quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Entre o sim e o não, uma boa ética da discussão pode resolver: notícias de um célebre projeto de especialização no ensino médio de sociologia
















Por Tâmara de Oliveira

Em 12 de setembro último, o Cazzo contribuiu para tornar pública uma polêmica envolvendo professores, estudantes e egressos do Departamento de Ciências Sociais (DCS) da Universidade Federal de Sergipe (UFS), mas que merece a atenção de qualquer cientista social do país: aquela envolvendo o projeto MEC/CAPES de curso de "Especialização em Ensino de Sociologia no Ensino Médio - modalidade à distância." O centro de educação à distância da UFS, CESAD, aderiu ao projeto e o professor que elaborou a proposta local, membro do DCS, decidiu que o Departamento de Ciências Sociais deveria ser a primeira instância a se pronunciar sobre a mesma. Daí sua tramitação no DCS/UFS, posto que, em geral, os projetos do CESAD gozam de autonomia em relação aos departamentos de nossa universidade que, dessa forma, limitam-se a aprovar ou não a participação eventual de seus professores.

Acho que nosso colega tomou uma excelente decisão, atravessada pelo que Habermas (2003) reflete através de sua ética da discussão. Com efeito, ao invés de se proteger sob as asas de papéis institucionais que, no caso, tornavam prescindível a necessidade da aprovação departamental do projeto, ele escolheu submeter seu trabalho à discussão pelo Conselho Departamental, permitindo que a polêmica aparecesse e que os cientistas sociais da UFS se ocupassem com um assunto que, regra geral, só interessa àqueles que se envolvem mais diretamente com as licenciaturas e/ou com o ensino médio da sociologia no país.

O núcleo dessa polêmica envolveu duas variáveis importantes do ensino da sociologia no ensino médio, mas que na prática podem se chocar: o aperfeiçoamento de jovens graduados para uma melhor inserção profissional, diante da demanda crescente do ensino da sociologia e num contexto de funcionamento precário da legislação federal sobre o exercício da profissão de sociólogo; a formação continuada de professores já atuando precariamente nesse ensino. No primeiro polo da polêmica, a preocupação era que esse projeto, como formulado, legitimasse a resistência do governo estadual à abertura de vagas para sociólogos e à mudança da legislação estadual sobre o exercício do ensino médio da sociologia, ao especializar, numa só “fornada”, 150 professores para preencher carga horária, enquanto seus próprios graduados não tem oportunidade de aperfeiçoamento. No segundo polo, a preocupação referia-se a uma reivindicação antiga de profissionais envolvidos com as licenciaturas e com o ensino médio da sociologia no Brasil, qual seja a de se agir contra a fragilidade dos conteúdos ministrados – muitas vezes oscilando entre lamentáveis conteúdos da não saudosa Educação Moral e Cívica e questionáveis conteúdos de militantismo político –, através da formação continuada de professores já atuando nesse ensino.

Estávamos assim, entre os convictos de que o projeto representava um “duro golpe nos alunos licenciados” e os convencidos de que ele apenas poderia “atenuar a necessidade de formação continuada de professores já atuando”, quando houve a primeira reunião do Conselho Departamental sobre a proposta local de adesão ao projeto MEC/CAPES. Reunião histórica, cuja condução teria animado Habermas e sua teoria da ação comunicativa (1999) e, à qual já me referi aqui no Cazzo. Aquela mesma que precisou acontecer no auditório de Psicologia e Ciências Sociais, porque muita gente quis estar de corpo presente na discussão.

E foi durante essa reunião que eu fui tendo a impressão de que havia no ar algo mais grave do que a polarização entre duas posições, e que, possivelmente, estava na raiz dela própria: boa parte dos conselheiros, assim como do público da reunião, não conhecia suficientemente (ou não conhecia de jeito nenhum) o projeto em discussão. Inclusive esta que vos escreve! Fui trocando olhares com meus colegas e percebendo que muitos deles estavam como eu: mezzo perdidos/mezzo perplexos e bastante preocupados. Matutando sobre isso enquanto a discussão continuava, considerei que aprovar, reprovar ou reformular fosse lá o que fosse numa situação de tamanho desconhecimento do que estava em questão, seria uma tremenda irresponsabilidade acadêmica coletiva. Foi assim que pedi vista do processo e o justifiquei – que foi acatado pela Presidente do Conselho e recebido com alívio por aqueles que, como eu, estavam convencidos de que ainda era cedo e o clima estava muito quente para uma decisão.

Apresento a seguir as principais considerações de minha análise do projeto, da discussão e da decisão departamental, considerando que o Cazzo, por ter contribuído para tornar pública nossa polêmica, é um espaço mais do que legítimo para tornar pública sua resolução.

