Man Ray, the gift (1921)
Jonatas Ferreira
Antes de ler Infância e História, nunca havia percebido suficientemente certas nuances do artigo “Experiência e Pobreza” (1933) de Walter Benjamin. Em minhas leituras desse texto, que versa sobre o sentido da vida nas sociedades modernas, sempre prevaleceu a percepção de um humor soturno ao qual eu opunha a visão mais solar de “Obra de Arte na Época de sua Reprodutibilidade Técnica” (1936/1955). “Experiência e Pobreza” lembra muito o pessimismo com o qual Weber nos brinda em “Ciência como Vocação” (1919). Todos nos lembramos da passagem em que ele recorre a Tolstoi para concluir que a vida para o homem moderno não tem significado. Na verdade, não tenho grandes simpatias com relação ao projeto sociológico weberiano, porém essa coisa menos controlada, essa palestra proferida sob a emoção e impacto do pós-guerra, e renegada pouco tempo depois, comove pelo desespero do diagnóstico. Max Weber chuta o pau da barraca: para o homem moderno vida e morte não têm significado, ele afirma. “E não o tem porque a vida individual do homem civilizado, colocada dentro de um “progresso” infinito, segundo seu próprio sentido imanente, jamais deveria chegar ao fim; pois há sempre um passo à frente do lugar em que estamos, na marcha do progresso”. (p. 166). A palestra prossegue afirmando que, por tudo isso, na sociedade industrial, moderna, podemos cansar-nos da vida mas jamais nos saciar dela. Bem, é verdade que para chegar à radicalidade dessa conclusão, que se assemelha em muito ao que Benjamin dirá no “Experiência e Pobreza”, repito, ele nos faz entrar num calvário de considerações sobre a vida acadêmica alemã do começo do século XX. Era um chato incurável. Quem já se deu ao trabalho de ler seus ensaios metodológicos haverá de concordar comigo.
O impressionismo de Benjamin é o oposto disso. Seus textos são sempre seminais, vibrantes, embora desprovidos de preocupação com o rigor de uma demonstração científica de suas constatações. E isso certamente contribuiu para a agilidade de sua pena. Por isso mesmo ele pode dizer sem muitos prolegômenos, com simplicidade e pinceladas rápidas: uma “nova forma de miséria surgiu com esse monstruoso desenvolvimento da técnica, sobrepondo-se ao homem”. Essa é uma miséria compatível com a proliferação de vivências rasas, consumidas com a mesma voracidade e inconsequência com a qual nos movimentaríamos numa loja de departamentos: astrologia, ioga, vegetarianismo, quiromancia etc. etc., tudo está à disposição dos olhos e do estômago civilizados. Tudo está fadado à mesma aniquilação vertiginosa.
A potencialização do niilismo na cultura ocidental, sabemos categoricamente desde Nietzsche, está intimamente ligada à sociedade industrial, à sua incapacidade de fundar uma cultura a partir de valores essenciais. Heidegger, muitos anos depois, afirmará que a própria filosofia de seu tempo, e um certo sociologismo que grassaria nas sociedades tecnologicamente avançadas, aprofundam esse niilismo ao impor um olhar transcendente, distanciado sobre a vida social. O olhar do “tédio profundo” que tornaria impenetrável o mundo à nossa volta. Benjamin afirma a esse respeito:
“Pois qual o valor de todo o nosso patrimônio cultural, se a experiência não mais o vincula a nós? A horrível mixórdia de estilos e concepções do mundo do século passado mostrou-nos com tanta clareza aonde esses valores culturais podem nos conduzir, quando a experiência nos é subtraída, hipócrita ou sorrateiramente, que é hoje em dia uma prova de honradez confessar nossa pobreza. Sim, é preferível confessar que essa pobreza de experiência não é mais privada, mas de toda a humanidade. Surge assim uma nova barbárie”.
Acredito que isso que Benjamin chama “experiência” está relacionado com o que a filosofia clássica chamava “prudência”, ou seja, o aprendizado cultural que se adquire com o passar dos anos, ou ao menos é isso que se espera do ser humano quando imerso em uma cultura que entende a passagem do tempo como algo circular. Quem viveu mais nesse tipo de sociedade, tem chances de se tornar “prudente”, isto é, “experiente”. Nessa qualidade o ancião é escutado. Em Agamenon, Ésquilo expõe, de uma forma belíssima, o que caracterizaria para o homem grego a relação entre prudência e experiência. Aos mortais, Zeus abre um só caminho para a experiência, para a prudência, a saber, a dor.
