quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Emoção e sociabilidade em rede: uma pequena introdução sobre a sedução dos sentimentos no Facebook (trabalho em progresso)



Jonatas Ferreira[1]
Cristina Petersen Cypriano[2]
            
A capacidade de mobilização e de articulação social e política das redes de sociabilidade baseadas na Internet - tais como aquelas abrigadas pelo Facebook ou Twitter - tem despertado o interesse de diversos atores, analistas e cientistas sociais. Um exemplo disto é a atenção que este tipo de media vem despertando entre os políticos profissionais. Em 16 de outubro de 2013, o ex-presidente Lula conclamava os seus seguidores no Facebook a atuar neste novo espaço técnico da seguinte forma: “Vamos utilizar essa ferramenta fantástica que é a internet para falar do nosso projeto, mostrar o que já fizemos e, claro, ouvir críticas, sugestões e questionamentos”[3]. Comentando o livro de Manuel Castells Redes de Indignação e Esperança, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso analisava a importância da tecnologia na viabilização de protestos na Islândia, Espanha e Egito: “Por trás desses protestos está o cidadão comum informado e conectado pelas redes sociais e por toda sorte de modernas tecnologias de informação”.[4] Dada a relevância evidente deste meio sociotécnico, não admira que políticos profissionais passem a buscar o apoio de especialistas em comunicação e em redes sociais para compreender e intervir nesse novo espaço de sociabilidade. Recentemente, por exemplo, Dilma Rousseff convidou ao Palácio do Planalto Jeferson Monteiro, o criador da personagem paródica Dilma Bolada, de enorme popularidade nas redes sociais baseadas na Internet. Com 1,4 milhão de seguidores no Facebook e 26 mil no Twitter, a personagem de Monteiro pode se dar ao luxo de obter espaço na agenda da Presidente da República, precisamente no momento em que seu autor havia decidido descontinuar as postagens envolvendo sua criação.
O forte prestígio da personagem Dilma Bolada não pode, entretanto, ser avaliado apenas segundo os critérios da elevada audiência que ela obteve. Em um contexto, como é o das redes sociais on-line, onde todos os integrantes administram suas próprias páginas – pessoais ou institucionais – e se colocam como produtores de conteúdos, tanto quanto como consumidores e divulgadores, “o valor é cada vez mais calculado através da abrangência atingida por replicações, replies, menções, comentários, curtições e compartilhamentos de conteúdos”. Diferentemente do poder que se manifesta pela somatória dos seguidores, a “abrangência traduz o valor como a potência que consegue alcançar e o quanto pode mobilizar uma comunicação no interior das timelines” (Malini & Antoun, 2013, p.216). Nas comunicações em rede, os formadores de opinião se distinguem não pela contabilidade do número total de receptores, mas sim pelo cultivo da participação ativa daqueles que recebem os conteúdos postados. Sob vários aspectos, esse potencial dialógico é entendido como parte constitutiva da própria dinâmica estabelecida neste tipo de rede social. Recentemente, a propósito, os administradores do Facebook decidiram tomar medidas contra o que identificam como chamadas fraudulentas, posts de aparência sedutora, iscas (clickbaits), que, uma vez abertos, mostram conteúdo sem qualquer relação com as promessas iniciais: [5] sob uma chamada em que figura o vídeo de um terno animal de estimação, por exemplo, encontrar-se-ia uma propaganda qualquer. A identificação da fraude é possível - e este é o ponto - pela contabilização do tempo médio gasto por internauta ao abrir a chamada e pela proporção do número de comentários e compartilhamentos que esses ensejam, dada a quantidade total de acesso. A participação é sempre a atitude esperada.
