Géricault: Evening Landscape with an Acqueduct; 1818
Jonatas Ferreira
Proponho uma citação como ponto de partida a esse quinto post acerca da importância do Romantismo nas ciências sociais. A citação começaria com uma definição de sociedade:
“entidade moral com qualidades específicas distintas daquelas dos seres individuais que a compõem, assim como os componentes químicos têm propriedades que não devem a quaisquer de seus elementos. Se a agregação resultante dessas vagas relações de fato formassem um corpo social, haveria uma sorte de sensório comum que sobreviveria à correspondência das partes. O bem e o mal públicos não seriam apenas a soma do bem e do mal individuais, como uma simpes agregação, mas residiriam na relação que os une. Seria maior que a soma, e o bem-estar público não seria o resultado da felicidade dos indivíduos, mas antes sua fonte”.
O estudante ou a estudante de ciências sociais talvez seja tentado, ou tentada, a afirmar com uma confiança plenamente justificável se tratar de uma citação de Durkheim. Ora, já não lemos algo bastante semelhante em As Regras do Método Sociológico?... Bem, é Durkheim que afirma estarmos errados a esse respeito. Mas nem tanto assim. Essa citação é retirada pelo próprio sociólogo francês de O Contrato Social, ou, como ele mesmo referencia aquela passagem, do Manuscrito de Genebra, de Jean-Jacques Rousseau. Agora sabemos de onde ele tomou emprestado a célebre metáfora do corpo social como resultado de uma 'química' particular na qual a soma dos elementos resulta em uma totalidade com propriedades emergentes. Agradeço a Tâmara Oliveira por ter me lembrado de “O 'Contrato social' de Rousseau”, texto publicado por Émile Durkheim em 1918 na Révue de Métaphysique et de Morale (informação obtida em http://classiques.uqac.ca/), e que a Editora Madras publicou no Brasil junto com um ensaio dedicado a Montesquieu.
Quando falamos 'positivismo', entretanto, temos sempre em mente algo que não se coaduna com a cultura romântica, muito mais vocacionada para sentimentos de empatia para com o indivíduo emocional, muito mais próxima de atmosferas sombrias, que defensora da razão científica. E, de fato, a obra de Durkheim não tem relações aparentes com a do escritor de Discurso sobre as Ciências e as Artes. Mas o interesse que ele tem em ler Rousseau, a partir das idéias centrais de O Contrato Social, predispõe-nos a uma conclusão mais cautelosa. A influência que Jean-Jacques Rousseau exerce sobre o socialismo utópico e, consequentemente, no positivismo francês, também recomendariam essa cautela. O contratualismo do primeiro e dos segundos, por exemplo, não deixa dúvida de existir aqui um campo a ser explorado. Infelizmente, eu só posso aqui acenar com esta possibilidade de análise.
Poderemos, entretanto, seguir a própria leitura que Durkheim propõe de Rousseau e descobrir o interesse específico que a obra deste lhe desperta. Eu diria que dois temas são bons candidatos a estabelecer o débito intelectual de Durkheim com relação a Rousseau: a forma como a oposição cultura-natureza aparece na obra deste último e, decorrente dessa oposição, a relação indivíduo-sociedade. A primeira coisa a observar é conceder imediatamente aos eventuais céticos que O Contrato Social é uma obra particular se comparada com, digamos, o Discurso sobre a Ciência e as Artes, ou Discurso sobre a Origem da Desigualdade entre os Homens, já mencionados aqui. O caráter iconoclasta sobretudo da primeira obra chega às raias de uma condenação da civilização como um todo. E é claro que em O Contrato Social uma defesa do contrato baseado na cidadania e na razão nos colocaria muito claramente em outra direção. Há porém continuidades entre O Contrato e o Discurso sobre a Origem da Desigualdade que não devemos negligenciar.
Nas duas obras, um estado de cultura, um estado de sociedade, é pensado como uma violência, como oposição, em todo caso, ao estado de natureza. “Em suma, toda sociedade pe uma entidade artificial porque o homem não tem necessidade natual dela, pois é essencialmente um corpo organizado e porque não há corpos sociais entre os corpos naturais” (Durkheim, 2008, p. 92). E é a artificialidade da sociedade, sua condição de um acidente de uma potencialidade que poderia muito simplesmente não ter ocorrido que permitirá a Durkheim afirmar que a sociologia tem um objeto científico particular, específico, que exige um método de análise também particular e específico. O método e objeto da sociologia não se confundem com os da ciências da natureza.
