Por Judith Butler
Poucos de nós estão imunes à festividade destes dias. Os meus amigos de esquerda escrevem-me dizendo que sentem algo parecido com uma “redenção”, ou que “o país nos foi devolvido”, ou ainda que “temos um dos nossos na Casa Branca”. É claro que ao longo do dia sinto-me, tal como eles, tomada pela surpresa e a excitação, já que a idéia de ver o regime de George W. Bush pelas costas é um alívio enorme. E com a idéia de que Obama, um candidato negro, progressista e sensível muda a história, nós sentimos o cataclisma, à medida que ele produz um novo terreno. Mas pensemos atentamente neste novo terreno, mesmo que não conheçamos neste momento todos os seus contornos. A eleição de Barack Obama, ainda que não possa ser hoje completamente apreciada, é historicamente significativa, mas não é, nem pode ser, uma redenção e, se subscrevermos à forma superior de identificação que ele nos propõe (“estamos todos unidos”) ou que nós propomos (“ele é um de nós”), arriscamo-nos a acreditar que este momento político vencerá os antagonismos que são constitutivos da vida política, especialmente da atual vida política. Sempre houve bons motivos para não abraçar o ideal da “unidade nacional” e para fomentar suspeitas face a uma identificação uniforme e absoluta com um líder político. Afinal de contas, o fascismo baseava-se em parte nessa identificação com o líder, e os republicanos usam o mesmo tipo de expediente para conseguir mobilizar os afetos politicos quando, por exemplo, Elizabeth Dole, olha para a sua audiência e diz: “Adoro cada um de vocês.”
Para ler o artigo na íntegra (numa tradução não muito cuidadosa), clique aqui. Para lê-lo no original, em inglês, clique aqui.
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