Retomemos o ponto com o qual abrimos este texto. Dada sua incontestável força política e social, as mobilizações em rede também vêm ganhando uma atenção especial de um segmento das ciências sociais (ver, por exemplo, Lecomte, 2013; Dobwor, 2013; Singer, 2013). No que pese a importância desses estudos, em geral, eles compartilham de uma visão distanciada destes fenômenos, quer este afastamento seja garantido por alguma perspectiva econômica, na qual o político, o social e o cultural sempre parecem se subsumir, ou numa análise técnica que invariavelmente toma a rede como um fato dado e mesmo comparável a outros tipos de redes, como aquelas que podem ser percebidas entre insetos (a esse respeito, ver Ferreira e Fontes, 2014). Neste texto, por outro lado, procuramos recuperar um pouco dos conteúdos emocionais que forjam os “laços” e os “nós” dessas redes sociais e técnicas. Parece evidente que, a esse respeito, devemos partir de uma constatação bastante difundida entre os estudiosos da tecnologia: os engajamentos pelos quais se encadeiam as ações nas redes sociais on-line são tecidos pela interface entre seres humanos e máquinas. Os “pontos” que compõem a intrigante topologia reticular dos movimentos coletivos via Internet “são conectadas não por laços sociais per se, mas sim por vínculos sócio-técnicos. Elas são unidas por conexões tão técnicas quanto sociais” (Lash, 2001, p. 112). Daí decorre a desconcertante impressão de que “já não se sabe ao certo se existem relações específicas o bastante para serem chamadas de ‘sociais’”, ao mesmo tempo em que “o social parece diluído por toda parte e por nenhuma em particular”, como observa Latour (2012, p.19). Isso que parece um truísmo, infelizmente, não se traduz em análises que deem conta dos dois polos que compõem o fenômeno em questão.
 Entendendo as redes sociais baseadas na Internet como fenômeno socio-técnico, nossa abordagem não está à procura de pontos de origem em algum dos componentes da interface homem-máquina. Considera, antes, que trata-se de uma especial forma de relação que atualmente muitos de nós estabelecemos com as tecnologias de informação e comunicação, uma relação na qual somos autorizados e autorizamos, somos habilitados e habilitamos, somos capacitados e capacitamos a agir de forma imprevista (Latour, 2012). A partir dessa perspectiva, nossa intenção neste pequeno texto é perceber como a emoção é um componente fundamental das próprias dinâmicas sócio-técnicas – e, ao mesmo tempo, que a emoção encontra na interface entre humanos e dispositivos os ingredientes fundamentais que possibilitam e estimulam sua expressão. Tomaremos aqui o caso do Facebook como objeto de nossa análise e argumentaremos que a emoção é ali uma pressuposição do próprio dispositivo oferecido e, acreditamos, um dos motivos de seu enorme sucesso, de seu incontestável apelo. Lançado em 2004, por Mark Zuckerberg, o Facebook conta hoje com mais de 1 bilhão de usuários ativos – que utilizam a rede social ao menos uma vez ao mês –, dos quais mais de 60 milhões estão no Brasil.[6]
No que diz respeito à mediação tecnológica do Facebook, é notável o fomento à composição de coletivos de sociabilidade, considerando que esta é uma forma específica de relação social que pode ser definida, com Simmel (1983), pela mutualidade no cultivo do laço social per se, pela troca de conteúdos de cunho pessoal, pelo aspecto lúdico das interações, pelo prazer recíproco da sociação - embora finalidades instrumentais possam interferir neste processo, elas não são condições de partida para os usuários do Facebook. Assim, o site oferece um serviço que investe na sociabilidade entre seus frequentadores, na medida em que incentiva algum tipo de reciprocidade na disponibilização de conteúdos provenientes de suas vidas pessoais e promove interações em torno desses conteúdos. O fato de a emoção ser um ingrediente e uma moeda de troca importante em redes sociais como o Facebook – que nos faz pensar em uma espécie de economia da dádiva em que laços são reforçados entre aqueles capazes de mostrar uma sensibilidade afim - talvez possa ser apreciado em primeiro lugar pelo fato de os laços que a compõem serem caracterizados como laços de “amizade”. Ainda assim, não é incomum que essa reciprocidade seja rompida unilateralmente de forma a preservar de alguma forma o laço. Isso ocorre, por exemplo, quando deixamos de seguir um determinado amigo, ou deixamos de ser seguidos por ele, por atitudes julgadas inconvenientes: postar exageradamente, por vezes sobre um único assunto, mostrar opiniões ou valores considerados inadequados, etc. À importância da continuidade deste “laço fraco”, o Facebook está atento: é possível poupar um “amigo” ou “amiga” da triste verdade de que ele ou ela se tornou um chato.
