Safiotti em palestra organizada pelo SOS Corpo e pelo PPGS/UFPE, em 2009
Faleceu hoje, em São Paulo, a socióloga Heleieth Saffioti. Seu livro A Mulher na Sociedade de Classes (1969) foi um marco nos estudos acadêmicos sobre mulheres e relações de gênero, ajudando a legitimar o feminismo como campo de estudo nas universidades brasileiras e alcançando reconhecimento internacional.
Mais conhecida por seus trabalhos acerca da relação entre patriarcado e capitalismo, nos últimos anos Saffioti incorporou diversas das críticas anti-essencialistas àquele conceito e, fiel à sua formação marxista, vinha associando o conceito de gênero à ontologia do ser social de Georg Lukács.
Professora titular de sociologia aposentada pela UNESP, publicou 12 livros no Brasil, além de um grande número de artigos na América do Norte, Europa e América Latina. Sua vida e obra serviram de inspiração ao movimento feminista, particularmente em uma época em que este, junto a outros movimentos sociais, teve uma atuação decisiva no processo de redemocratização do país.
Cynthia Hamlin
2 comentários:
Para as feministas-marxista da década de 1970 a exploração e opressão das mulheres esteve historicamente associada ao surgimento da propriedade privada e ao conflito de classe, por essa razão a subordinação feminina foi tratada como uma das manifestações da questão social. Orientadas especialmente pelos escritos de Engels, Zuleika Alambert e Heleieth Saffioti introduziram na produção acadêmica brasileira a discussão específica da opressão feminina; da naturalização da divisão sexual do trabalho; da produção doméstica; da reprodução da força de trabalho.
Reunindo comprometimento político com a emancipação da mulher e produção de conhecimento, Heleieth Saffioti é referência nos estudos e pesquisas sobre trabalho e gênero e, especialmente, uma inspiração para jovens feministas.
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