quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Sociologia Musical II

Nós do PPGS levamos nosso trabalho muito a sério. Tanto que qualquer tarefa envolve pesquisas profundíssimas, como a que Paulo Marcondes vem desenvolvendo sobre o positivismo a fim de escrever a letra do Pancadão do Durkheim. Vejam só a pérola que ele nos enviou, como resultado preliminar de suas investigações sociológicas:




Positivismo
Composição: Noel Rosa / Orestes Barbosa

A verdade, meu amor, mora num poço
É Pilatos lá na Bíblia quem nos diz
E também faleceu por ter pescoço
O autor da guilhotina de Paris

A verdade, meu amor, mora num poço
É Pilatos lá na Bíblia quem nos diz
E também faleceu por ter pescoço
O infeliz autor da guilhotina de Paris

Vai, orgulhosa, querida
Mas aceita esta lição:
No câmbio incerto da vida
A libra sempre é o coração

O amor vem por princípio, a ordem por base
O progresso é que deve vir por fim
Desprezastes esta lei de Augusto Comte
E fostes ser feliz longe de mim

O amor vem por princípio, a ordem por base
O progresso é que deve vir por fim
Desprezastes esta lei de Augusto Comte
E fostes ser feliz longe de mim

Vai, coração que não vibra
Com teu juro exorbitante
Transformar mais outra libra
Em dívida flutuante
A intriga nasce num café pequeno
Que se toma pra ver quem vai pagar
Para não sentir mais o teu veneno
Foi que eu já resolvi me envenenar

3 comentários:

Anônimo disse...

Com certeza, munido dessa pérola, Paulo Marcondes alcança rapidinho Durkheim inteiro: amor/dever/autonomia - os elementos da moral. O resto em Durkheim é café pequeno,mera conseqüência. Aguardo ansiosamente o Pancadão de Durkheim: quem sabe vai até superar Noel e Orestes!
Tâmara

Cynthia disse...

Pois é, Tâmara, as expectativas são grandes de todos os lados. Paulo já anda disfarçando e mudando de assunto.

Beijo!

Anônimo disse...

Cynthia,
Eu adorei reescutar essa gravação - que eu ouvia bastante nos bons tempos de doutorado (CD da biblioteca municipal de Marseille; produção francesa sobre o samba brasileiro do ini'cio do século XX).
E realmente sou fã da ironia sutil dos compositores sobre o positivismo comteano. O samba deveria ser adotado em sala de aula (por que não pensei antes?) Torço então por Paulo Marcondes.
Beijo!
Tâmara