tag:blogger.com,1999:blog-7117674084027033081.post6091299738165390535..comments2024-02-26T22:59:27.519-03:00Comments on Que cazzo é esse?!!: Viva Pedrinho, Narizinho, Emília e tia NastáciaLe Cazzohttp://www.blogger.com/profile/01710799843215648311noreply@blogger.comBlogger14125tag:blogger.com,1999:blog-7117674084027033081.post-7603716259574575442010-12-20T19:52:24.284-03:002010-12-20T19:52:24.284-03:00Bem, fazia tempos que não lia o blog. Chamou-me at...Bem, fazia tempos que não lia o blog. Chamou-me atenção os comentários, da discussão já passada e um tanto quanto "fria", mas permitam-me requentá-la.<br />Creio que o foco do MEC, como em muitos outros casos, está equivocado. De fato, a questão do livro didático (paradidático no caso) é fundamental. Para quem não conhece de perto a realidade da escola pública, como aluno, professor, formador de professores enfim, não tem uma ideia precisa do locus que o livro ocupa nestes espaços. <br />São colocados por vezes como biblias, os professores e professoras se agarram a eles como se ali houvesse "a verdade", e a prática destes docentes é a sua utilização sem a devida apropriação crítica. Quando falamos de escolas privadas o livro é "a verdade" que além do mais deve ser bebida até a última gota.<br />Bem, lembrada a "fala" de Cynthia sobre a hermenêutica, ainda que a maior parte dos docentes do país desconheçam o significado da palavra.<br />Creio que o foco deva se voltar justamente para o processo formativo do professor. Professores mal formados, sem atualização teórica e pedagógica, com baixos salários (sim, as condições materias de existência), se sentem pouco habilitados para tal contextualização. Certa vez fui para um evento numa escola pública, discutindo a questão do ensino de história e culturas africanas no Brasil, fui indagado acerca da razão de se discutir tal temática "afinal não há racismo no Brasil", foi o que ouvi.<br />O foco do MEC é sempre o caminho mais curto, um aviso, uma advertência, uma proibição, o que seja, menos investir onde deveria ser investido. Não nego com isso os avanços, mas chamo a atenção para o que devemos realmente discutir.<br />Este processo formativo perpassa não apenas uma boa universidade, bons docentes, boa bibliotca, mas também elementos mais subjetivos, como o fato de que os cursos precisam se pensar como cursos de formação de professores, o que é raro no caso das graduações em ciências sociais, era o que outro dia estava discutindo com a Anita Handfas via e-mail.<br />Cursos que não se pensam como cursos de formação de professores (inclusive seus bachareis, já que 90% das pesquisas no Brasil são ralizadas em universidades), terã sempre esta barreira a romper, pois a forma como nos pensamos reflete na forma como olhamos para o mundo. Nós cientistas sociais sabemos bem disso, pois creio que todos após mergulharem no universo da SOCIOLOGIA, ANTROPOLOGIA e POLÍTICA somos INCAPAZES de enxergar o mundo da mesma forma.<br /><br />Amurabi OliveiraAnonymousnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7117674084027033081.post-42182815439361577102010-11-01T14:21:46.872-03:002010-11-01T14:21:46.872-03:00É, eu também vi essa notícia, Arture. E acho que o...É, eu também vi essa notícia, Arture. E acho que o Careca também. Realmente, a discussão é outra...Cynthianoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7117674084027033081.post-58164544537318478752010-11-01T00:07:00.035-03:002010-11-01T00:07:00.035-03:00Incrível, a notícia sobre a obra de Monteiro Lobat...Incrível, a notícia sobre a obra de Monteiro Lobato foi dada da seguinte forma (jornalismo profissional):<br /><br />RIO - O livro "Caçadas de Pedrinho" de Monteiro Lobato, um dos maiores autores de literatura infantil, pode ser barrado nas escolas públicas. Segundo o parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE) a obra é racista. A alegação foi aprovada por unanimidade pela Câmara de Educação Básica do CNE e foi feito a partir de denúncia da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial. O parecer do CNE será avaliado pela Secretaria de Educação Básica e a decisão final cabe ao Ministério da Educação (MEC). O livro já foi distribuído pelo próprio MEC a colégios de ensino fundamental pelo Programa Nacional de Biblioteca na Escola (PNBE).