terça-feira, 21 de dezembro de 2010

PELOS DIREITOS HUMANOS DE ELAINE CESAR, SEU FILHO E O TEATRO OFICINA



[Uma amiga me enviou o protesto de Zé Celso, abaixo. O assunto tem de vir a público, tem de ser discutido. Acho que devemos replicar esse texto em nossos blogs, encaminhá-lo por email, afinal, os fatos são muito preocupantes. Admirador do trabalho do Oficina, não poderia deixar de dar eco às palavras deste grande diretor. Dar visibilidade ao problema é o mínimo que se pode fazer por quem já fez tanto pelo teatro e cultura nacionais. Jonatas]

AS DIONIZÍACAS DE 17 a 20 no TEATRO DE ESTÁDIO do ex-ESTACIONAMENTO do BAÚ da FELICIDADE serão dedicadas à luta pelos DIREITOS HUMANOS DE ELAINE CESAR E À LIBERDADE ARTÍSTICA VIOLADA PELA VARA DE FAMÍLIA DE SÃO PAULO
 
São 06:16. Acordei, apesar de estar exausto por excesso de trabalho pelos trabalhos de realizar meu maior desejo em 30 anos, de apresentar a partir de 6ª feira as DIONIZÍACAS no Teatro de Estádio que levantamos no Ex-Estacionamento do Baú da Felicidade mas não  consigo dormir porque não estou mais suportando a ENORME INJUSTIÇA que a SOCIEDADE BRASILEIRA está cometendo com ELAINE CESAR, que neste momento está na UTI, correndo risco de vida.

5 comentários:

Cynthia disse...

Não conheço detalhes sobre o caso, mas me parece sintomática a dicotomia mãe-puríssima/puta (e seus derivados), acionada sempre que se quer desqualificar uma mulher (quem se lembra do caso de Giulia Gam, cujo ex-marido, Pedro Bial, fez acusações semelhantes a fim de ganhar a guarda do filho do casal?). Todas nós, mulheres, em graus variáveis já sofremos acusações deste tipo - puta, mal-amada, histérica - inclusive por parte de outras mulheres.

Pornográfico não é expor uma criança às raízes da cultura ocidental sob a forma de "grande arte": pornográfico é expô-la a este tipo de argumento sórdido em que sua mãe é considerada moralmente incapaz; é apreender material pertencente a uma instituição cultural, inviabilizando ensaios e apresentações.

É muito triste perceber que, sob certos aspectos, evoluimos tão pouco em relação à igualdade de gênero e à democracia, de forma mais geral.

Le Cazzo disse...

Muito bem colocado, Cynthia. Já vínhamos conversando sobre esse "Brasil profundo" que emergiu recentemente na campanha eleitoral. Falo "esse" porque quero crer que há mais em nossa cultura do que a intolerância, a mesquinhez moralista. Também não conheço detalhes do caso, o que sei, sei pelo depoimento de ZC. Mas que se dê ao menos espaço público para discutir esse fato que não é isolado. Jonatas

Raíza Cavalcanti disse...

Fiquei pasma com o ato de violência desse ex-marido e, pior, da "justiça" paulistana. Tratar uma artista, uma pessoa dedicada ao trabalho, como uma criminosa, invandindo sua casa, confiscando seus HD's e levando como "prova de crime" o material de um grupo teatral tombado pelo IPHAN como patrimônio cultural do Brasil, é cruel, ignorante e indignante. E enquanto a mídia cala-se diante disso, essa mãe corre risco de morte, assim como a história do teatro oficina, entregues à própria sorte diante dessa justiça machista, higienista, violenta e medieval.

Depois da tentativa da OAB paulistana de vetar o trabalho de Gil Vicente na Bienal de SP, por considerá-lo de caráter violento, agora outro atentado contra as artes é cometido: a vítima, dessa vez, é o Teatro Oficina, acusado de pornografia. Gil conseguiu driblar a violência, que acabou sendo benéfica pra ele e seu trabalho (que tornou-se um dos mais populares da Bienal). Mas como será que vai terminar essa história do Oficina? Será que com a morte dessa mãe e dos 30 anos de história do teatro Oficina, ambos afungentados por esse "pai" justiceiro e vigilante da moral e dos bons costumes do país?? Eu espero que não.

wellthon disse...

Como já percebido nas últimas eleições, e dito por Jonatas acima, vivemos num país extremamente reacionário. São Paulo que nos diga! Ataques homofobicos de filhotes da classe média conservadora, aluna de Direito da Zona Sul pedindo morte aos nordestinos...
Essa reação ao Teatro Oficina não foge a normalidade! Engraçado é que nessas horas os meios de comunicações sujos de sangue da ditadura (GLOBO, FOLHA e ESTADÂO) não dizem que isso é um ataque a liberdade...
É de se esperar.
Acho extremamente necessário uma manifestação pública via internet.

Le Cazzo disse...

Pois, então, Welthon, Raíza, repliquemos o desabafo de José Celso. É o que podemos fazer, não é? Jonatas