Enquanto lia o projeto MEC/CAPES e a proposta de adesão local UFS/CESAD, eu ia pensando: é verdade..., programas e projetos referentes a políticas públicas nos chegam cada vez mais acabados, verticalizando a interação instâncias governamentais/universidades. Surgem uns “pacotes prontos” e corremos o risco de virar meros executores de políticas das quais desconhecemos as motivações concretas e, sobretudo, as tensões entre os parceiros que as formulam e/ou sustentam. Conhecemos apenas os princípios genéricos e ideais que os animam, como por exemplo: elevar o nível do ensino médio da sociologia no país, fomentar uma educação escolar para a ética, a cidadania e a diversidade; combater a violência urbana; etc., etc. Podemos nos submeter voluntariamente ao que mal conhecemos ou desconhecemos completamente, mesmo se com as melhores intenções do mundo. Desde que eles citem democracia, direitos, diversidade, desnaturalização e tolerância, podem enfeitiçar nossa reflexividade e nos conformar bovinamente às políticas públicas. Logo nós, que, por ofício, e inspirando-me aqui no que Cynthia Hamlin (2011) comenta sobre o Realismo Crítico de Margaret Archer, deveríamos cultivar a metarreflexividade, ou seja, aquele tipo de reflexividade que desafia a comodificação e a burocratização das relações humanas.

Com efeito, embora o professor que elaborou o programa tenha convidado todos os professores da área de sociologia do departamento à participação no curso, mesmo aqueles que aceitaram e tem seu nome no projeto demonstraram, durante a polêmica, não o terem lido com suficiente atenção – ou não o terem lido de forma alguma. Não fomos suficientemente responsáveis. Como se funcionássemos por piloto automático, supomos que um projeto específico de formação continuada de professores de sociologia do ensino básico é, a priori, bom e não perdemos tempo para conhecer sua formulação e perspectivas concretas.

Todavia, inspirando-me agora no construtivismo à moda de P. Berger e Thomas Luckmann (1990), a fonte central de mudança da realidade social (tanto a objetiva quanto a subjetiva) está nos problemas, ou seja, em experiências problemáticas que põem em cheque nossas formas tipificadas/institucionalizadas de pensar, sentir e agir. Viva então aquela polêmica para cuja publicidade o Cazzo contribuiu! Tremo só em pensar que, se não fosse por ela, poderíamos ter aprovado o projeto MEC/CAPES assim, sem mais nem menos, como bons soldados acadêmicos sem tempo para pensar. Ou tê-lo reprovado sob um tipo de convicção que nunca é boa conselheira: aquela que não vem de uma argumentação fundamentada no conhecimento reflexivo do assunto em discussão, mas em informações vagas e/ou leituras apressadas. A polêmica e nossa primeira reunião nos deram tempo para conhecer o projeto, pensá-lo e assim podermos resgatar nossa responsabilidade acadêmica.

Em primeiro lugar, formulando perguntas legítimas: qual a pertinência do processo de seleção dos projetos locais, já que o da UFS/CESAD foi aprovado sem conter um diagnóstico efetivo que pudesse prognosticar seu impacto no terreno local e justificar sua execução em Sergipe? Não seria mais útil equilibrar as vagas entre regiões do interior e da Grande Aracaju (onde o número de turmas do ensino médio da sociologia é muito maior), mesmo que isso significasse alterar um ou dois dos polos de educação à distância visados? Não teria sido mais estratégico, para a CAPES, grande financiadora do aperfeiçoamento de cientistas sociais do país, num contexto em que a regulamentação da profissão de sociólogo é na prática precária, que especializações voltadas para graduados em ciências sociais fossem, se não priorizadas, pelo menos melhor contempladas pelo projeto? Ainda pensando no funcionamento precário do exercício da profissão de sociólogo, fato problemático para a viabilidade das licenciaturas em ciências sociais do país, por que o projeto pedagógico MEC/CAPES define seu público-alvo como, cito, « professores graduados que estão atuando nos sistemas públicos de ensino e ministram aulas nos Ensinos Fundamental e Médio »? Ora, com definição de tamanha amplitude, abre-se sim a possibilidade de que projetos locais de adesão contribuam ativamente para a ocupação de parte da demanda de professores de sociologia por professores de qualquer área de conhecimento que, não lecionando essa matéria, percebam que esse curso é uma oportunidade de ouro para completar sua carga horária.

Dir-se-ia que nada disso tem importância. Apenas que projetos fechados consigam aderentes, que vagas sejam ofertadas (sem nenhuma justificativa sobre sua quantidade) e verbas sejam utilizadas, em projetos rápidos e recheados de princípios ideais das entidades parceiras. Afinal de contas, a democratização do ensino superior que, no Brasil, exprime-se também pela expansão universitária, constrói-se apenas para fornecer a ilusão de inserção social, via ensino superior de jovens – como disse pertinentemente o sociólogo Stéphane Beaud (2003) sobre a democratização escolar francesa – ou para possibilitar efetivamente que eles adquiram uma profissão socioeconomicamente viável?