Él, que abrió a los mortales
la senda del saber;
Él, que en ley convertiera
"Por el dolor a la sabiduría".
En vez de sueño rezuma dentro del pecho
un dolor que recuerda el mal antiguo.
Así, aun sin querer, le llega al hombre
la prudencia. Favor violento de los dioses
que en su augusto trono se sientan,
junto al timón!
Mas, como todos sabemos, a moderna ciência promove a quebra desse paradigma temporal. Shakespeare percebe com precisão o que viria pela frente quando, pela boca de Hamlet, sentencia no final do primeiro ato: “o tempo está fora dos gonzos”. Isto é, o tempo perdeu o seu centro e agora já não revolve sobre si, já não mede a transformação física da natureza, já não propicia prudência. Pela mão da ciência somos levados “ao progresso infinito” de que fala Weber com tanto pessimismo.
De uma maneira categórica, estamos sós. E esse sentimento de solidão, diante de uma comunidade que já não existe, e derrelição, diante de um tempo que apenas nos apresenta nossa finitude, mortalidade, está intimamente ligado ao que Benjamin chama de “pobreza”. Já não podemos confiar na sabedoria dos antigos, em sua máximas de vida, em seus provérbios. Para Benjamin, esse é um tempo sem mistério, um tempo de homens nus, de paisagens transparentes, de uma estética do vidro.
“Não é por acaso que o vidro é um material tão duro e tão liso, no qual nada se fixa. É também um material frio e sóbrio. As coisas de vidro não tem nenhuma aura. O vidro é em geral o inimigo do mistério. É também o inimigo da propriedade” (p. 117)
Mas engana-se, e eu me enganava, quem pensa que a conclusão definitiva de Benjamin nesse texto curto seja a constatação de que a narrativa já não seria possível, a experiência nos teria sido furtada e que simplesmente “ficamos pobres”. Essa nota fundamental, de fato, prevalece no texto: “Abandonamos uma depois da outra todas as peças do patrimônio humano, tivemos de empenhá-las muitas vezes a um centésimo de seu valor para recebermos em troca a moeda miúda do “atual”” (p. 119). Outras notas, no entanto, podem ser escutadas, como quando ele pergunta se a técnica não poderia propiciar um novo tipo de experiência, pergunta à qual ele retorna em “A Obra de Arte”. Evocando a obra ficcional de Scheerbart ele se questiona em “Pobreza e Experiência” “como nossos telescópios, aviões e foguetes transformaram os homens antigos em criaturas inteiramente novas, dignas de serem vistas e amadas. De resto, essas criaturas também falam uma língua inteiramente nova” (p. 117). E o parágrafo sobre Scheerbart fica ressoando desarmoniosamente no texto. O que Benjamin afinal queria com ele?
Nesse ponto, creio que a exegese agambeniana do artigo de Benjamin tenha relevância. Agamben procura abrir os espaços densos do “Pobreza e Experiência”, complementando-os, dialogando com eles, expandindo-os com novas constatações que resultam, por vezes, tão densas quanto aquelas que buscam esclarecer, ampliar. Agamben glosa o texto de Benjamin, ou seja, atua por dentro de seu “potencial de desenvolvimento”, como ele disse em 2002 numa palestra chamada “O que é um paradigma?”. E se algum sentido tem o presente texto é apenas apontar para a importância de percorrer esses dois textos e continuar esse experimento crítico que solicita, em sua densidade, uma glosa da glosa.
Assim, uma primeiro desenvolvimento do texto de Benjamin diz respeito à relação entre experiência e autoridade sobre a qual tanto se debruçou a ciência moderna. A experiência se impõe como autoridade. Para a ciência do século XVII, pensemos em Galileu ou Kepler, essa injunção é um obstáculo ao exercício crítico. No lugar da experiência de uma comunidade institucionalizada na Igreja, no recurso a filósofos da antiguidade clássica, ou cristalizada em seus provérbios e máximas de comportamento, a moderna ciência propõe o experimento e sua própria legitimação sob um novo princípio de autoridade, ou seja, a autoridade dos laboratórios, dos equipamentos, das medições sistemáticas. Mas esse tipo de autoridade é, por definição, “inexperienciável”, no sentido de que ele demanda sempre a crítica. A desconfiança com relação à autoridade da experiência faz com que prevaleça entre os modernos, também em outras esferas da vida, a outorga da experiência aos instrumentos. “Posta diante das maravilhas da terra […], a esmagadora maioria da humanidade recusa-se a experimentá-las: prefere que seja a máquina fotográfica a ter a experiência delas” (Agamben, p.23).
