
Se a ontologia tem como questão principal “o que é isso?”, a epistemologia procura responder a pergunta “como posso conhecer isso?”. O problema é que para responder a segunda pergunta, o pesquisador deve ter alguma concepção, por minimalista que seja, do que é a realidade que busca conhecer. Assim, por ex., uma epistemologia empiricista radical, que defende que a verdade só pode ser alcançada por meio da observação empírica, tende a pressupor que a realidade consiste apenas de objetos observáveis, todo o resto sendo “apenas nomes”. Dado que tudo o que é observável são objetos singulares, atômicos, surge aí uma afinidade com uma ontologia nominalista nas ciências sociais. No outro lado do espectro (e existem muitas posições intermediárias), os racionalistas, ao defenderem que a razão é um caminho seguro para a construção do conhecimento, podem atribuir um status de realidade a coisas não observáveis, como essências (númenos) por trás de aparências (fenômenos), embora os autores difiram acerca da possibilidade de se conhecer essências – o que significa que uma ontologia semelhante pode vir acompanhada posições epistemológicas distintas. Neste sentido ainda que não exista uma relação mecânica e direta entre posições ontológicas e epistemológicas, algumas posições se excluem mutuamente, e qualquer autor que faça uso de proposições conflitantes mostrará essas contradições em sua teoria.
Cynthia Hamlin