As perguntas acima tornavam compreensível a petição pública elaborada por estudantes e egressos para que o DCS reprovasse o projeto como estava formulado, remetendo à possibilidade de que ele dissimule uma intenção de remedeio do ensino médio de sociologia através da formação para inserção de professores de qualquer área de conhecimento no ensino da matéria, evitando assim que a demanda crescente por turmas de sociologia obrigue a abertura de vagas para graduados em ciências sociais. Ou, mesmo que não evite, oferecendo margem de manobra a governos estaduais, em sua economia política de vagas. Para analisar a pertinência dessa argumentação, tivemos que ponderar sobre a dimensão legal que envolve o ensino médio da sociologia, articulando-a a formulação do público-alvo pelo projeto de adesão local (projeto UFS/CESAD).

Neste sentido, levamos em conta o fato de que um curso de especialização lato senso não significa diploma de habilitação, mas certificado de formação aperfeiçoada em uma área de conhecimento. Ou seja, um profissional não graduado na área, apenas especializado, não será um concorrente de graduados em ciências sociais, no que diz respeito a vagas que se abram para cientistas sociais no ensino médio público. Além disso, fato manifestando que a proposta local equilibrou melhor as duas variáveis aqui já colocadas do que a do MEC/CAPES, o projeto UFS/CESAD recortou mais seu público-alvo, definindo-o como, cito, « professores graduados que estão atuando nos sistemas públicos de ensino e ministram aulas de Sociologia no Ensino Médio ». Lembramos também que o público-alvo do projeto local, professores já atuando no ensino médio da sociologia das redes públicas, não deixará mais de atuar nesse ensino – com ou sem especialização.

Sendo assim, a proposta UFS/CESAD de fornecer formação em sociologia e ciências sociais para esses professores, atendendo reivindicação antiga de profissionais envolvidos com as licenciaturas e com o ensino médio da sociologia, é mais do que legítima. Não se pode supor que 150 vagas para uma especialização à distância de professores já ensinando sociologia, possam ameaçar a abertura de vagas para habilitados na rede pública de educação. Melhor dizendo, este curso poderia apenas fornecer, ao menos idealmente, melhor conhecimento da disciplina àqueles que já a ensinam e vão continuar ensinando-a, em regiões do estado que são potencialmente recusadas por graduados em ciências sociais – como aconteceu com alguns aprovados do concurso de 2003.

Diante disso, o que continuava válido no saber pano-de-fundo (Habermas, 1999) da reivindicação de estudantes e egressos, era a constatação de que a formação de nossos licenciados na graduação ainda sofre de uma estrutura curricular pensada predominantemente para o nosso bacharelado. Sendo assim, considerar que incluir nossos egressos no público-alvo do projeto UFS/CESAD faz parte das necessidades básicas para o ensino da sociologia no ensino médio em Sergipe, é absolutamente legítimo. Justificar que as instituições formadoras e os sistemas de ensino locais tem a necessidade de reformular seu próprio público-alvo seria uma argumentação válida para propor sua alteração.

Mas a análise do projeto revelou outro problema, estrangeiro à polêmica que o envolvia até então e referente ao próprio objetivo central do MEC e da CAPES, qual seja o de fornecer formação continuada a professores já atuando no ensino médio, para melhorar a qualidade dos conteúdos e da orientação metodológico-pedagógica. Um primeiro estranhamento: por que a bibliografia do curso também está pré-determinada (embora se preveja verba para complementação bibliográfica), já que a elaboração do material didático de outros cursos do CESAD foi atribuição dos professores responsáveis pelas disciplinas? Em outros termos, porque retirar a esse ponto a autonomia de professores universitários em relação aos conteúdos que eles ensinam, justamente num curso de especialização à distância? Além disso, uma análise preliminar dos programas e bibliografias das disciplinas revelou que, se em geral os módulos são bem elaborados, as disciplinas teóricas tem conteúdos adequados e as disciplinas pedagógicas são configuradas de modo a fomentar, pelo menos potencialmente, um ensino dinâmico e dialógico, nem todas as disciplinas parecem ter recebido o mesmo cuidado na elaboração da ementa, do programa e da bibliografia. Apresentando alguns desses problemas:

a) Participação política e cidadania: além de uma profusão dificilmente administrável de temas entre a descrição geral, a ementa, os conteúdos e os objetivos, pode-se perceber uma possível identificação entre sociologia política e formação política – o que pode significar contaminação por uma das tendências preocupantes no ensino médio da sociologia no Brasil, qual seja a de sua identificação com militantismo político – estudantil, de minorias ou categorias organizadas, etc., tornando o ensino da sociologia potencialmente refém de vieses ideológicos, esses inibidores nem um pouco naturais da reflexividade – seja dos que ensinam a sociologia, seja dos que a aprendem. Ora, tendo em vista que o projeto MEC/CAPES tem como princípios norteadores do curso as noções de desnaturalização e estranhamento, princípios estes que fundamentam o olhar sociológico sobre as realidades sociais, essa possível identificação entre sociologia política e formação política os fere irremediavelmente.

b) Estrutura e mudanças sociais: enquanto a descrição, a ementa, os objetivos e os conteúdos parecem perfeitamente adequados às ambições do curso, a bibliografia parece longe de ser capaz de contemplá-los.

c) Espaço escolar: renovações teóricas importantes e fundamentais para as ambições do curso, principalmente porque são resultantes de pesquisas empíricas e comparadas, como aquelas resultantes de análises de formas contemporâneas de desigualdade e segregação sociais produzidas pela escola, demandariam uma complementação bibliográfica.

