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domingo, 22 de maio de 2011

Sandra Harding, sobre objetividade forte e outros babados

Estamos discutindo o trabalho de Sandra Harding no Grupo de Epistemologia e Teoria Feminista. Conforme prometido em nossa última reunião, estou postando uma série de vídeos relativos a uma conferência proferida por ela em março último, na Universidade de Guelph. Infelizmente, não consegui encontrar o primeiro da série. Se alguém encontrar, por favor, coloque o link nos comentários.

Cynthia





segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Ontologia e Gênero


Agora é guerra. Artur, em uma mensagem de email privada, fez um ataque indireto a Tony Lawson, meu muso inspirador. Eu deveria responder com um ataque a Scarlett, mas me recuso a baixar o nível. Em vez disso, posto aqui um artigo, anteriormente publicado, sobre a importância de se tirar a ontologia do armário. Às armas, pois!

Cynthia


Muito da da relevância das ciências sociais tem sido avaliada em função das conseqüências políticas práticas de suas teorias ou, colocando a questão de outra forma, de sua capacidade de gerar mudanças na sociedade que possam ser consideradas benéficas para todos ou para uma parte expressiva de seus membros (Delanty, 1997). De forma geral, entretanto, a relação entre o pensamento social e sua aplicação prática tem sido mais explícita entre aquelas teorias nascidas no seio de determinados movimentos sociais, como é o caso do feminismo. Se o movimento feminista tem contribuído para a produção das ciências sociais ao chamar a atenção para temas anteriormente "invisíveis" à comunidade científica e ao sugerir que a ciência tem sido sistematicamente distorcida por causa da "cegueira de gênero", o inverso também é verdadeiro: inspiradas pela dimensão emancipatória do movimento, as teóricas feministas enfatizam as conseqüências políticas de sua produção intelectual, especialmente no que diz respeito a questões para o debate sobre o estabelecimento de políticas emancipatórias.

O compromisso com a idéia de emancipação de forma alguma está limitado à produção feminista, mas pode ser estendido a toda tradição crítica, entendida no sentido amplo de qualquer reflexão teórica que tenha uma visão crítica da sociedade e das ciências, ou que tenta explicar a emergência de seus objetos de conhecimento (Macey, 2000). Em grande medida, esta tradição baseia-se em preceitos clássicos do Iluminismo, em especial a idéia de emancipação via esclarecimento e uma concepção de sujeito capaz não só de conhecer o mundo, mas também de transformá-lo. Parte do problema é que essas idéias estão sob suspeita, o que tem gerado um ceticismo crescente em relação à possibilidade de emancipação dos sujeitos via conhecimento. Isto não apenas tem colocado um fardo excessivamente pesado sobre os ombros de cientistas sociais, cujas atividades não são especialmente justificáveis, mas também sobre os movimentos sociais, que têm perdido parte da fundamentação de suas políticas (Hamlin, 2002).

É sabido que desde os anos de 1970 a teoria feminista tem alertado para os perigos da supergeneralização ao sugerir que os valores, as experiências, os objetivos e as interpretações de grupos dominantes são apenas isso e que não há nada de intrinsecamente natural ou necessário acerca deles (Lawson, 1999). A filosofia e a epistemologia feminista, em particular, dedicam-se sobretudo à forma pela qual o gênero influencia nossas concepções de conhecimento, de sujeito cognoscente, assim como as diversas práticas de justificação dessas concepções. Sem adentrar nas especificidades das diversas tradições da epistemologia feminista, é possível afirmar que, de forma geral, todas procuram identificar as formas por meio das quais as concepções e as práticas de atribuição, aquisição e justificação do conhecimento têm sistematicamente colocado em desvantagem as mulheres e outros grupos subordinados, buscando ainda modificar essas concepções e práticas a fim de que elas possam servir aos interesses desses grupos (sua dimensão emancipatória) (Anderson, 2004).