Entender, com Rousseau, de que maneira o indivíduo mais pleno e livre desse estado fictício poderia ter se transformado num segundo tipo de indivíduo, menos livre, mais dependente, é uma primeira explicação a ser procurada para entender com mais propriedade a oposição natureza-cultura. Há algo aqui a ser considerado com atenção. A civilização caminha, tanto para Rousseau como para Durkheim, de mãos dadas com a privação dessa liberdade originária, que desfruta o “bom selvagem”, e a descoberta de um tipo de vida mais interdependente e limitado. Ora, isso é Rousseau, mas também é o pressuposto teórico que guia Durkheim em A Divisão do Trabalho Social. As conclusões morais que ambos retiram dessa interdependência e limitação, ou seja, do contrato, apresentam outras afinidades que merecem ser evidenciadas – como a citação que abre esse post nos ajuda a perceber. Durkheim convida-nos a entender, inicialmente, o que perdemos ao abandonar o estado de natureza.
“A impessoalidade das forças físicas e a regularidade de sua ação certamente são, na opinião de Rousseau, sinais pelos quais se pode distinguir o que é normal e fundamentado daquilo que pe anormal e acidental. Para ele, o que é bom deve ter um certo grau de necessidade. Por isso, uma das razões poelas quais ele considera mórbido o estado social é sua extrema instabilidade” (Durkheim, 2008, p. 94).
Mas, se essa instabilidade, e a perfectibilidade que lhe está atrelada, foram historicamente possíveis ao ser humano, e logicamente plausíveis para Rousseau, é que de algum modo essa instabilidade lhe é ontologicamente dada. Ou seja, o homem em estado de natureza já conhecia a potência da instabilidade e da perfectibilidade. Assim: “O equilíbrio original poderia ter se mantido indefinidamente apenas se o homem não quisesse aceitar qualquer mudança, se ele não fosse perfectível” (Ibid., p. 96). E é essa condição essencial que torna o contrato social desejável.
“Se nas sociedades atuais as relações fundamentais do estado de natueza foram perturbadas, é porque a igualdade primitiva foi substituída por desigualdades artificiais e, como resultado, os homens se tornaram dependentes uns dos outros. Se em vez de ser apropriada por indivíduos e personalizada a nova força nascida da combinação de indivíduos em sociedades fosse impessoal, os homens seriam todos iguais em relação a ela, já que nenhum deles poderia dispor dela a título privado. Assim, eles dependeriam não uns dos outros, mas de uma força que, por sua impessoalidade, seria idêntica, mutatis mutandis, às forças da natureza” (Durkheim, ibid., p. 100 e 101).
Chamamos a atenção para essa compatibilização entre interdependência e liberdade. Ao nos colocarmos como signatários do contrato social,ou seja, como cidadãos, o faríamos como seres livres. Mais profundamente, porém, essa liberdade provém fundamentalmente da inflexibilidade da lei nos faz iguais. “Mas não basta que essa força, pedra fundamental do sistema social, seja superior a todos os indivíduos: ela deve também basear-se na natureza, ou seja, sua superioridade não deve ser ficcional, mas racionalmente justificável” (Ibid., 101). Acredito que, por esse argumento, poderemos justificar de modo similar a superioridade de um modo orgânico sobre um modo mecânico de solidariedade.
A dúvida natural que se impõe à solução encontrada por Rousseau, e que acredito é apropriada por Durkheim, é: em que medida a necessidade da lei - produto humano, produto portanto de sua instabilidade essencial – e que determinaria um quociente de estabilidade, não depende de algo como uma essência humana também estável? Essa estabilidade não pode pressupõe um olhar divino, não finito, não submetido à história, à instabilidade e à perfectibilidade. Contrato se torna metafísica. Mas essa é uma crítica repisada não apenas ao positivismo francês, mas ao pensamento iluminista, por atacado.
No que pese as contradições lógicas e os fechamentos ontológicos que podem ser identificados na solução acima, concluiria esse post afirmando: acredito que a instabilidade essencial do ser humano, do indivíduo humano, seja um pressuposto ontológico plenamente compatível com a sociologia durkheimeana, no que pese seu contratualismo dar lugar a uma visão mais culturalista da sociedade do que o universalismo Rousseauiana estaria disposto a aceitar. O que não deixa de ser um fecho curioso, considerando o positivismo de um e o propalado Romantismo do outro.