Depois de uma longa, serena e ética discussão sobre esses aspectos problemáticos e problematizados do projeto, em reunião aos 05.10.2011 (também histórica, também no auditório, diga-se de passagem), o DCS/UFS chegou a uma decisão (quinze votos a favor, nenhum contra e uma abstenção) que sintetizo a seguir:

Considerando que o projeto de curso proposto não elaborou o necessário diagnóstico das carências efetivas do sistema público de ensino médio de sociologia em Sergipe; considerando que o projeto do curso não ponderou suficientemente sobre o necessário equilíbrio local entre, por um lado, formação continuada de professores da rede pública já atuando no ensino médio de sociologia e, por outro lado, o aperfeiçoamento de nossos graduados em ciências sociais para que eles possam atender com melhor qualidade à demanda crescente do ensino médio de sociologia em Sergipe; considerando que os dois aspectos acima colocados implicam na necessidade potencial de reequilibrar o público-alvo do curso proposto; considerando que o projeto do curso não analisou os programas e bibliografias das matérias do curso, para construir necessárias complementações bibliográficas e ajustes metodológico-pedagógicos consonantes com os princípios norteadores do projeto MEC/CAPES, a saber, desnaturalização e estranhamento sociológicos; considerando que, caso reformulado, o curso proposto pode contribuir para a formação permanente dos profissionais da área de sociologia, o Conselho Departamental decide por uma aprovação condicional do projeto UFS/CESAD, ou seja, sob a condição de que seja reformulado segundo as considerações acima, por uma comissão designada pelo Conselho Departamental de Ciências Sociais da Universidade Federal de Sergipe. Designamos os membros da comissão na mesma reunião e estamos cuidando de reformulá-lo até a última reunião do ano do DCS, quando ele será novamente discutido para deliberação – reflexiva e responsavelmente, como devem agir os acadêmicos.

Bibliografia

BEAUD, S. 80% au bac...et après? Les enfants de la démocratie scolaire. Paris: La Découverte, 2003.
BERGER, P. / LUCKMANN, T. La construction sociale de la réalité. Paris: Masson/Armand Colin, 1996.
HABERMAS, J. Droit et démocratie. Paris: Gallimard, 1999.
HABERMAS, H. L’éthique de la discussion et la question de la vérité. Paris: Grasset, 2003.
HAMLIN, C. Apresentação da Conferência de Margaret Ascher no XV Congresso da Sociedade Brasileira de Sociologia. Que Cazzo é esse. Recife, jul. 2011. Disponível em: http://quecazzo.blogspot.com/2011_07_01archive.html




16 comentários:

Cynthia disse...

Boa notícia Tâmara. É sempre bom lembrar que questões espinhosas requerem discussões informadas. Democracia sem informação vira mera formalidade.

Rogerio Proença Leite disse...

Cara Tâmara,

Considero sua entrada nesse debate um ganho inconteste para todos nós. Você trouxe equilíbrio e elegância a uma polêmica que estava quase perdendo o prumo. Agradeço e a parabenizo por isso. Também julgo sua análise muito pertinente em muitos pontos, mas – me permita dizer - um pouco ingênua politicamente em um aspecto em particular. Quando o referido projeto adentrou o DCS, assim o fez para obter legitimidade, apesar do CESAD/UFS ter essa discutível autonomia para propor cursos, mesmo que sejam em rota de colisão com outros projetos acadêmicos existentes.

Não estou em acordo com essa forma de atuação da UAB na UFS e acho que ela tem trazido prejuízos pedagógicos muito sérios. Todos sabem que essa foi uma estratégia da administração para conferir autonomia ao CESAD na criação de cursos à revelia dos departamentos. Se somar a isso o apelo pouco sutil e quase indecente da concessão generalizada de bolsas para professores e tutores, temos aí um quadro bastante delicado e complexo, que joga com nossas humanas necessidades ao tempo em que tenta nos cooptar para esse perverso trem da alegria de uma expansão universitária desenfreada, ávida por números para recheio de relatórios e prestações de conta.

Acreditar que o projeto adentrou a pauta do DCS por pura obra de caridade liberal do seu autor, é de fato algo muitíssimo discutível. Se o CESAD tivesse de fato preocupação em ouvir o DCS, teria feito os professores participaram desse projeto desde o inicio. O mesmo CESAD acaba também de aprovar, nas instancias superiores, um curso de licenciatura à distancia em Ciências Sociais na UFS. Pergunto: alguém conhece o projeto ? Ele tramitou no DCS ? Discutimos esse projeto ? Simplesmente, não. De novo. Ao que parece, é mais um projeto que vem à galope, sem a mínima discussão ética habermassiana com aqueles que fazem as Ciências Sociais na UFS.