Para diversas autoras (Flax, 1990; Harding, 1990; Fraser, 1995 e, de uma perspectiva bastante crítica, Benhabib, 1990, 1995), esse tipo de alerta para os perigos da supergeneralização tem criado uma "afinidade eletiva" entre a epistemologia feminista e diversas vertentes de epistemologia pós-moderna, embora a definição deste último termo não seja isenta de ambigüidades ou universalmente aceita (cf. Butler, 1995). A afinidade em questão refere-se a alguns pressupostos compartilhados pelo feminismo e por uma epistemologia pós-moderna que podem ser, para os nossos propósitos, resumidos nos seguintes pontos: a idéia de que nenhuma pessoa ou grupo pode sustentar uma perspectiva neutra ou "descolada" de pontos de vistas específicos; de que toda compreensão ou explicação alcançada será sempre parcial (assim como falível e transitória); de que as identidades não constituem totalidades fechadas e homogêneas. Isto significa, por outro lado, que a prática de universalizar a priori, ou de meramente pressupor ou afirmar a relevância ou validade geral de uma posição é, na melhor das hipóteses, um equívoco metodológico que tem conseqüências políticas significativas (Lawson, 1999).

Apesar disso, essas considerações têm, por vezes, ido mais longe do que muitos de seus proponentes e defensores intentaram. Ao se oporem a diversas práticas de universalização a priori, muitos teóricos acabaram por se opor a toda e qualquer prática generalizante. E uma vez que a base para se considerar uma abordagem dominante como universalmente legítima foi (corretamente) colocada em xeque, com freqüência se tem defendido uma posição relativista extrema, segundo a qual toda abordagem é tão válida, ou tão parcial, quanto qualquer outra (cf. Rorty, 1999). Essa forma de relativismo é especialmente problemática para uma teoria "crítica" que tem por principais objetivos a questão do esclarecimento e da emancipação. Além disso, algumas categorias e conceitos centrais à teoria feminista, como gênero, mulher, feminino, patriarcado etc., têm sido colocados sob suspeição por se basearem em um sistema classificatório binário, dicotômico, que não apenas privilegia um dos pólos do binarismo, mas exclui toda e qualquer alusão a termos alternativos. Assim, por exemplo, o pensamento binário impediu durante muito tempo que se concebesse a existência de sociedades com uma relativa igualdade de gênero dado que, segundo os termos do binarismo, a única alternativa possível ao patriarcado seria o matriarcado (Saffioti, 2005). Como conseqüência, a própria utilidade do termo "patriarcado" foi questionada, em vez de simplesmente se questionar seu status de universalidade e tentar delimitar suas fronteiras históricas e culturais.

Ainda mais problemática para uma teoria feminista emancipatória tem sido a suspeição acerca de sujeitos femininos, ou o próprio conceito de "mulheres". Mas para que a teoria feminista possa ser percebida como uma teoria para o empoderamento de mulheres, ela necessariamente deve fazer alusão às formas como elas têm sido sistematicamente dominadas, assim como às suas capacidades, habilidades e poderes causais que, embora historicamente constituídos, são parte integrante de sujeitos reais, e não meramente nominais (Hartsock, 1990; New, 1998). Sem uma concepção relativamente geral de um tipo de sujeito marcado por uma identidade sexual e de gênero, não importa o quão variáveis e historicamente contingentes, a teoria feminista cai por terra (o mesmo pode ser dito a respeito da epistemologia: sem um sujeito do conhecimento, não há epistemologia possível).

Por fim, a chamada "morte da metafísica" tem gerado um deslocamento importante das questões ontológicas em favor de questões epistemológicas sob o argumento de que toda e qualquer forma de ontologia científica (entendida aqui no sentido de que alguns objetos de conhecimento existem, em sua maioria, independentemente de, ou pelo menos anteriormente a, qualquer investigação científica) deve ser descartada. É este deslocamento, concebido por autores como Sandra Harding (1999) como perfeitamente compreensíveis e justificáveis na teoria feminista contemporânea, que será questionado a seguir. Em outros termos, trata-se de investigar a diferença que uma reflexão ontologicamente orientada pode fazer em relação às nossas proposições epistemológicas e teóricas, com ênfase especial em um modelo explicativo que pode ser derivado delas.