<br /><br />Ainda bem que um jornalista profissional, como Sérgio L., corrigiu a notícia. A discussão, assim, passa a ser outra.Arturnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7117674084027033081.post-57038258241810361062010-10-31T10:22:55.604-03:002010-10-31T10:22:55.604-03:00Vi hoje pela manhã que tem novo post sobre o assun...Vi hoje pela manhã que tem novo post sobre o assunto no site do Sérgio Léo (aliás, ótimo site!). O parecer do MEC, ao que tudo indica, insiste na contextualização da obra. Cito um trecho que achei relevante, retirado do site do próprio Sérgio Léo (desculpem, mas estou sem tempo de ir atrás do documento original ou de fazer uma análise detalhada do mesmo):<br /><br />b) cabe à Coordenação-Geral de Material Didático do MEC cumprir com os critérios por ela mesma estabelecidos na avaliação dos livros indicados para o PNBE, de que os mesmos primem pela ausência de preconceitos, estereótipos, não selecionando obras clássicas ou contemporâneas com tal teor;<br />c) caso algumas das obras selecionadas pelos especialistas, e que componham o acervo do PNBE, ainda apresentem preconceitos e estereótipos, tais como aqueles que foram denunciados pelo Sr. Antônio Gomes Costa Neto e pela Ouvidoria da SEPPIR, a Coordenação-Geral de Material Didático e a Secretaria de Educação Básica do MEC deverão exigir da editora responsável pela publicação a inserção no texto de apresentação de uma nota explicativa e de esclarecimentos ao leitor sobre os estudos atuais e críticos que discutam a presença de estereótipos raciais na literatura. Esta providência deverá ser solicitada em relação ao livro Caçadas de Pedrinho e deverá ser extensiva a todas as obras literárias que se encontrem em situação semelhante."<br /><br />Acho bastante razoável uma apresentação que envolva esse tipo de referência e que é bem diferente de se banir a obra ou de simplesmente rotulá-la de racista. <br /><br />Depois altero o texto do post.Cynthianoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7117674084027033081.post-68560555747491538112010-10-31T06:14:00.258-03:002010-10-31T06:14:00.258-03:00Li com minha filha uma ou duas obras de Monteiro L...Li com minha filha uma ou duas obras de Monteiro Lobato quando ela tinha sete ou oito - Reinações de Narizinho, acho, e outra coisa que não me lembro. Acho totalmente possível discutir conteúdos da obra nessa idade, mesmo antes disso. Contar, ou ler uma estória em conjunto com uma criança pode passar por uma conversa, perguntas após trechos como: "Mentira de Narizinho! Essa negra não é fada nenhuma, nem nunca foi branca. nasceu preta e ainda mais preta há de morrer", citado por Sergio Leo em seu blog. Assim: "O que você acha disso? Fadas podem ser negras? E a fadinha de Sandrina (minha filha era muito amiga de duas menininhas do Burundi), que cor ela deve ter? Como será que eles chamam fadinha lá no Borundi? Ah, não, Emília está errada etc. etc." E nada impede de comentarmos a historicidade da obra também. Crianças são muito espertas, não as subestime. Mas tudo isso implica que professores, professoras, pais e mães devam estar atentos, discutindo o que as suas crianças lêem. O grande lance da educação não é esconder, evitar temas problemáticos (eles aparecem inevitavelmente numa sociedade injusta, preconceituosa como a nossa), mas educar e fortalecer as crianças para que elas saibam enfrentá-los quando eles surgirem. Bom, é claro também que certas leituras não valem a pena, mas não creio que isso seja o caso de Lobato. JonatasLe Cazzohttps://www.blogger.com/profile/01710799843215648311noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7117674084027033081.post-33072678200278033162010-10-31T04:40:42.417-03:002010-10-31T04:40:42.417-03:00Debate complexo que gera muito pano pra manga. Acr...Debate complexo que gera muito pano pra manga. Acredito que o grande dilema do politicamente correto é como jogar a agua de banho fora, sem a criança ir junto. Esse caso do Lobato exemplifica bem isso. Li o texto do Sergio Leo e achei interessante e pelo o que entendi ele fala justamente de ler a obra levando em conta o contexto da obra. A grande pergunta é: como fazer uma contextualização sócio-histórica para uma criança de 7 anos que está aprendendo a ler? Então nao acredito que se deva excluir as obras do Sítio do Pica Pau Amarelo, mas sim saber como e quando introduzir os livros na educação escolar.Unknownhttps://www.blogger.com/profile/07485873442223059148noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7117674084027033081.post-25896841108044335022010-10-30T21:35:17.864-03:002010-10-30T21:35:17.864-03:00Eita, nem tinha visto o comentário de Jonatas. Mas...Eita, nem tinha visto o comentário de Jonatas. Mas concordo em gênero, número e grau.Cynthianoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7117674084027033081.post-47438653040708618502010-10-30T21:32:59.359-03:002010-10-30T21:32:59.359-03:00Caro Joselito,
interessantes os links que você en...Caro Joselito,<br /><br />interessantes os links que você enviou. E concordo com o Sérgio Léo quando ele diz que ler livros (como os de Lobato) "sem cuidado é perpetuar preconceitos do século passado". Eu iria ainda mais longe, e diria que lê-los sem cuidado é perpetuar preconceitos do presente. Mas uma boa leitura se faz a partir da contextualização histórica da obra, feita a partir de elementos do presente. Essa é a lição mais elementar da hermenêutica. <br /><br />Mas não concordo que "expurgar o racismo dos livros não os compromete na essência". Literatura não é somente entretenimento, mas algo que deve nos confrontar com outros contextos, até para que possamos enxergar melhor o nosso. Alterar os clássicos ou, pior, baní-los, é impossibilitar a compreensão de como chegamos até aqui.