Jonatas Ferreira e Breno Fontes
No dia 20 de junho, estávamos lá, no centro do Rio de
Janeiro, Esplanada dos Ministérios, na Conde da Boa Vista, Avenida
Paulista, e num grande número de artérias vitais dos grandes centros
urbanos do Brasil, confrontando o que surgia nas ruas com o que
noticiavam as grandes emissoras de TV. Para quem não estava de alguma
forma conectado ou conectada às mídias sociais que povoam a Internet, as
manifestações pareceram como um raio em céu azul. Em alguma medida,
todos compartilhamos certa perplexidade, todavia. Os governos federal,
estadual e municipal, 60% dos domicílios que não têm acesso à Internet,
ou os 45% dos indivíduos que nunca acessaram a Internet em suas vidas
(ver http://www.cetic.br/usuarios/tic/2012/), e mesmo aqueles que foram
às ruas, sensíveis portanto a esse tipo de mídia, não tinham uma ideia
muito exata do impacto que a mobilização, até então predominantemente
virtual, poderia ter na vida social e política de diversas cidades do
país nas semanas que se seguiram. André Singer compara esses
acontecimento a um abalo sísmico. “Porque em certo momento os protestos
adquiriram tal dimensão e energia que ficou claro estar ocorrendo algo
nas entranhas da sociedade, algo que podia sair do controle. Mas nunca restou nítido o que estava
acontecendo” (Singer, 2013, p. 24). Atônitos também estavam e estão as
grandes emissoras de TV brasileiras: um famoso âncora de telejornalismo
chegou a condenar o que se convencionou chamar de 'vandalismo', mais
especificamente, a depredação e queima de um carro da TV Record:
era preciso que os manifestantes soubessem que as emissoras de TV têm um
papel fundamental na divulgação desses protestos, ponderou o
jornalista. Havia naquele comentário muita verdade e uma discussão
premente a ser levada adiante. De um modo bastante contundente, era
mesmo o lugar político que os meios de comunicação de massa ocupam nas
sociedades contemporâneas que estava em questão naqueles protestos – e
que ali, em meio a uma pluralidade de demandas, se traduzia na
reivindicação de formas alternativas de encontrar e produzir informação,
de tornar visíveis pautas políticas, de mobilizar.
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