Diferentemente da perspectiva ontológica lukacsiana defendida por Heleieth Saffioti (2005), tentarei demonstrar as vantagens de uma perspectiva ontológica conhecida como realismo crítico, um tipo de realismo científico, não-representativo (ou não representacionista), que concebe a realidade como fundamentalmente (1) aberta e (2) estruturada ou estratificada, isto é, constituída de poderes causais e mecanismos subjacentes aos eventos e fenômenos observáveis. A este realismo ontológico, une-se um relativismo epistemológico (mas não judicativo) que afirma que conhecemos o mundo sob descrições irredutivelmente históricas e sociais (o que se aplica mesmo às suas posições ontológicas que são, por este motivo, sempre abertas e sujeitas a reformulações). Aplicado aos fenômenos sociais, o realismo crítico reconhece, ainda, o caráter "ação-dependente" de todo fenômeno social, isto é, sua existência depende (ao menos em parte) da agência humana intencional (Bhaskar, 1996; Lawson, 1999; Hamlin, 2000).

Inicialmente, desenvolverei essas questões tentando demonstrar como elas podem contribuir para a reflexão acerca de um dos problemas mais espinhosos do feminismo contemporâneo, que toca diretamente a questão da existência das mulheres como agentes sociais ou sujeitos de conhecimento e de mudança: a dissolução da distinção entre sexo e gênero com base na redução da ontologia à epistemologia, ou, ainda, na dissolução dos nossos objetos de conhecimento em nosso conhecimento acerca dos objetos. Por fim, apresentarei um método de formação de hipóteses explanatórias desenvolvido pelo economista britânico Tony Lawson, compatível com o realismo crítico e que possibilita recuperar a dimensão emancipatória da teoria feminista.

Para ler o artigo todo, clique aqui.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Começando por Vidas Marginalizadas: uma conversa com Sandra Harding



Por Elizabeth Hirsh e Gary A. Olson

Originalmente publicado em JAC Vol. 15 No. 2, 1995. Disponível em: http://www.jacweb.org/Archived_volumes/Text_articles/V15_I2_Hirsh_Olson_Harding.htm
Gentilmente cedido ao Cazzo por Lynn Worsham, editora do JAC
Tradução de Cynthia Hamlin, num arroubo de generosidade.

Para a filósofa da ciência Sandra Harding, as tradições dominantes da ciência ocidental sofrem de pouca de objetividade. Como uma das maiores expoentes do que tem sido chamado “teoria da perspectiva feminista” (feminist standpoint theory), Harding argumenta que a objetividade é maximizada, não ao se excluir fatores sociais da produção de conhecimento – como o método científico ocidental tem se proposto a fazer – mas, precisamente, ao se “iniciar” o processo de pesquisa de uma localização explicitamente social: a experiência vivida daquelas pessoas que foram tradicionalmente excluídas da produção de conhecimento (por exemplo, mulheres). Essa inovação metodológica volta os padrões tradicionais de ciência e de filosofia contra si mesmos por meio daquilo que Harding descreve como uma estratégia “desconstrutiva”. Ao tomar como ponto de partida – e não como um “fundamento” no sentido tradicional – a experiência de “pessoas de cor e gays, e lésbicas, e pessoas das classes trabalhadoras, e pessoas de várias etnicidades”, a epistemologia da perspectiva feminista busca produzir uma objetividade mais forte, um corpo de conhecimento mais amplamente útil e uma saída para o impasse entre o fundacionalismo, por um lado, e o relativismo, ou o experiencialismo ingênuo, por outro.