Sobre o tal projeto da especialização, acho que, lamentavelmente, o DCS perdeu uma importante oportunidade de se renovar e de inovar o debate na UFS sobre o ensino à distância: ao invés de abrir a discussão naquilo que deveria ser um amplo debate (talvez num formato de Seminário) sobre a licenciatura e o perfil (sofrível) do profissional que estamos formando, decidiu remeter o projeto do tal curso a uma comissão fechada. Uma pena.

Como essa comissão vai trabalhar esse assunto, desconectada do Núcleo Docente Estruturante, comissão que existe por lei no DCS (em todos os cursos das IES) para pensar exatamente projetos dessa natureza ?? Como essa comissão vai relacionar essa proposta com a Reforma Curricular que está tramitando no Departamento ? (aliás, assunto de pauta da próxima reunião, e novamente sem termos acesso a esse complexo material dessa Reforma. Alguém já leu ??)
Sem dúvidas precisamos aprimorar os canais de comunicabilidade que possam assegurar amplo debate e situações ideais de fala. Estamos muito longe do ideal comunicativo de Habermas...., infelizmente.

Mas que outras polêmicas venham para esclarecer obscuridades e diluir falsos consensos. E não necessariamente ao modo do discutível consenso normativo proposto pelo Habermas, mas quem sabe pela luta de Reconhecimento de Honneth ou pelo Desentendimento de Raciere.

Mas ao final, devo agradecer a você, Tâmara: fico feliz em saber que a minha polêmica, traduzida no texto “um duro golpe na licenciatura em Ciências Sociais”, publicado originalmente no facebook e depois no Cazzo, tenha de fato ajudado a “resgatar nossa responsabilidade acadêmica”.

Rogerio Proença Leite

Le Cazzo disse...

Uma explicação curta. O Cazzo até agora tem permitido o comentário anônimo, pois acreditamos que mesmo desta forma algumas pessoas sejam capazes de contribuir para uma discussão. Mas não permitiremos que o anonimato seja proteção para ofensas pessoais. Achamos mesmo que o ataque pessoal não é adequado neste espaço, quer de forma coberta ou explícita, embora eu nada tenha, em princípio, contra o tiro de pistolas contados 10 passos - mas longe dos nossos olhos, por favor.

E caso isso continue a acontecer, simplesmente cancelaremos a opção de anonimidade, o que, convenhamos, é uma solução bastante modesta diante da capacidade que certas pessoas têm de não respeitar um espaço público.

Jonatas

Cynthia disse...

Concordo com você, Jonatas. Ninguém é obrigado a concordar com o que nós ou nossos comentadores postam por aqui. Mas, uma vez que se opte por comentar, regras mínimas de civilidade terão que ser mantidas.

Tâmara disse...

Rogerio,
É possível que minha resposta será em duas partes, porque o blogger pode não vai aceitar um comentário tão longo.
Agradeço pela elegância e equilíbrio, embora a primeira não seja realmente algo que me caracterize (infelizmente) e, quanto ao segundo, sei que não foi uma postura só minha: as duas reuniões exprimiram que professores, estudantes e egressos souberam sustentá-lo durante o processo, apesar das tensões inevitáveis de um assunto polêmico.
Quanto à minha suposta ingenuidade, eu não tenho afinidades com caridade – quer seja liberal, sócio democrática, comunista, etc. E, embora não me considere um modelo de sabedoria política, permito-me discordar de você, baseando-me no que aconteceu, ao invés de especular sobre a legitimidade e suas relações probabilísticas com a ação estratégica ou instrumental. O fato, Rogerio, é que o projeto foi voluntariamente enviado à apreciação departamental, suspendendo assim aquela nefasta autonomia e permitindo que o departamento assumisse um papel ativo diante de um projeto da UFS/CESAD que, como sabemos, é uma adesão local a um projeto MEC/CAPES. E veja como isso foi de fundamental importância: você próprio, que tinha aceitado participar do projeto lecionando uma das matérias, só considerou que ele poderia implicar em danos para nossa licenciatura no momento em que o projeto estava tramitando no departamento. A tramitação parece ter chamado sua atenção à necessidade de refletir melhor sobre o projeto, comunicar aos colegas e tornar público o problema que você detectou.
Continuo no próximo comentário...

Tâmara disse...

