domingo, 4 de abril de 2010

O Romantismo e as Ciências Sociais 6


Caspar David Friedrich: Manhã de Páscoa (ca. 1833)

Jonatas Ferreira

Recentemente, seguidores do trabalho de Alvin Gouldner (The Coming Crisis of Sociology, 1970) têm reafirmado a tese de que a feitura da sociologia tem sido marcada por dois estilos estéticos, o Classicismo e o Romantismo (OSSEWARD, 2007; DE LA FUENTE, 2007), e que é preciso compreender o peso dessa marca, dessa demarcação para procurar operar fora de sua esterilidade. Num certo sentido, essa afirmação consubstancia a importância que atribuímos à cultura Romântica no que diz respeito à emergência de uma sociologia não-positivista na Europa – e que Gouldner, Osseward e de la Fuente chamariam de não-clássica. Nossa intenção, entretanto, não é encontrar estilos, tipos-ideais, categorias, que venham a enquadrar a produção sociológica em limites epistemológicos, ou, mais propriamente, estéticos. Pelo contrário, a própria pergunta da qual partimos (“o que é mesmo Romantismo?”) indica que nosso esforço é de algum modo genealógico. A emergência do Romantismo diz respeito, por exemplo, a tensões de classe efetivas, históricas que lhe atribuem um sentido sem o qual teríamos diante de nós apenas um conceito vazio. Assim, podemos dizer, especificamente que o Romantismo de Novalis e dos irmãos Schlegel teve uma influência considerável no florescimento da hermenêutica de Schleiermacher. Em 1797, organiza-se em torno dos irmãos Schlegel um grupo de discussão do livro Teoria da Ciência, de Fichte. Além de Friedrich e August, o grupo era composto por Novalis, Tieck, Schelling e Schleiermacher (Bornheim, 2005, p. 91). E é nesse espaço que tal influência se opera.


2 comentários:

Anônimo disse...

Estou estupefata com a qualidade do texto. Muito bom!

Le Cazzo disse...

Muito obrigado, cara Anônima. Abraço, Jonatas