Como corolário, a teoria da perspectiva feminista implica uma obrigação epistemológica e ética por parte dos grupos dominantes de teorizar, de forma tão rigorosa quanto possível, sobre suas posições enquanto sujeitos de conhecimento socialmente situados. Transformada desta maneira em um processo que Harding chama de “reflexividade forte”, a posição dominante pode, ela própria, tornar-se um recurso positivo na produção de um conhecimento “mais amplamente útil”. Como essas formulações sugerem, a teoria da perspectiva feminista compartilha o distanciamento pós-moderno em relação às epistemologias fundacionais sem, no entanto, abandonar a busca por aquilo que Harding chama de “uma concepção mais compreensiva acerca de como as coisas funcionam”. Para Harding, o feminismo “é um pós-modernismo”, portanto, no sentido de que o pós-modernismo é “uma parte da modernidade ... uma espécie de desenvolvimento tardio da mesma”. De forma semelhante, Harding reconhece que sua própria insistência na linguagem da “objetividade forte” representa uma tentativa “calculada” de se apropriar da “retórica” dominante da ciência com o propósito de “modificar a forma como a ciência é feita”, mas também enfatiza que a noção de objetividade “apresenta possibilidades progressivas” em relação àquilo que ela chama de um sentido substantivo.

Para Harding, a análise retórica joga um papel vital nos novos estudos sobre a ciência porque estes estão tão preocupados com os “significados da ciência” para não-cientistas quanto com questões de método científico e outros tópicos mais tradicionais de análise. Ao mesmo tempo, os estudos sobre a ciência foram enriquecidos com o contato com disciplinas como a psicanálise, a retórica e a crítica literária, nas quais, por meio de contrastes com a tradição da filosofia analítica, um texto é concebido como “algo cujo significado é criado em um contexto histórico de interações com diferentes leitores e diferentes períodos históricos”. A afinidade da teoria da perspectiva feminista com essas disciplinas é talvez mais aparente na idéia de reflexividade forte, onde um sentido do papel constitutivo da audiência e da recepção é central. Harding prefere falar de “apropriação transdisciplinar” do que de “dissolução de fronteiras disciplinares”, e enfatiza que tal apropriação é “um elemento crucial na forma como o conhecimento avança”. O quadro de referência da teoria da perspectiva feminista gera insights em uma ampla gama de questões discutidas na entrevista abaixo. Por exemplo, da mesma forma que a teoria da perspectiva feminista nega que o grupo dominante detém um monopólio sobre a objetividade, Harding sugere que nenhum grupo particular detém monopólio sobre a competência (literacy) – científica ou outra. A tão propalada “crise” das competências deve ser colocada no contexto das “competências múltiplas em competição” que compreendem a cultura americana contemporânea. Além disso, Harding “inverte a metáfora” da (in)competência científica, afirmando que “as pessoas de ciência mais educadas do ocidente são incompetentes acerca da própria natureza de nossos projetos científicos” – implicitamente porque suas posições, social e historicamente situadas, permanecem inadequadamente teorizadas. A teoria da perspectiva feminista pode ser percebida como parte da luta contra a incompetência da elite. As observações de Harding sobre a experiência de ensino no ambiente das universidades públicas também são informadas pela noção de objetividade e por um sentido retórico de audiência. O professor, em tal ambiente, freqüentemente encontra um corpo de estudantes étnica e economicamente diversificado para quem suas explicações devem, para propósitos práticos, parecer não apenas compreensíveis, mas “razoáveis”. Esta pressão pedagógica e retórica a leva a dar um passo para trás e refletir sobre o quadro de referência que ela compartilha com seu próprio grupo, mais uma vez, efetivamente “invertendo” a metáfora da competência ou da responsabilidade a partir da perspectiva daqueles marginalizados por ela.

