terça-feira, 23 de março de 2010

Procura-se serviço de auxílio religioso para elaboração de tese de doutorado

Péricles Andrade
Prof. Adjunto do DCS-UFS; Doutor pelo PPGS da UFPE

Por estes dias recebi de uma orientanda uma mensagem com imagens cômicas. O título da mesma era “se nenhum desses resolver seus problemas... Ninguém resolverá!!!”. O conteúdo trazia algumas ofertas de serviços religiosos e alguns testemunhos. Primeiramente a escrita de alguns destes documentos necessitam de uma revisão textual, pois incomodariam qualquer professor de português. Como não é este o propósito deste pequeno texto, peço licença aos puristas da nossa língua e tentarei uma leitura noutra perspectiva.


5 comentários:

Cynthia disse...

Ei, Péricles, seja bem-vindo ao Cazzo! Ainda não tive tempo de ler seu texto, mas pelo jeitão dele, vi que você está por dentro do mercado de oferta de mandingas e congêneres.

Dava pra me indicar alguém capaz de um sortilégio poderoso contra certas organizações burocráticas ligadas às Universidades??? E também alguém que cure TPM, exaustão e bursite por LER. Um massagista também serve.

beijão

Tâmara disse...

Péricles,
Fico feliz em deixar de ser a u'nica representante do DCS/UFS a colaborar com o blog de nossos colegas mezzo pernambuco-mezzo parai'ba. Estava quase passando da hora!
E vou colocar uma du'vida que ficou com a leitura de seu texto. Se bem entendi, você trata de dois tipos de expressão religiosa - o "feiticeiro", de auto-consumo religioso;o "modelo mais institucionalizado". Depois, você vai explicar o conceito de estrutura de plausibilidade que, fundamentando um mundo religioso, sera' o critério do grau de legitimidade dos seus serviços e bens simbo'licos. Então, considerando que o modelo do "feiticeiro" é pouco institucionalizado (seus clientes podem pertencer a mundos religiosos diferentes)e que fundamenta-se no auto-consumo e não no atrelamento moral (tanto que cato'licos, evangélicos, espi'ritas, etc., podem consumir), pergunto: eu poderia entender que o conceito de estrutura de plausibilidade é menos operacional para a ana'lise dos mecanismos de legitimação das pra'ticas feiticeiras? Abraço, Tâmara

Péricles disse...

Prezada Tâmara,
agradeço pelas felicitações. Segue sua resposta, pelo menos uma tentativa. Quando adoto o conceito de feiticeiro estou utilizando uma das tipologias formuladas por Max Weber e retomadas por Pierre Bourdieu. Na taxonomia de Weber existem três tipos ideias de atores religiosos: o sacerdote, muito ligado a instituição social; o profeta, que em muitos casos seria um tipo que questiona a religião e a revoluciona; o mágico ou feiticeiro, um tipo free-lancer religioso que não necessariamente estaria vinculado institucionalmente a um único sistema religioso. Tanto o mundo construído e os serviços oferecidos pelos feiticeiros podem ser compreendidos a partir do conceito de plausibilidade. Pensemos, por exemplo, naquele célebre texto de Claude Levi-Strauss sobre a magia e feiticeiro. Obviamente o feitiço terá efeito apenas para aqueles que acreditam nele. Deste modo, mesmo entre aqueles que não estariam vinculados institucionalmente os acontecimentos religiosos (hierofanias) e os serviços ofertados só terão eficácia se forem considerados legitimados. Como, por exemplo, acreditar na capacidade mágica de Pai Arnápio ou Pai Ambrósio significa estar imbuído dos elementos que estes nos apresentam para construção do mundo.
Beijos

Péricles disse...

Prezada Cynthia, agradeço pelas felicitações. Ainda não encontrei um profissional da religião que resolva os problemas relatados. Penso que seria uma boa pesquisa. Acho que o massagista é mais fácil.
Beijos.

Le Cazzo disse...

Não precisa mais, Péricles. Roubei a acupunturista de Jonatas que, além de ótima, prefere torturar a coordenadora a um pobre professor romântico... Existe justiça, afinal!

Cynthia