Para alguns, aquilo que no Facebook “nós designamos convencionalmente pelo nome de ‘amizade’ é um tipo de ligação inteiramente específica dos ambientes sociais da Web” (Casilli, 2010: 270). Isso significaria aceitar que, embora possua a mesma nomeclatura de um vínculo social off-line, trata-se de um tipo de laço que não existe senão nas dinâmicas típicas do mundo on-line. Ao tratar de fenômenos técnicos desta natureza, todavia, é sempre importante analisar a ambiguidade dos meios que estes dão lugar, o processo de contaminação mútua que existe por exemplo entre dinâmicas off e on-line. Por isso mesmo, é importante analisar o que comumente entendemos por amizade e ver como esse valor é negociado nas redes sociais. Na língua inglesa “essa amizade assistida por computador toma o nome de friending. O neologismo designa o ato de ‘amigar’ ou de ‘tornar-se amigo de’ alguém” (Casilli, 2010: 271). Não é de se admirar que essa forma de ligação assuma o estatuto de uma ação, uma vez que abarca o movimento voluntário e persistente de tecer e manter laços on-line, sejam quais forem as motivações dos indivíduos. O convite explícito para celebrar um laço de amizade no mundo virtual – que só tem paralelo no universo infantil – dá bem uma ideia de quão significativa é a ideia de ação neste âmbito. Esse exercício de tornar-se amigo, invariavelmente, está condicionado às possibilidades e às restrições dos sistemas informáticos.
A importância do uso do termo amizade para o sucesso do Facebook está associado, de maneira intuitiva, à ideia de que se trata de um ambiente onde se fica à vontade na medida em que seus frequentadores são convidados a se assegurar da qualidade dos laços que são ali formados. A sugestão é a de que estão todos entre amigos, senão, entre amigos de amigos[7]. A escolha do nome amizade - em torno do qual parecem se constituir as dinâmicas desta rede social - é sintomática da possibilidade que certos laços sociais têm de ser mais fortes que outros.[8] Quando indagado sobre as vantagens de fazer parte desta rede, não é incomum escutar de seus usuários que a possibilidade de manter contato com pessoas distantes espacialmente ou com amigos antigos dos quais se perdeu o contato estaria entre as mais atraentes. Assim, recursos disponíveis nesta plataforma, tais como “cutucar” parecem reforçar a pretensão de intimidade e emotividade sobre os quais os laços seriam fortalecidos. Entretanto, além da postagem de conteúdos, acreditamos que as ações de “curtir”, ou seja, de manifestar apreço, admiração, ou identidade com respeito a um conteúdo, e de compartilhar esses mesmos conteúdos estejam entre as ações que mais fortalecem os laços dentro da rede.[9]
É necessário aqui afirmar que o processo de reconhecimento e obtenção de prestígio na rede são fundamentais para que as próprias redes aumentem o número de seus nós. O Facebook estimula essa atitude propondo recorrentemente novas amizades, indicando amigos de amigos que talvez o internauta gostasse de incorporar à sua rede de contatos, ou melhor, de amigos. O motivo aqui é simples: a frequência das visitas, a intensidade das interações e seu alcance são os ingredientes a partir dos quais o Facebook obtém retorno financeiro e se dispõe a manter sua plataforma gratuita. Não é segredo que, nesse site, as ligações entre os usuários são os valiosos produtos da sociabilidade. O que o indivíduo curte e compartilha serve de base para que os algoritmos que orientam o Facebook possam oferecer produtos, serviços, sob a forma de propaganda[10]. O que você gosta, aquilo com o que você se identifica, que gostaria de compartilhar, são bases mediante as quais os anunciantes do Facebook podem propor negócios, serviços. Ademais, uma base de dados com informações tão valiosas acerca de gostos, preferências, susceptibilidades afetivas, convicções políticas e morais tem valor financeiro incalculável.