Continuando:
No que diz respeito à sua crítica à decisão departamental, lamento que você tenha decidido não participar da segunda reunião, porque tenho certeza que sua proposta de discussão ampla sobre a educação à distância, o perfil da licenciatura e do profissional que estamos formando, teria sido recebida com a seriedade devida. Espero que o DCS possa conhecê-la e discuti-la quando você puder participar de uma reunião departamental, porque não há oportunidades perdidas: o DCS continua mantendo reuniões regulares, o núcleo docente estruturante continua funcionando e o projeto em questão não ameaça nem impede nenhum seminário amplo sobre a educação à distância. Pelo contrário, o processo de discussão departamental desse projeto abriu uma brecha saudável não apenas na autonomia problemática com a qual a UAB atua na UFS, como no caráter vertical com o qual o MEC e a CAPES elaboraram essa política de formação continuada. E tenho certeza de que você terá uma participação muito mais significativa do que a minha, nessa discussão. Com efeito, eu nunca participei de cursos à distância, enquanto sua experiência concreta no CESAD, visivelmente, tem feito você refletir sobre seus aspectos problemáticos.
Por outro lado, não entendo como você define uma comissão composta por conselheiros departamentais (três professores e duas representantes estudantis) como "comissão fechada". Como qualquer outra (inclusive o núcleo docente estruturante do qual você é membro), suas atribuições e os resultados de seus trabalhos devem ser apreciados pelo Conselho Departamental. O trabalho da comissão não foi pré-aprovado pelo DCS! Não confundamos reformulação por uma comissão com aprovação departamental do projeto.
Agora, algumas informações e outras discordâncias: a) a reforma curricular não é um material inacessível, mas o resultado de um longo processo de trabalho que começou com reuniões de setores e solidificou-se com uma comissão representativa de todos os setores do DCS. Antes de licenciar-me, participei de todas as reuniões para reforma curricular da área de sociologia e de uma reunião da comissão - embora não fosse membro, pois a comissão para reforma curricular não foi um cenáculo fechado de decisões obscuras. Além disso, como qualquer conselheiro departamental deve saber, ele pode solicitar o material da reforma antes da reunião, pedir vista do processo, etc., etc.; b) o projeto de licenciatura em ciências sociais à distância tramitou e foi aprovado pelo Departamento de Ciências Sociais - como eu estava licenciada e fora do país à época, não participei. Mas, caso não tenha havido discussão suficiente, antes de responsabilizarmos a problemática forma de atuação da UAB na UFS, deveríamos refletir sobre a assiduidade e a qualidade de nossa participação nos assuntos em pauta do departamento.
E é principalmente por isso que considero o processo da polêmica em torno do projeto MEC/CAPES e da adesão UFS/CESAD, um momento extremamente importante do DCS/UFS: ele tem posto em cheque as tendências letárgicas com as quais a dimensão burocrática de nosso trabalho nos ameaça. Reconheci publicamente, no Cazzo, a pertinência e a legitimidade dos problemas que você foi o primeiro a levantar, mas, como sei que nós não precisamos de confete, entendo que o fundamental é manter a dinâmica de discussão responsável que estamos resgatando. Abraço, Tâmara

Rogerio Proença Leite disse...

Tamara,
Como jamais imputaria qualquer cinismo em sua conduta, só posso concluir que é muita generosidade sua dizer que minhas críticas teriam sido bem recebidas pelo DCS atual. Devo confessar que não contive uma farta gargalhada ao ler isso. Nem você, Tâmara, que julgo uma interlocutora com relativo treino na discordância acadêmica, tem recebido bem minhas criticas; quiçá outros colegas encarniçados nas defesas de suas trincheiras. Se o DCS recebesse minhas criticas, nós não estávamos aqui discutido isso....

Embora não precisasse nem devesse, vou explicar-me: ausentei-me de propósito da dita reunião na qual foi apreciado seu pedido de vistas ao pedido do “celebre” curso de especialização. De propósito, repito, e não por desleixo como lamentavelmente você insinua. Ausentei-me para evitar uma certa polarização em torno no meu nome. Coisa de política de esquina, que estava a ser feito nos animados corredores da UFS.
Ademais, tenho estado presente em todas as interessantíssimas reuniões departamentais, inclusive naquelas nas quais se sente sua ausência. Mas devo igualmente reconhecer que você também é muito generosa com nosso Departamento. Tudo parece estar bem, tudo ótimo: eu é quem não tenho sido assíduo nas reuniões. Muito interessante esse ponto de vista...

O que posso dizer mais ? Contestar algumas informações suas ?
Vamos passo a passo.
1. Em suas palavras: “o DCS continua mantendo reuniões regulares”. É verdade. E cada mais interessantes. Aquelas sobre ofertas de disciplinas, então, prometem!

2. “O núcleo docente estruturante continua funcionando”. Não é verdade!. Sequer fez uma reunião de trabalho. E se se reuniu, foi graças a mais um incômodo causado pelo professor Rogerio. Essa comissão ainda não funciona, mas tenho esperança que comece e seja ouvida nas reuniões e pelos pareceristas de projetos que envolvam o curso de Ciências Sociais...um bom começo seria a sua Comissão (para “rever” o tal projeto) ouvir a minha (Núcleo Docente Estuturante). Já seria um bom começo!

Continua....

Rogerio Proença Leite disse...

Continuando...

3. “a reforma curricular não é um material inacessível”. É verdade. Mas está na pauta da próxima reunião e não circulou. Deveria ser distribuído sem que os professores tivessem que solicitar. A questão é processual. Quanto às reuniões do setor que discutiram essa reforma, você tem razão. Eu fui a poucos encontros porque na época estava estruturando o Doutorado em Sociologia. Cada um com suas tarefas. Sei que você e que vários colegas se empenharam bastante. Reconhece isso. A questão que levanto é outra: em nenhum momento foi feita uma discussão conjunta sobre a reforma como um todo. O projeto está para ser votado e não tivemos ainda acesso ao projeto global da reforma. Porque não discutimos agora ?