[por editar]
16 comentários:
Jonatas,
Essa relação entre corpo e sociedade em Durkheim sempre me pareceu muito próxima à concepção do corpo político de Shakespeare, em Coriolanus. Especialmente agora que vc contrastou com a visão de Rousseau. Depois eu acho e coloco por aqui.
Bueno,
Espero que os especialistas em Durkheim me ajudem a afinar essa ousadia teórica. Onde está Artur? Ouvi falar que ele hoje se dedica a promover o encontro de gêmeos separados no parto...
Só uma coisa: o foco de minha observação é a ideia de emergência. Acerca da figura de um corpo político, podemos ir até Aristóteles (que eu saiba). Cito duas passagens da Política:
"No puede ponerse en duda que el Estado está naturalmente sobre la familia y sobre cada individuo, porque el todo es necesariamente superior a la parte, puesto que una vez destruido el todo, ya no hay partes, no hay pies, no hay manos, a no ser que por una pura analogía de palabras se diga una mano de piedra, porque la mano separada del cuerpo no es ya una mano real".
E a outra:
"Por lo pronto, el ser vivo se compone de un alma y de un cuerpo, hechos naturalmente aquélla para mandar y éste para obedecer. Por lo menos así lo proclama la voz de la naturaleza, que importa estudiar en los seres desenvueltos según sus leyes regulares y no en los seres degradados. Este predominio del alma es evidente en el hombre perfectamente sano de espíritu y de cuerpo, único que debemos examinar aquí. En los hombres corruptos, o dispuestos a serlo, el cuerpo parece dominar a veces como soberano sobre el alma, precisamente porque su desenvolvimiento irregular es completamente contrario a la naturaleza. Es preciso, repito, reconocer ante todo en el ser vivo la existencia de una autoridad semejante a la vez a la de un señor y a la de un magistrado; el alma manda al cuerpo como un dueño a su esclavo, y la razón manda al instinto como un magistrado, como un rey; porque, evidentemente, no puede negarse que no sea natural y bueno para el cuerpo el obedecer al alma, y para la parte sensible de nuestro ser el obedecer a la razón y a la parte inteligente. La igualdad o la dislocación del poder, que se muestra entre estos diversos elementos, sería
igualmente funesta para todos ellos".
Jonatas,
E' sempre muito bom tratar dos cla'ssicos de uma disciplina de maneira a embaralhar as classificações correntes. Os leitores do Cazzo ficam com o que refletir sobre Durkheim - e sobre Rousseau também. Valeu!
E seu texto deu-me saudades do tempo em que eu tinha que ler Durkheim todos os dias para minha dissertação. Eu quase fui especialista em Durkheim, mas fiquei com vergonha dessa possibilidade exatamente quando estudei no pai's dele: disseram-me que sociologia é pesquisa empi'rica e que refletir sobre os fundamentos conceituais so' é admissi'vel se e somente se, depois de fazer o "trabalho sujo" com os dados, o pesquisador ainda tiver espaço para florear a pesquisa com isso.
Assumindo que estou sendo um pouco caricatural acima, diria que Durkheim, embora seja um dos grandes responsa'veis por essa caricatura positivista-empiricista de certos discursos da sociologia francesa, nem sempre obedeceu ao que o seu pro'prio positivismo exigia. E não digo isso sozinha: Jean-Claude Filloux (especialista em Durkheim que trabalhou suas supostas afinidades com Freud), organizando textos de Durkheim que no Brasil têm o titulo de "A ciência social e a ação", selecionou textos em que a dimensão metafi'sica da sociologia durkheimiana aparece sem pudor e se sustentando inclusive em Pascal.
Assim, num desses textos, o quociente de estabilidade ontolo'gica que você sugere parece-me respondido por Durkheim a partir do "dualismo da natureza humana": egoi'smo e altrui'smo que, em movimento de desequili'brio/equili'brio, são a fonte da sociedade enquanto si'ntese histo'rica, ou seja, perfecti'vel, irremediavelmente desequilibra'vel/reequilibra'vel. Ou seja, o fundamento do contrato em Durkheim chamar-se-ia altrui'smo - o que explica seu horror à perspectiva liberal utilitarista de definição da sociedade.
