terça-feira, 5 de maio de 2015

AGORA ELETRÔNICA: algumas reflexões teórico-metodológicas

Jonatas Ferreira e Breno Fontes



No dia 20 de junho, estávamos lá, no centro do Rio de Janeiro, Esplanada dos Ministérios, na Conde da Boa Vista, Avenida Paulista, e num grande número de artérias vitais dos grandes centros urbanos do Brasil, confrontando o que surgia nas ruas com o que noticiavam as grandes emissoras de TV. Para quem não estava de alguma forma conectado ou conectada às mídias sociais que povoam a Internet, as manifestações pareceram como um raio em céu azul. Em alguma medida, todos compartilhamos certa perplexidade, todavia. Os governos federal, estadual e municipal, 60% dos domicílios que não têm acesso à Internet, ou os 45% dos indivíduos que nunca acessaram a Internet em suas vidas (ver http://www.cetic.br/usuarios/tic/2012/), e mesmo aqueles que foram às ruas, sensíveis portanto a esse tipo de mídia, não tinham uma ideia muito exata do impacto que a mobilização, até então predominantemente virtual, poderia ter na vida social e política de diversas cidades do país nas semanas que se seguiram. André Singer compara esses acontecimento a um abalo sísmico. “Porque em certo momento os protestos adquiriram tal dimensão e energia que ficou claro estar ocorrendo algo nas entranhas da sociedade, algo que podia sair do controle. Mas nunca restou nítido o que estava acontecendo” (Singer, 2013, p. 24). Atônitos também estavam e estão as grandes emissoras de TV brasileiras: um famoso âncora de telejornalismo chegou a condenar o que se convencionou chamar de 'vandalismo', mais especificamente, a depredação e queima de um carro da TV Record: era preciso que os manifestantes soubessem que as emissoras de TV têm um papel fundamental na divulgação desses protestos, ponderou o jornalista. Havia naquele comentário muita verdade e uma discussão premente a ser levada adiante. De um modo bastante contundente, era mesmo o lugar político que os meios de comunicação de massa ocupam nas sociedades contemporâneas que estava em questão naqueles protestos – e que ali, em meio a uma pluralidade de demandas, se traduzia na reivindicação de formas alternativas de encontrar e produzir informação, de tornar visíveis pautas políticas, de mobilizar.

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http://www.revista.ufpe.br/revsocio/index.php/revista/article/view/405/331

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