Harding sugere que a perspectiva dominante dos professores pode ser transformada na relação com uma população de estudantes heterogênea e, de forma semelhante, que a perspectiva masculina dominante pode ser transformada em um recurso positivo para a mudança e a produção de novos conhecimentos por meio de um processo de cuidadosa auto-reflexão que parte do feminismo. Mas dado que “os grupos dominantes sempre pensam que sabem melhor”, o papel dos feministas (e futuros feministas) do sexo masculino é “difícil e problemático”, assim como “crucial e ... excitante”. Ao explicitar as dimensões ética e epistemológica da teoria da perspectiva feminista, Harding afirma que “os homens terão que se decidir acerca de seus próprios feminismos, da mesma forma que as pessoas brancas terão que se decidir acerca de seu próprio antirracismo”.

Relacionado ao papel problemático dos homens no feminismo está o status problemático do próprio gênero. Assim como o conceito de “raça” para os afro-americanos, o conceito de gênero para as mulheres tem sido tanto uma fonte de opressão quanto de força. Em lugar de teorizarmos o gênero especialmente com base no modelo marxiano de classe – como algo a ser abolido – nossas discussões sobre gênero devem ser informadas por uma consciência desta história dupla, afirma Harding. Ao passo que a literatura feminista tem apresentado a noção de masculinidade “primeiramente como um problema”, seria melhor ter-se em mente a dupla natureza de todas as noções de gênero, incluindo-se “até aquelas convencionais e problemáticas”, tais como a maternidade. Além disso, como a teoria da perspectiva feminista enfatiza, a posição social a partir da qual tais articulações são efetuadas permanece sempre decisiva: uma pessoa branca dizer a uma pessoa negra que raça deve ser abolida porque é “um sistema hierárquico socialmente construído” não contesta, mas efetivamente reforça, aquela hierarquia. Harding explicitamente reconhece que a teoria da perspectiva feminista é, ela própria, “historicamente situada” e derivada de uma “tradição cientificamente embasada” e “particular” do pensamento ocidental- nomeadamente do Iluminismo, por meio do marxismo. O que a teoria da perspectiva feminista pode fazer conceitualmente, e a audiência para quem ela pode falar efetivamente, é portanto necessariamente limitado: “tentar justificar um trabalho feminista com base na teoria da perspectiva feminista ... para pesquisadores empíricos na biologia ... não é necessariamente uma boa estratégia”, ela afirma. Apesar disso, a teoria da perspectiva feminista pode contribuir para criar um sujeito novo e coletivo de conhecimento, “não o tipo de sujeito individualista que se torna gênio sozinho e nem o tipo que se junta a uma comunidade e nunca tem um pensamento fora dela”, mas um sujeito que pode “fazer história e conhecimento” de forma diferenciada.

P: A senhora escreveu muitos artigos, capítulos e livros direcionados a acadêmicos de diversas disciplinas. A senhora pensa acerca de si mesma como escritora?

R: Sim, penso. Minha professora de redação da sétima série escreveu no livrinho de memórias que seus colegas escrevem coisas quando você está para se formar, “Sandra, você será uma grande escritora”. Eu achei aquilo tão misterioso: como essa pessoa poderia saber disso? E por três décadas aquilo não significou nada para mim. Eu acho que justamente porque escrevo para pessoas em diferentes disciplinas presto muita atenção ao escrever, não apenas em dizer o que estou pensando, mas em tentar direcionar minha escrita para uma audiência ou outra e em pensar sobre o lugar de onde meus leitores vêm. Eu tento basear meus escritos nas literaturas que são familiares às pessoas para quem estou escrevendo. Assim, eu penso acerca de mim mesma como uma escritora; é um processo muito consciente. Mas eu acho que vir da filosofia analítica é um obstáculo grande, para qualquer pessoa que não os filósofos analíticos, para se tornar um bom escritor. Por um lado, sou criticada pela minha escrita: não-filósofos a acham chata e pesada. Eu lembro de uma resenha no The Nation que dizia, “infelizmente, um grande problema com este livro é seu estilo pesado”. O chefe do meu departamento disse “esse cara não lê filosofia”. Por outro lado, os filósofos não percebem minha escrita como suficientemente filosófica: ela faz uso de metáforas e faz coisas que os filósofos analíticos não devem fazer.