Eu gostaria de apontar uma outra pista, mas ela esta' tão perdida em minha memo'ria de estudante de graduação que não vou me arriscar aqui. De qualquer forma, indico que ela se refere às descontinuidades rousseaunianas entre O Contrato e A Origem das Deigualdades, permitindo que alguns leitores percebam uma definição rousseauniana não contratual de sociedade - até a origem da propriedade privada. Talvez esta possi'vel leitura também tenha trabalhado a cabeça de Durkheim.
Quanto à oposição entre o culturalismo durkheimiano e o universalismo rousseauniano, é bom lembrar que Durkheim também tem um horizonte universalista. Segundo Boudon existe uma tendência atual(sobretudo em paises de li'ngua inglesa) em ler-se a sociologia durkheimiana sob uma perspectiva inteiramente relativista, enquanto que o que ha' de relativismo em Durkheim seria na verdade subordinado (coerente ou incoerentemente) às suas adesões mais firmes. Por outro lado, não se é socio'logo amigo dos socialistas da Terceira Repu'blica francesa sem partilhar certos princi'pios universalistas. Novamente, valeu.Abraço.
Tâmara,
Obrigado pelos comentários. Prometo pensar em todos eles, sobretudo no último deles. Abraço, Jonatas
Jonfer,
creio que as metáforas organicistas e o próprio conceito de emergência antecedem o romantismo, que simplesmente os utilizou em uma direção particular. Um exemplo importante (fora Platão, Aristóteles e o próprio Shakespeare - incidentemente, vc acabou com qualquer tesão pela busca da referência de Coriolanus) foi Montesquieu que, por sua vez, influenciou St. Simon, que influenciou Comte, que influenciou Durkheim. Ou seja, tem uma longa linhagem aí e Rousseau era apenas mais um...
Acho que uma forma mais profícua de se perceber a influência do romantismo sobre D. é justamente a partir das dicotomias que vc menciona entre natureza e cultura e indivíduo e sociedade (a essas, Steven Lukes adciona ainda sociologia/psicologia, regras morais/apetites sensuais, conceitos/sensações, sagrado/profano, normal/patológico).
Grande parte do projeto Durkheimiano parece recair sobre a necessidade de distinguir a sociologia da biologia e da psicologia e, neste sentido, uma das coisas mais centrais em sua distinção indivíduo/sociedade é a negação de que se possa explicar os fenômenos sociais por meio de disposições mentais, à maneira dos contratualistas, ou de tendências inatas dos seres humanos ao progresso, como fizeram Comte e Spencer. De fato, tudo o que diz respeito à constituição orgânico-psíquica do indivíduo é considerado individual; por outro lado, todas as inclinações individuais não são consideradas inerentes à natureza humana, mas resultado da organização coletiva.
Dá para se surpreender com sua solução culturalista? Além disso,
dado o racionalismo de Durkheim e o "propalado romantismo de Rousseau", por que a surpresa em relação à instabilidade e ao perfectibilismo como ontologia do ser humano em Durkheim?
Tâmara,
bem lembrada essa questão do "relativismo" em Durkheim. Se não me engano, o argumento de Boudon, baseado nas Formas, é o de que o relativismo dele é de tipo kantiano ou epistemológico, isto é, baseado na fragilidade do nosso conhecimento e não em alguma equivalência real entre sistemas culturais distintos. Também plenamente compatível com seu racionalismo...
Cynthia,
Escrevi um longo comentário respondendo às suas críticas. Deu tilt no meu computador e não consegui salvar o comentário. Vou aqui apenas retomar sucintamente alguns pontos.
1. A ideia de emergência é o que me interessa e acho que ela é nova. A metáfora acena para a química, coisa muito distante da Política e do que me lembro da República. Não li o Coriolano, mas suspeito que ali também não devemos encontrar essa novidade.
2. A ideia de emergência nos ajuda a entender como para R e D a vida em sociedade, com sua limitação e interdependência, pode constituir uma resposta superior a formas de vida menos dependentes da divisão do trabalho - e aqui o estado de natureza é um limite para R, assim como formas de vida baseadas em sol. mecânica o são para D. O argumento: se a sociedade fosse apenas uma agregado de indivíduos, se nada lhe fosse acrescentado na interdependência, de modo algum R poderia defender um contrato social (e aqui eu explicava mais detidamente) nem Durkheim poderia ter falar da estabilidade que a sociedade moderna poderia alcançar se plenamente alcançado uma forma de solidariedade que lhe é compatível. A instabilidade, antes, seria potencializada pelo número de indivíduos.