A postura de Agamben diante disso tudo, todavia, não é a do saudosista, mas a do filósofo que procura inquirir em que medida se “no fundo desta recusa aparentemente disparatada” não se esconderia o “germe de uma experiência futura” (Ibid.). Que experiência seria então possível ao homem moderno quando constatamos a sua nudez radical? Se uma resposta a essa pergunta for possível, ela terá de aguardar uma análise mais detida daquilo que se perde.
Por que a crítica científica mobiliza uma metafísica do sujeito incompatível com a autoridade da experiência? Porque o sujeito da ciência coloca-se numa perspectiva transcendente a todo em qualquer vivência que possa se converter em senso comum. Ele é o sujeito universal que reivindica não estar em nenhum lugar específico, mas num espaço vazio onde a objetividade se tornaria possível. “Pois a grande revolução da ciência moderna não consistiu tanto em uma alegação da experiência contra a autoridade (do argumentum ex re contra o argumentum ex verbo, que são, na realidade, inconciliáveis) quanto em referir conhecimento e experiência a um sujeito único, que nada mais é que a sua coincidência em um ponto arquimediano abstrato: o ego cogito cartesiano, a consciência” (Agamben, p. 28). Esse ego transcendente é a condição para a superação de um cisma a partir do qual o pensamento antigo operava, ou seja, entre sujeito da ciência (“impassível” e “divino”) e sujeito da experiência (cristalizado no senso comum). Um primeiro passo nessa direção é dado pela alquimia e pela astrologia que, como todos sabemos, é um momento fundamental na configuração de certas bases epistemológicas da ciência moderna. Agamben tem em mente algo particular: a confluência entre experiência e conhecimento na experiência mística:
“Porém, enquanto a coincidência de experiência e conhecimento constituía, nos mistérios, um evento inefável, que se cumpria com a morte e o renascimento do adepto emudecido, e enquanto, na alquimia, ela se efetuava no processo da Obra, da qual constituía a realização, no novo sujeito da ciência, ela torna-se não algo de indizível, mas aquilo que é já sempre dito em cada pensamento e em cada frase, ou seja, não um páthema, mas um máthema no sentido originário da palavra: isto é, algo que é sempre já imediatamente conhecido em cada ato de conhecimento, o fundamento e o sujeito de todo pensamento” (Agamben, p. 31)
Mas para que isso se consume, é necessário que a possibilidade subjetiva de conhecer e experienciar se transformem. Uma imagem dessa mudança nos é apresentada através da obra de Cervantes:
“Dom Quixote, o velho sujeito do conhecimento, foi enfeitiçado e pode apenas fazer experiência, sem jamais tê-la. Junto a ele, Sancho Pança, o velho sujeito da experiência, pode apenas ter experiência, sem jamais fazê-la” (Agamben, p. 33)
O Dom Quixote é a oportunidade de introduzir uma outra glosa ao “Pobreza e Experiência”, nomeadamente, aquela que discute o lugar da fantasia, da imaginação na cultura moderna. Lendo este primeiro ensaio de Infância e História, haveremos de lembrar de Foucault que afirma na História da Loucura, reportando-se à Descartes: uma separação clara entre razão e desrazão, entre o conhecido e o imaginado, foi um passo decisivo no sentido da consolidação da razão científica. No Discurso do Método, todos nos lembraremos, Descartes se pergunta em que medida toda aquela conversa de dúvida radical não seria um indício de que ele estivesse pirando. Descarta a possibilidade nos seguintes termos: se eu estivesse louco, seria incapaz de me colocar essa possibilidade. Ou seja, razão e desrazão não podem ocupar um mesmo espaço.