4. “o projeto de licenciatura em ciências sociais à distância tramitou e foi aprovado pelo Departamento de Ciências Sociais”. Tramitou ? Não é possível!. E eu nem tomei conhecimento ? Acho que estou é dormindo nas reuniões, que nem o galope consigo escutar....
Bem, poderia aqui passar horas rebatendo e debatendo animadamente cada ponto com o qual discordo e/ou concordo, mas sinceramente isso pode ser muito enfadonho. Vamos deixar essas questões tão particulares do DCS para o DCS. Talvez nossos leitores do Cazzo estejam mais interessados no debate de fundo.

Vamos ver: qual seria uma das coisas mais importantes de toda a discussão ?
Penso que, a despeito de outros importantes aspectos, um parece se destacar: a relação entre a formação ofertada pelos cursos de graduação (com ênfase, mas não de modo excludente, na licenciatura), o tipo de profissional formado e as formas de atuação profissional no mercado de trabalho. Creio que, no fundo, essa é a questão de maior relevância. Essa tríade permitiria discutimos um conjunto fundamental de assuntos relacionados à profissão do Cientistas Social.
Pois bem: convido a colega Tâmara a organizar comigo um Seminário na UFS, com um titulo mais ou menos assim: “Formação e atuação do Cientista Social”.
Creio que poderíamos fazer algo bastante interessante, para além da academia, mas com ela. Podemos ver se o DCS e o Programa de pós-graduação em Sociologia e o de Antropologia teriam interesses em promover um encontro assim. Formaríamos algumas mesas e convidaríamos outros colegas para debater o assunto conosco. Poderíamos chamar alguém da Comissão de Ensino de Sociologia da SBS, dentre outros.

Da minha parte, ponho-me à disposição para o debate público.
É só marcar hora e lugar!
Mas aqui, só na base do bate, rebate: vai cansar!

Com meu abraço,
Rogerio Proença Leite

Tâmara disse...

Sua ideia parece-me excelente, Rogerio. Lembro que conversei com colegas do núcleo docente estruturante em sua última reunião (quando inclusive um deles forneceu-me dados importantes para minha análise do projeto) e eles estavam justamente discutindo sobre os dados necessários para traçar o perfil da licenciatura, etc. Penso então que o núcleo é a instância mais adequada para organizar esse seminário, aglutinando o departamento e os dois núcleos de pós. E podem contar comigo. Abraço, Tâmara

Anônimo disse...

É como disse Robert Musil, em o Homem sem qualidades (um autor que Le Cazzo certamente conhece melhor que eu):

“Toda a gente tem o seu método de interpretar a seu favor o balanço das suas impressões, para que daí resulte de algum modo aquele mínimo de prazer necessário às suas existências quotidianas (...)”

O diabo, Le Cazzo, é que “aquilo que uma pessoa faz e sente é insignificante quando comparado com tudo o que tem de pressupor que outros fazem e sentem normalmente por ela.”

Complicando um pouco mais as coisas:

“Ninguém vive apenas o seu próprio equilíbrio, toda a gente se apoia no equilíbrio dos estratos à sua volta; deste modo, na pequena fábrica de prazer de cada pessoa intervém um sistema de crédito moral altamente complexo, (...) porque ele participa tanto do balanço espiritual da totalidade como do indivíduo.”

Anônimo disse...

De um Anônimo para outro Anônimo....o Le Cazzo vai ficar bem interessante!

Descomplicando as coisas:

De volta o próprio Musil, que certamente o Senhor ou Senhora conhece muito bem:

“Na prática, o que importa é que cada um carrega pacientemente, como um burro, a carga que lhe foi posta no lombo; e um burro que se sente um pouco mais forte do que a sua carga é um burro feliz”.

Qual a sua ?

Anônimo disse...

A minha é que não vale a pena estender esse diálogo entre burros felizes ou infelizes... Mais interessante é tentar uma estrutura da burrice! (risos)

Mas, acalmemo-nos. Vamos comemorar a República que é(?) melhor.

Beijo de um anônimo em outro anônimo.

Anônimo disse...

É uma pena que vejamos um assunto tão sério ser discutido com sociologismos e carregado de um desnecessário hermetismo conceitual em sua exposição. Entendo que o Blog seja feito por, e destinado a um público que teoricamente deveria dominar os códigos conceituais do campo da sociologia, e que deveria compreender, sem maiores problemas, o caráter "ideal" do consenso comunicativo possível na esfera pública que é proposto por Habermas, de forma muito elegante, em sua teoria da ação comunicativa. Mas por favor, “parem o mundo que eu quero descer!”

Espero que esse comentário seja visto como positivo. Acredito que o hermetismo atravanca a comunicação entre os que não detêm os códigos do nosso campo, ou entre aqueles que ainda estão em processo de formação em nossa área.