Não é de admirar que um tom afetivo, por vezes mesmo acalorado, circule e se propague, em certas ocasiões de modo furioso, nesta rede social. As opiniões, certezas associadas a esses afetos passam a ser um elemento fundamental na consolidação de laços ou em seu rompimento. Opiniões políticas intoleráveis podem ser objetos de avisos do tipo: “lamento informar, mas todas as pessoas que comungam com o valor x, a opinião y, que considero absurdas, serão excluídas, bloqueadas de minhas redes de contatos”. Esse tipo de anúncio, algo impessoal, reestabelece a diferença básica que existe entre amigo e contato. Além do ato de curtir ou compartilhar, as mensagens que são trocadas quando alguém se sente particularmente tocado por um conteúdo também são importantes no estabelecimento desta dinâmica. Os selfies, ou fotos de situações da vida cotidiana, postados recebem mensagens de incentivo ou expressão de afeto que variam de uma sonora risada em internetês (“hahahaha!” ou “kakakakaka|, carinhas sorridentes ou que distribuem beijos ou piscadelas, coraçõezinhos rubros) são um recurso bastante difundido, mas também comentários como “Linda!!!”, “Own!!”, “Adorei!”, “Que gato!” etc. etc. A própria plataforma oferece um recurso inestimável na manifestação de afetos: o lembrete do dia do aniversário de pessoas de sua rede de contatos, amigos. Há sempre ocasião para mensagens inspiradas, poéticas e respostas comovidas.
A intensidade dos afetos em rede é demonstrada sobretudo por ocasião da morte de celebridades, o que sempre envolve demonstrações emocionadas de admiradores, gente que se mostra “arrasada” diante do que consideram uma perda irreparável. “Choro desde ontem pela morte desse gênio que foi Rob Williams”, “tanta gente ruim continua vivo, por que Ariano Suassuna tinha de morrer?” A compartilha desses sentimentos é algo fundamental à manutenção, intensificação, estreitamento dos laços da rede. E, evidentemente, são passíveis de se tornar uma peça de negociação política e social. A prematura morte de Eduardo Campos constituiu-se em evento de delicada negociação de afetos no Facebook. Laços reforçaram-se, romperam-se ou se esgarçaram a partir da sensibilidade demonstrada por cada um em relação ao trágico evento: aqueles que se mostraram insensíveis à morte do candidato à presidência da República suscitaram a revolta daqueles para quem a oposição política não deveria ir tão longe. Estes, por seu turno, foram acusados pelos primeiros de postura política inconsistente, quando era o caso de serem seus adversários políticos, ou de acomodação. Rupturas de laços ocorreram, independente de afinidades políticas recentes, com base em uma impossibilidade de compartilha de um mesmo pathos.
Esse tipo de comoção que se encadeia como um rastilho pelas redes sociais do Facebook traz para o site importantes subsídios para conhecer seus usuários e a maneira como eles se ligam uns aos outros através das trocas emotivas. O contágio de emoções entre os usuários do serviço foi o tema de uma polêmica pesquisa recentemente publicada. A polêmica se deu a partir da falta de esclarecimento aos participantes da pesquisa quanto à participação deles no experimento, que consistiu basicamente na manipulação, durante uma semana, dos algorítimos que definem os conteúdos que aparecem no “feed” de notícias de cada um dos 700 mil usuários que integraram a pesquisa sem, no entanto, terem sido comunicados de que participariam. A manipulação do algoritmo se deu com base no teor positivo ou negativo das emoções associadas aos conteúdos publicados nos “feeds”, de modo que, durante a semana do experimento, metade deles recebeu apenas publicações que envolvem emoções “negativas” e a outra metade teve acesso exclusivamente ao que aparece vinculado a emoções “positivas”. Ao fim do experimento, constatou-se, entre os usuários pesquisados uma tendência à publicação e ao compartilhamento de conteúdos que vinculam emoções condizentes com aquelas às quais eles tiveram acesso. Segundo os autores, os resultados do experimento demonstram que “as emoções expressas pelos outros no Facebook influenciam nossas próprias emoções”. Eles consideram ter encontrado evidências de que essas influências emocionais processam por “contágio em larga escala via redes sociais." (Kramer et alii, 2014, p. 8789).