Quando escrevemos no Cazzo sobre o Romantismo alemão, mencionamos o esforço empreendido por pensadores como Fichte e Schelling no sentido de reintroduzir a imaginação como elemento fundamental da experiência do mundo natural, isto é, de uma experiência da natureza que não resultasse instrumentalizadora. Essa teria sido uma das bases de uma crítica à sociedade industrial, mas não a visão que se impôs como hegemônica. E aqui também é preciso entender o que distingue mais especificamente a cultura moderna, industrial, da cultura pré-moderna. Recorramos ao Infância e História mais uma vez: “Nada pode dar idéia da dimensão da mudança ocorrida no significado da experiência como a reviravolta que ela produz no estatuto da imaginação. Dado que a imaginação, hoje eliminada do conhecimento como sendo “irreal”, era para a antiguidade o medium por excelência do conhecimento. Enquanto mediadora entre sentido e intelecto, que torna possível, no fantasma, a união de forma sensível e intelecto possível, ela ocupa, na cultura antiga e medieval, exatamente o mesmo lugar que a nossa cultura confere à experiência [experimento?]. Longe de ser algo irreal, o mundo imaginabilis tem a sua plena realidade entre o mundo sensibilis e o mundo intellegibilis, e é, aliás, a condição de sua comunicação, ou seja, do conhecimento” (Agamben, p. 33).
Um Sintoma dessa transformação seria, para Agamben, a transformação do lugar da imaginação no discurso amoroso. Comparando Sade à poesia “trovadoresco-estilonovista” ele pode constatar uma semelhança: ambos procuram pela imaginação alcançar um “puro projeto edênico”, uma experiência de plenitude. Reduzindo o alvo de seu erotismo à condição de objetos, todavia, o desejo em Sade está fadado a não se realizar, a permanecer irremediavelmente desejante. E aniquilador enquanto tal. O que, neste sentido, Sade nos ensina a respeito de nossos envolvimentos amorosos senão a identicação dessa máquina desejante que objetiva e consome? E, para não ficarmos apenas no terreno do maldito, poderíamos nos perguntar se essa conclusão não é semelhante áquela que chega o existencialismo de Sartre. De qualquer modo, o que se apresenta aqui são algumas delimitações culturais de uma metafísica da subjetividade.
A reintrodução da imaginação como elemento fundamental do conhecimento dessa subjetividade, promovida de modo radical pela psicanálise, indica um limite fundamental desse discurso. A consciência subjetiva é lançada num tipo de experiência da inconsciência que mudará o pensamento ocidental, e da qual Agamben encontra indícios em Montaigne e Rousseau. Essa nova crise no pensamento ocidental é a possibilidade de entender os elementos linguísticos que permeiam o próprio cogitare cartesiano, base dessa metafísica. E é, portanto, uma superação da metafísica do sujeito, a superação de um pensamento em que sujeitos transcendentes são confrontados com objetos vazios de significado que o texto benjaminiano já reivindica sem ter à sua disposição uma virada linguística que o auxiliasse nessa tarefa. Mas se Agamben recorrerá a Benveniste como base de suas reflexões acerca das implicações linguísticas de “Pobreza e Experiência”, será a sombra de Heidegger que marcará essa reflexão. Mesmo quando ele aparentemente discorda dos termos em que Heidegger afirma a centralidade da linguagem para a filosofia, será para afirmar uma afinidade mais profunda. E é precisamente essa afinidade que lhe permite resgatar o sentido possível de uma nova experiência, baseada em nossa nudez radical. Ele afirma: “Os animais não entram na língua: já estão sempre nela. O homem, ao invés disso, na medida em que tem uma infância, em que já não é sempre falante, cinde essa língua una e apresenta-se como aquele que, para falar, deve constituir-se como sujeito da linguagem, deve dizer eu” (Agamben, p. 64). Apenas mediante a pobreza de nossa experiência seria possível constatar que o que nos diferencia dos animais não é estarmos em uma língua, mas estarmos sempre no processo de entrar nela. Em outras palavras, a língua não nos é dada, estamos sempre em processo de alcançá-la, de entrar em seu espaço. A língua é nossa questão, estamos sempre retornando à sua infância. É precisamente a possibilidade de dizer “eu” que nos capacita a operar uma separação entre língua e discurso, entre o que está dado e o modo como podemos nos envolver com o que está dado. E isso é apenas uma outra forma de afirmar nossa pobreza, precariedade ontológica; porém agora tudo isso é tomado como base do pensar o mundo de maneira radical.Como em Marx, a nossa nudez é a base para se ter esperanças em uma experiência radicalmente trágica da vida.