A questão do ensino de Sociologia no ensino médio é muito séria e tais variáveis levantadas pelos interlocutores do caso UFS são de extrema importância para um debate mais geral, que não leve em consideração só como se dará a formação continuada aos professores de sociologia no ensino médio, como também, qual será o público-alvo dessa especialização.

Gostaria por fim de ressaltar, que o fato de ser um curso à distância também é preocupante, visto que dentro de sua atual lógica, tal modalidade (e aquele que realmente estão comprometidos com o ensino de qualidade sabem o caráter precário desse tipo de formação) não favorece uma formação adequada a nenhum campo do saber, muito menos a sociologia.

Por fim, gostaria ainda de lançar a proposta de que os DCS de todo país organizem (pelo nível da discussão os professores da UFPE estão bem gabaritados para puxar tal discussão em Pernambuco) uma comunicação coletiva em seus departamentos que insira os principais interessados no assunto, os graduandos e graduados dos cursos de ciências sociais, que em sua maioria, ainda se encontram sem perspectivas de inserção no mercado de trabalho.

Anônimo disse...

Poder assistir a uma discussão democrática é sempre bom, e fico feliz pela saída da UFS.
Todavia, gostaria de destacar um aspecto que me chamou a atenção: "Considerando que o projeto de curso proposto não elaborou o necessário diagnóstico das carências efetivas do sistema público de ensino médio de sociologia em Sergipe".
Ora, correndo o risco de cair em uma suposição arriscada, parece-me então que algo que seria obrigação do DCS é jogado para o projeto do curso, significa dizer então que, caso nunca chegasse ao DCS da UFS tal projeto nunca este diagnóstico seria realizado, ou ao menos não foi feito até o momento? Falo isso sem nenhum demérito, uma vez que, esta é a regra, não a exceção entre os DCSs.
Contudo, tal fato aponta para o silêncio velado que se instituiu (e se institui) em torno desta questão. Possivelmente, os DCSs (no plural e não apenas o da UFS), possuem enésimos diagnósticos, mas algum que envolva o ensino de sociologia, de fato, tende a ser exceção.
Fico feliz que um projeto polêmico tenha suscitado uma discussão, porém, espero que com ou sem projetos de especialização que os DCSs passem a perceber a relevância da sociologia na educação básica, inclusive para a própria imagem pública da Sociologia, como destaca Michael DeCesare. Para a grande maioria da população brasileira o livro de sociologia do ensino médio será o único que eles terão contato, em toda a vida. Alias, sempre me questiono como podemos formar licenciados (e todos formamos independente de sermos ou não professores das disciplinas específicas da licenciatura) sem conhecer os currículos, os materiais didáticos e a realidade da sociologia no ensino médio?
Por fim, ressalto ainda que, a discussão sobre a profissão de sociólogo toca porém não se sobrepõe a discussão sobre o profissional que leciona sociologia, afinal, para o ministério do trabalho e para a federação nacional dos sociólogos nós "meros licenciados" não somos nem seremos sociólogos, alias, como atua apenas junto à licenciatura também não formo sociólogos, apenas "meros professores".
Por fim, parabenizo mais uma vez a UFS, o Rogério, por ter trazido o debate, o "Le Cazzo", pela abertura do espaço, e espero que outras questões sejam suscitadas.
Abraços

Amurabi Oliveira

Tâmara disse...

Amurabi,
Bom revê-lo por aqui, cujos comentários ao primeiro post foram importantes para a minha própria análise do projeto.
Nosso departamento não possui realmente um diagnóstico sistemático das carências do ensino da sociologia, embora nosso PIBID tenha levantado dados e feito estimativas, assim como o núcleo estruturante começa a fazê-lo (segundo seus membros me informaram em sua reunião de setembro último). Mas penso que um projeto de adesão a um edital como o do MEC/CAPES deveria, para ser selecionado, justificar a quantidade de vagas que pretende oferecer e onde, a partir de dados concretos.
Neste sentido, penso que um dos benefícios da polêmica foi ativar o DCS para acompanhar regularmente a evolução do ensino médio em Sergipe. Acredito que a decisão de reformular o projeto tem o sentido de trazê-lo para dentro do departamento e não o de pensá-lo como núcleo dos problemas de nossa licenciatura. Melhor dizendo: reformulá-lo e reapreciá-lo não vai determinar a solução desses problemas, mas, potencialmente,contribuir para que nossa licenciatura e nosso conhecimento sobre o ensino médio da sociologia sejam melhor acompanhados pelo DCS.

Anônimo disse...

Enquanto acontece e se arrasta este profícuo debate entre os nobres aqui reunidos, os acadêmicos e licenciados em Ciências Sociais na UFS continuam numa situação deplorável com um diploma na mão que serve quando muito e em poucos casos para dar aula em escolas particulares do Estado recebendo entre duzentos e seicentos reais por mês e na maioria dos casos vão ser vendedores de lojas de sapatos e de departamento, mas calma calma não ponhe aqui um tom de culpar os professores so departamento claro que não isso é uma situação do nosso querido país mas acredito que o DCS ainda não deu tudo que pode dar para a melhoria dessa situação e veja bem isso é uma opinião mera opinião.