Considerando o forte potencial de mobilização social que se dá através dos contágios emocionais nessas redes sócio-técnicas, esperamos que esse texto se mostre contagiante e seja amplamente comentado, compartilhado e curtido. J

Nota: Todas as citações de frases encontradas nos sites de redes sociais não são literais, mas sim aproximações do que tem sido publicado nesses sites.

Referências bibliográficas
CASILLI, Antonio A. Les liasons numériques: vers une nouvelle sociabilité? Paris: Éditions Du Seuil, 2010.
CASTELLS, Manuel. Redes de Indignação e esperança: movimentos sociais na era da internet. Rio de Janeiro: Zahar, 2013.
DOBWOR, Monika; José SZWAKO.“Respeitável público... Performance e organização dos movimentos antes dos protestos de 2013”. Novos Cadernos CEBRAP, 2013 no. 97, novembro: 43-55.
FERREIRA, Jonatas e Breno FONTES. ­“Ágora Eletrônica: algumas reflexões teórico-metodológicas”. Estudos de Sociologia, Vol. 14, no. 2. 2014. No prelo.
GRANOVETTER, Mark S. “The strengh of weak ties”. American Journal of Sociology, 78 (6), 1973, pp. 1360-1380.
KRAMER, Adam T. I., GILLORY, Jamie E., HANCOCK, Jeffrey T. “Experimental evidence of massive-scale emotional contagion through social networks”. PNAS, Vol. 111 (29), 2014, pp. 8788-8790.
LASH, Scott. “Technological forms of life”. Theory, Culture and Society. Vol. 18 (1), 2001.
LATOUR, Bruno. Reagregando o social: uma introdução à teoria do ator-rede. Salvador: EDUFBA, Bauru: EDUSC, 2012.
LECOMTE, Romain. 2013. “Expression politique et activisme en ligne en contexte autoritaire”. Réseaux, 5, no. 181: 51-86.
MALINI, Fábio & ANTOUN, Henrique. A internet e a rua: ciberativismo e mobilização nas redes sociais. Porto Alegre: Sulina, 2013.
SIMMEL, Georg. “Sociabilidade, um exemplo de sociologia pura ou formal”, in: MORAES FILHO, Evaristo. (Org.). Georg Simmel: sociologia. São Paulo, Ed. Ática, 1983.
SINGER, André. 2013. “Brasil, junho de 2013. Classes e ideologias cruzadas”. Novos Estudos CEBRAP, novembro: 23-40.




[1] Professor associado da UFPE.
[2] Doutora em Sociologia pela UFMG, professora do IEC-Puc Minas.
[6] Estas informnações estão disponíveis em http://tecnologia.uol.com.br/noticias/afp/2014/02/03/facebook-em-numeros.htm. Acesso em 27/08/2014.
[7] Sugestão falaciosa, como o podem comprovar alguns escândalos de proporções nacionais e que teriam como base conteúdos destinados a amigos da rede, ou seja, o caráter público da rede é algo que é cotidianamente negligenciado.
[8] Sobre as noções de força e de fraqueza dos laços em redes socias, ver o já clássico texto de Granovetter (1973).
[9] Aqui é necessário que se diga que não pretendemos reduzir a dinâmica social no âmbito do Facebook ao que a sua arquitetura estimula – não se trata de um argumento behaviorista. Trata-se de entender quais são os pressupostos técnicos dessa arquitetura, considerando que algo como um “comportamento” neste espaço não nos interessa pelo simples motivo que não podemos abstrair as qualidades reflexivas, humanas que, evidentemente, impedem que “estimulo” corresponda a “comportamento”. Por isso mesmo, o que aqui está envolvido são ações de reconhecimento do outro e de si mesmo naquilo que é expresso ao outro, ações de atribuição e de busca de prestígio pelo que se julga serem boas ideias, emoções virtuosas. Este mútuo reconhecimento, fundado na emoção, como tivemos oportunidade de propor acima, pode ser entendido como uma moeda de troca.
[10] http://youpix.virgula.uol.com.br/redes-sociais-2/nao-curtir-coisas-facebook-pode-ser-melhor-coisa-que-voce-vai-fazer-na-vida/