sábado, 7 de agosto de 2010

Tony Lawson: Reorientando a Economia Moderna



O objetivo legítimo e factível da análise econômica não é o de se tentar modelar matematicamente, talvez até na esperança de se predizer crises e afins, mas o de compreender as estruturas e mecanismos sempre relacionais que as tornam mais ou menos prováveis ou factíveis. (Tony Lawson)


Uma das características do trabalho do economista britânico Tony Lawson é uma concepção heterodoxa de economia que, ao enfatizar questões ontológicas e metodológicas, tem gerado contribuições importantes para todas as ciências sociais. Em lugar de conceber a realidade social como uma extensão do mercado, entendido como uma totalidade fechada que produz regularidades perfeitas onde o homo economicus efetua suas previsões com base em modelos matemáticos, a economia é vista como uma dimensão da sociedade, i.e., um sistema relacional de posições e disposições cuja estrutura é fundamentalmente aberta e porosa, gerando regularidades imperfeitas que são reproduzidas e modificadas por atores orientados por significados, valores, direitos, obrigações etc.

Na apresentação acima, proferida na conferência inaugural do Institute for New Economic Theory, na Universidade de Cambridge em abril de 2010, Lawson questiona se os modelos matemáticos utilizados na econometria são "rigorosamente testáveis, metáforas qualitativas ou simplesmente barreiras à entrada" de orientações plurais contrárias ao cânone acadêmico. À primeira questão, Lawson responde negativamente: embora testáveis no sentido convencional do termo, os modelos econométricos são fundamentalmente incoerentes com a realidade. À segunda, defende que, sim, os modelos matemáticos podem ser considerados metafóricos, mas não são nem as únicas metáforas possíveis, nem especialmente enriquecedoras. À terceira questão, Lawson também responde na afirmativa: o uso de modelos matemáticos representa uma espécie de passaporte de entrada no mundo acadêmico à medida que aqueles que ocupam posições de poder na academia e nos órgãos de financiamento de pesquisa deixam pouco ou nenhum espaço para o desenvolvimento de posições metodológicas alternativas.

Cynthia Hamlin

O artigo que serviu de base à apresentação pode ser baixado aqui:

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