<br /><br />Sou uma defensora ardorosa de uma linguagem inclusiva e, neste sentido, de um certo grau de correção política. Faço isso em todos os meus livros e artigos e vivo chamando atenção para o uso do termo "homem" em lugar de ser humano em sala de aula. Acho que, como educadora, tenho a obrigação de chamar atenção para as desigualdades que estruturam nossa linguagem, e vice-versa - e isso às vezes envolve o uso de termos constantes do index prohibitorum da cartilha do PC radical. <br /><br />Que o MEC insista na contextualização da obra. Mas num país em que os professores fossem melhor formados, isso nem deveria ser digno de menção.Cynthianoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7117674084027033081.post-32042229870853844572010-10-30T20:56:35.560-03:002010-10-30T20:56:35.560-03:00Joselito,
Que bom ler o seu ponto de vista, bem, ...Joselito,<br /><br />Que bom ler o seu ponto de vista, bem, o ponto de vista de Leo que, talvez, você compartilhe.<br /><br />Vamos então, pelo que entendi, concordar a respeito de algo. Racismo é algo terrível e deve ser sempre objeto de crítica e de questionamento: como é que isso se torna possível? Em que contexto faz sentido? E aí podemos amadurecer acerca, não do racismo lá, no outro, mas do racismo, do preconceito, em nós próprios. E é sempre preciso enfrentá-los para amadurecer. <br /><br />Lembro-me de um amigo com quem dividi escritório durante o doutorado. Tornamo-nos amigos apesar do começo desastrado de nossa relação. Em um seminário coordenado pelo meu orientador e que versava sobre alteridade, meu amigo chegou a um momento de auto-crítica radical, com uma honestidade que me cativou. Lembro de ele ter dito em sala de aula: "Veja, sou gay e vejo diante de mim esse sul-americano que vem de uma cultura que aprendi como sendo machista, homofóbica, intolerante. Mas talvez ele não seja o filho da puta que eu espero que ele seja". Momento de tensão que se seguiu a uma gargalhada minha. Não me lembro de um exercício de auto-crítica tão fulminante, tão belo em sua falta de jeito. Tornamo-nos amigos.<br /><br />Preconceito não é para ser escondido como um tabu. É para ser exposto, entendido e criticado. E é preciso que nossos filhos (talvez você ainda não os tenha) leiam Lobato e aprendam que o melhor pode conviver com o precário, com o condeável; que um grande sujeito como o meu grande amigo Mcghee pode ser vítima de preconceitos acerca de latino americanos, afrodescendentes, como eu e ser capaz de aprender. O verdadeiro processo de educação é aquele que não tolhe o erro, mas aprende a compreendê-lo para dele retirar o acerto. Acho isso. E, por isso, acho esse negócio de censurar, rotular, colocar selos de radiotividade em Lobato uma atitude obscurantista. JonatasLe Cazzohttps://www.blogger.com/profile/01710799843215648311noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7117674084027033081.post-68689115290959250632010-10-30T19:22:15.998-03:002010-10-30T19:22:15.998-03:00The 'politically correct' controversy
htt...The 'politically correct' controversy<br /><br />http://pubs.socialistreviewindex.org.uk/isj61/molyneux.htmjoselitohttp://joselito@mailinator.comnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7117674084027033081.post-65445300359878111892010-10-30T19:13:31.875-03:002010-10-30T19:13:31.875-03:00Outro ponto de vista:
http://verbeat.org/blogs/se...Outro ponto de vista:<br /><br />http://verbeat.org/blogs/sergioleo/2010/10/o-racismo-de-monteiro-lobato-e-o-primarismo-dos-fas.htmljoselitohttp://joselito@mailinator.comnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7117674084027033081.post-46495772787740843302010-10-30T18:09:03.852-03:002010-10-30T18:09:03.852-03:00E é bom não esquecer do nome escandaloso que esse ...E é bom não esquecer do nome escandaloso que esse tal Sítio tem... JonatasLe Cazzohttps://www.blogger.com/profile/01710799843215648311noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7117674084027033081.post-49494140303923297132010-10-30T17:54:07.352-03:002010-10-30T17:54:07.352-03:00E depois, acerca de toda a obra do Sítio, é bom nã...E depois, acerca de toda a obra do Sítio, é bom não esquecer que Narizinho e Pedrinho cheiravam o pó de pirlimpimpim. Depois entravam naquela viagem, em que sabugo é sábio, boneca de pano é fala, a Grécia Clássica é revisitada etc. etc. Sério, podem reler no original, o tal pó é inalado. Eu acho que a obra deveria ser queimada em praça pública por estimular o consumo de drogas e o nome Monteiro Lobato apagado dos arquivos da literatura brasileira. JonatasLe Cazzohttps://www.blogger.com/profile/01710799843215648311noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-7117674084027033081.post-43473533249035122882010-10-30T17:35:16.681-03:002010-10-30T17:35:16.681-03:00Muito bons os comentários. O politicamente correto...Muito bons os comentários. O politicamente correto, essa forma de puritanismo, ainda dará muito trabalho.Arturnoreply@blogger.com