3. A influência do contratualismo em D. é realmente um problema. Eu defendia minha visão, embora a restringisse, mas não vou voltar a fazer.
4.Quanto ao culturalismo, ao contrário de me surpreender, ele é um dos elementos, junto com a ideia de um ser humano instável e perfectível, e perfectível porque instável, que me fazem falar de uma influência romântica em Durkheim. Culturalismo só é possível quando ideias românticas como espírito do povo etc. já estão bastante maduras para gerar essa tolerância cosmopolita.
E tinha mais, mas agora eu estou com preguiça. De qualquer modo, obrigado pelos comentários.
Jonatas,
Realmente, a idéia de emergência é nova e deriva da química, mas o que eu quis dizer foi que ela antecede o romantismo e é usada por não românticos, como Comte. Eu tinha um artigo muito interessante sobre este conceito, retirado da International Encyclopedia of the Social Sciences, mas perdi. Refletindo sobre isso hoje à tarde, cheguei à conclusão de que talvez você tenha razão em relação a determinados usos de uma concepção mecanicista de vida ou de organismo que se contrapõe ao vitalismo (do romantismo?). Era nesse sentido que estava pensando tanto na concepção organicista quanto na concepção de emergência como coisas que antecedem o romantismo e que são relativamente independentes dele. Isso não quer dizer que eu esteja negando uma influência romântica em Durkheim, apenas que ela deve ser interpretada com cautela e por vias mais seguras, como as dicotomias que você aponta. As metáforas orgânicas e o conceito de emergência são muito disseminados para, sozinhos, se prestarem a este papel.
Quanto à influência do culturalismo, eu tinha esquecido desses conceitos centrais do historicismo que são românticos. Estava usando o termo num sentido muito mais lato - como a influência das representações, por ex., no conhecimento. Mas continuo achando que a idéia de um perfectibilismo é plenamente compatível com, senão mesmo inerente ao, racionalismo. Neste sentido, é muito anti-romântica, não?
Mas continuemos. Isso tá ficando cada vez mais interessante.
Entendo que Comte pode ter usado a ideia de emergência, embora não saiba exatamente onde - seria útil ter a informação. Mas Rousseau é anterior. E no caso em questão, Durkheim cita este e não aquele. Quanto à questão da perfectibilidade, o que acho arretado é ela estar associada a uma instabilidade ontológica do ser humano e não à estabilidade da razão. Mas acho que a sua dúvida sobre o contrato ainda precisa ser respondida... Vou pensar. Abraço. Ah! E o lançamento do livro de Luciano foi um sucesso. Tive que esperar na fila trinta minutos antes de ter o autógrafo do famoso Oliveira. Jonatas
Mas é preciso ver a época, Jonatas. A idéia de emergência já havia sido referida por D. via Renouvier, Boutroux e o próprio Comte antes que ele fizese uma leitura de Rousseau como um precursor da sociologia, o que só acontece em cerca de 1902. Até então, Rousseau só é mencionado como representante de um individualismo político e social por sua concepção de contrato. Achei um texto bem interessante sobre isso. Se quiser, te envio.
Eita, perdi o lançamento! Fica para o próximo livro.
Bjs
Cynthia
Claro que quero, Cynthia. Por favor, envie-me o tal texto. Abraço, Jonatas
Cynthia,
Acho que o argumento de Boudon é o que você descreve, mas eu mesma tendo a ir um pouco mais longe quanto ao relativismo de Durkheim, embora admire a arte com que ele busca acomodar isso ao seu racionalismo. Mas, como estou aqui travada com um artigo que estou começando hoje, não posso usar meu tempo agora para desenvolver meu argumento. Deixemos isso para outro post em que Durkheim apareça. Abraço.
cynthia, não sei o que ocorre, mas toda vez que entro no seu blog, abre uma segunda janela de propaganda que "dá pau" no meu micro, se não fecho logo acabo tendo de desligar no botão. Por favor verifique o que é isso ou se ocorre apenas comigo...
Grato
Caro Guilhermino,
algumas pessoas já se queixaram dessa janela por aqui, mas não tenho a menor idéia de como alterar isso. Quem costumava dar umas dicas internéticas para a gente era o George Coutinho, do Outros Campos. Mas nunca mais o vi por aqui. Se alguém mais souber, por favor, diga o que fazer.
Tâmara, aguardo ansiosa seu comentário no próximo post que Artur, nosso especialista em Durkheim, vai colocar por aqui. Né, Arture?
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