem tudo tem o bom odor das ervas e festivais de Provence em minha vida no sul da França e você teria bem mais problemas do que o de procurar exterminadores de abelhas; assim como desconfio que seu tubarão de estimação atende também pelo nome de universidade e eu, minha amiga, estava realmente precisando dar um tempo da vida universita'ria para não ficar destitui'da de paixão.

Falo então agora da Paixão, segundo Isabel Allende. Não ponho em questão a pertinência do feminismo. O que me incomoda em seu discurso é sua apresentação dicotômica de um potencial e bom poder feminino oposto a um real e malvado poder masculino. Ora,tudo é tão mais complicado...As Margarets Thatchers, Condolezzas Rices e Sarahs Pallins que estiveram ou estão por ai' exigem que nunca percamos de vista a complexidade dos cruzamentos gênero, classe, cor, etc., nos embates pela ordem do mundo social. Em suma, prefiro pensar numa fraternidade incluindo os homens. E os velhos também, porque nem sempre os jovens são mais bacanas do que eles.

Quanto ao que ela diz sobre Sophia Loren, apesar da correção final que você achou elegante, continuo achando que Isabel Allende foi deselegante para com sua companheira de desfile oli'mpico. Enquanto apresenta as mulheres medalhadas como heroi'nas fora de questão, esquecendo ingenuamente o que o mundo da competição esportiva de alto ni'vel possui de dopping e de sujeira, reduz Loren a lindos pares de pernas e peitos, objeto da malvada libido masculina, esquecendo que Sophia Loren também é uma atriz importante do cinema italiano em um de seus peri'odos mais criativos e poli'ticos - no sentido amplo.
Sei que não estou dizendo nada de novo ou de inquestiona'vel, mas tive vontade de tornar pu'blico o meu incômodo. No mais, Isabel Allende é uma escritora que aprecio bastante; sua Clara Clarividente sera' sempre uma das minha boas companhias nesse mundo cão. Beijão

Cynthia disse...

Oi, Tâmara,

Estive viajando, daí minha demora em responder ao seu comentário - que, de forma geral, acho instigante. Também tenho problemas com visões simplistas e dicotômicas, mas não consegui ver isso no discurso de Allende.

Embora a ênfase tenha sido na subordinação das mulheres, acho que ela foi cuidadosa ao relativizar essa subordinação quando fala, por exemplo, da situaçao privilegiada de mulheres como ela própria e sua filha Paula, para quem o feminismo já perdeu parte de sua função. Também fala de uma melhoria nas condições de vida de todas as pessoas, não apenas de algumas que, de acordo com os grandes números, são homens ricos e poderosos. Enfatiza, por meio de uma piada que vc parece ter interpretado como discriminação de geração, a mudança para melhor nos homens de mente jovem e como os mais velhos "não têm mais jeito". Mostra como os homens - e o mundo da política, em geral - podem se beneficiar de comportamentos considerados "femininos". Em resumo, não se trata de exclusão masculina, mas de inclusão feminina (a necessidade de um grande número de mulheres em posições de poder, por ex.)

Quanto à referência à Sophia Loren, acho que ela se referiu a ela como "símbolo mundial da beleza e da paixão", não foi? Mas, dada a valorização excessiva da relação feminilidade/beleza, acho que ela tem razão em destacar que, caso nos fosse dada a escolha, seria melhor optar pelas características daquelas ilustres desconhecidas que conseguiram subverter a ordem instituída. E, convenhamos: se comparada com atrizes como Susan Sarandon ou Brigitte Bardot, Sophia Loren deixa muito a desejar em termos de aproveitar sua visibilidade para lutar por causas relevantes. Pena.

A propósito: embora também atenda pelo nome de Universidade, meu tubarão é menos metafórico do que você imagina. Nos encontramos uma vez no mar de Boa Viagem e, embora prefira mantê-lo à distância, penso nele com um certo carinho. Tomadas as devidas precauções, acho que ele é menos ameaçador do que as "suas" abelhas.

Beijão.

Tâmara disse...

Cynthia,
E' bem possi'vel que eu tenha exagerado quanto à percepção de uma visão dicotômica de Isabel Allende. Isso deve-se também, talvez, ao cara'ter enfa'tico de seu discurso. Sei la'. Mas so' volto a comentar por um detalhe de seu comenta'rio: Brigitte Bardot. E' verdade que ela luta por causas que lhe parecem relevantes, mas trata-se de alguém com uma visão absolutamente reaciona'ria e xeno'foba da ecologia e do mundo em geral. Ideologicamente pro'xima da extrema-direita francesa, vive dizendo que a França foi invadida por cultura estrangeira (muçulmana, preferencialmente), escreveu um livro para crianças sobre a pesca de focas onde os esquimo's aparecem como monstros e as madames como inocentes consumidoras, etc. Francamente, e ai' é o sujeito com seus valores e posições quem fala (não a professora de sociologia), eu preferiria que Bardot vivesse calada!
Quanto ao seu tubarão, eu tinha esquecido de Boa Viagem! Na u'ltima vez em que passeei por la', adorei assistir a turistas tirando fotos diante de um cartaz "Perigo - Tubarão", ou coisa que o valha. Você tem mesmo que cuidar dele: a indu'stria turi'stica ja' esta' se apropriando! Beijão

Cynthia disse...

Putz, morria e não sabia dessa faceta da BB. E eu que sempre associava a figura dela à proteção dos bebês focas...