[por editar]
5 comentários:
Jonatas,
Chato é você. Brincadeirinha, você é um doce de criatura, mas não sei porque essa implicação com Weber! Eu aprecio muito seus textos metodolo'gicos. Ele sempre me comove com sua obsessão em se sustentar entre deux: a preocupação com o rigor de uma demonstração cienti'fica e a preocupação com a subjetividade como nu'cleo das ciências sociais. Os desesperos incontidos de seus diagno'sticos (lembro agora do final de A E'tica Protestante), são literariamente deliciosos. Outras coisas dele, é verdade, incomodam-me bastante. Poli'tica como Vocação, por exemplo, quando penso que foi palestra conferida para soldados da Alemanha derrotada...Passemos.
Mas queria entender melhor algo de seu texto: quando você afirma que a conclusão do existencialismo de Sartre pode ser semelhante ao que nos ensina Sade, o que você quer dizer? Abraço.
Oi, Tâmara.
E olhe que Weber nunca me ofendeu - nem mesmo o povo da família dele, como é o caso da professora Silke. Mas os dilemas metodológicos neokantianos são muito aborrecidos, mesmo. Você é uma alma tolerante.
Quanto a Sartre e Sade. É que Sartre acreditava que toda relação amorosa resultaria na objetificação do outro/da outra. Isso é o que me lembro das coisas de Sartre que li há muito tempo.
E obrigado pelos comentários. Jonatas
Jonatas,
Embora o contexto europeu 2010 seja daqueles que revelam a urgência da tolerância nos assuntos humanos, confesso que meu caso com Weber não é de tolerância, mas de afinidades eletivas e relativas. Eu também devo ser uma chata neo-kantiana, mas sempre acho que quase todos os tipos de chatos têm seu charme.
Quanto a Sartre, entendi. E' que como você vinha falando do niilismo ocidental e de como o texto de Benjamin, embora aparentemente soturno, tenha notas sobre a possibilidade da técnica propiciar um novo tipo de exeriência, fiquei pensando que o existencialismo sartriano, se refletido à moda de Agamben sobre Benjamin, é também animado por notas sobre as possibilidades da experiência. Mas estou talvez dizendo besteiras: ha' quanto tempo nem penso em Sartre...Abraço.
Jonatas, chefia,
parabéns pelo texto. árduo exercício de exegese com belos questionamentos teorórico-metodológicos. Percebo voccê constantemente ao redor desta angústia benjaminiana-heideggeriana.
Admiro, claro, e muito, os aportes metodológicos de Weber, mas me sinto mais próximo da linha de Bergson, quando postula a "duração real" para tratar do "lebenswelt" (mundo da vida).
E é neste ponto mesmo, pra mim crucial, que acho se teu texto tímido, ou avaro quanto ao que póderíamos acrescentar a estes teóricos canônicos, com o que temos de peculiar, como pessoas que gostam de dançar e jogar bola. Penso que esse nosso corpo tropical erotizado (e por isso também, brutalmente influenciado pelo consumo de massa) talvez tenha algo de realmente novo a acrescentar, além da crise por que passa o solipsismo ontológico. crise esta que permeia todo o seu texto!
sem mais, abraço. e até breve.
Tâmara,
Você está longe de ser chata e suas afinidades eletivas e metodológicas com Max Weber devem ser parte do tal charme de que você fala. Quanto a Sartre, o problema é que para Agamben provavelmente o existencialismo capitaneado pelo moço seria parte do problema e não da solução - ele ainda estaria preso a uma metafísica do sujeito, a Descartes. Etc. etc.
Gustavo,
Salve. No texto em questão, Agamben também passa por Bergson e Dilthey. Achei que não acrescentariam tanto diante do que já tenho dito sobre a importância da crítica de base romântica ao Sujeito do conhecimento como fundamento do moderno. A referência à pscianálise também daria conta da crise dessa noção de subjetividade. Daí a omissão. Quanto ao "nosso corpo tropical erotizado", bem, no que me diz respeito, eu vou ao culto todo sábado e domingo, sou temente a Deus, e lá na congregação não tem disso não. Mas é claro que poderemos falar de uma erotização do corpo que nada mais seria que seu consumo nos moldes já definidos aqui: esvaziamento, perda de significado, o consumo em larga escala que esconde a impossibilidade da "experiência" no terreno amoroso. Bem, mas aí você poderia dizer que os cultos duas vezes por semana estão enrijecendo minha cintura. E não estaria errado. Jonatas
Postar um comentário