Tâmara de Oliveira
Outro dia eu e Cynthia trocávamos comentários bem-humorados no Cazzo sobre minha falta de tempo para escrever um novo texto, devido ao verão no sul da França. Ela chegou a fazer a proposta de uma troca: eu iria cultivar o inverno recifense e seu tubarão de estimação; ela viria cultivar o verão provençal e vigiar as abelhas de meu jardim. Achei graça na proposta de Cynthia: bestinha essa moça, querendo se liberar do ritmo de trabalho em Recife para se apropriar da recuperação do tempo de viver que esse verão por aqui tem me trazido. Todavia, mas, porém, entretanto… por trás da graça havia um mal-estar em mim; tanto é assim que me apressei a dizer a Cynthia e a todos os leitores potenciais do Cazzo que minha vida aqui tem bem mais problemas do que o da invasão ocasional de abelhas – e é verdade. Mas verdades mais fundas começaram a se agitar em minha cabeça com essa brincadeira da troca.
Ficava pensando nos problemas departamentais para cuja solução eu não contribuirei por enquanto, em meus colegas que continuam enfrentando cotidianamente os data-capes, qualis e currículos lattes da vida, nos estudantes que precisaram mudar de orientador por causa de meu afastamento, enquanto eu interajo com o tempo de verão quase como se fosse a personificação do ideal moderno de indivíduo autônomo: sem hora para acordar, prolongando o rosé gelado e a conversa calorosa com amigos, escolhendo lugares lindíssimos para passear (mas fugindo dos ditames da indústria turística), decidindo quando e como vou iniciar a elaboração de um programa de extensão e pesquisa para o próximo ano e, cúmulo da liberdade temporal, podendo passar dias inteiros mergulhada num bom romance – como quando eu era criancinha lá em Itabaiana.
«Eu faço samba e amor a noite inteira/Não tenho a quem prestar satisfação»: bonito isso de Chico Buarque, né? Então por que o mal-estar? Foi então que o número 50 de Le Monde Magazine, publicado em 28.08.2010, trouxe como matéria da capa um livro do sociólogo alemão Hartmut Rosa (2010), recém-publicado na França, lembrando-me que o tempo, este que Gilberto Gil chamou de rei e Caetano Veloso qualificou como um dos deuses mais lindos, parece ter virado um demônio corredor a quem todos devemos satisfação. Meu mal-estar seria então apenas uma manifestação de culpa por estar podendo, embora provisoriamente, orientar meu tempo com um grau de autonomia impossível de experimentar quando estou (estamos) na «ativa»? Ou seria uma ansiedade devida à perspectiva de que, voltando ao trabalho em meados do próximo ano, descubra que estou ultrapassada porque tudo já mudou n vezes no qualis das revistas científicas e nos critérios de seleção de projetos de pesquisa, enquanto eu «tinha muito sono de manhã»? Pois é, não fui bolsista de iniciação científica mas também escutava muita MPB na graduação (ver Cazzo, 24.08.2010)…
Voltando às minhas conversações interiores (Cazzo, 18 e 24.07.2010) angustiantes e angustiadas, mesmo afastada do trabalho, estaria ainda presa à cauda veloz desse Leviathan temporal, aniquilador do espaço, segundo Rosa? Logo eu, incansável nos corredores da universidade e em minhas aulas a bradar contra a pressão de uma contrução social do tempo que nos tira, justamente, o tempo de refletir sobre o que estamos fazendo e a que estamos nos submetendo (Oliveira, 2006)?
Foi por isso tudo que li a entrevista com Hartmut Rosa como quem recebe uma carta há muito esperada: aquela que traz a experiência social do tempo como problemática sociológica central. Não quero dizer com isso que reflexões sobre o tempo estejam ausentes da tradição sociológica. Neste sentido, vejamos como o próprio autor considera o tema do tempo na evolução da sociologia e apresenta o objetivo de seu livro :
(…D)a observação de G. Simmel sobre um constante «aumento da vida nervosa» na grande cidade moderna, passando pela análise de M. Weber sobre a disciplina temporal da ética protestante – a perda de tempo tornando-se «o mais grave dos pecados» - e pelo temor da anomia analisado por Durkheim como resultado de mutações sociais demasiadamente rápidas, até a fórmula de Marx e Engels segundo a qual o capitalismo teria uma tendência a «volatizar» tudo o que era sólido e bem estabelecido, pode-se reconstruir todos os diagnósticos da modernidade formulados pela sociologia clássica como diagnósticos de uma aceleração.Dimensão amplamente esquecida, posso concordar com o autor, mas não completamente. A título de exemplo, lembro de Anthony Giddens (1994), da separação entre espaço e tempo e nos «desencaixes» das relações sociais como consequências da modernidade. Mas confesso que sempre tive a impressão de que Giddens tocava em uma problemática central das sociedades contemporâneas sem usá-la contudo como categoria efetiva de sua teoria social. Os desencaixes aparecem como característica de uma modernidade tardia em transição para uma sociedade pós-moderna, mas não como dimensão passível de articular as problemáticas sociais centrais. Mais recentemente, o sociólogo norte-americano Richard Sennet (2006), definindo a cultura do capitalismo contemporâneo como uma nova burocracia (Burocracia MP3, em referência às articulações entre as novas tecnologias de comunicação/informação e a organização do mundo do trabalho), sugere antropologicamente que os ritmos de trabalho têm-se tornado incompatíveis com a possibilidade de equilíbrio subjetivo, mas seus objetos são a organização e as relações de trabalho na contemporaneidade, não o tempo enquanto construção social e estrutural da realidade. Já Hartmut Rosa entende que uma teoria sistemática da estruturas sociais do tempo é A TAREFA da renovação da Teoria Crítica:
Em seguida, essa dimensão da evolução social foi amplamente esquecida nas análises das ciências sociais, o que é devido antes de tudo ao «esquecimento do tempo» característico das construções teóricas da sociologia do século XX, com sua preferência por modelos de sociedade «estáticos», uma sociologia que construiu seu modelo do processo de modernização fundando-o sobre as dimensões da diferenciação estrutural, da racionalização cultural, da individualização e da domesticação da natureza. O objetivo do presente livro era o de preencher as lacunas das análises da modernidade que resultam dessa abordagem, lançando as bases de uma teoria sistemática da aceleração social. (Rosa, 2010, p.363. Retirado dos extratos do livro publicados pela revista eletrônica Mouvements - le 31 mars 2010. http://www.mouvements.info/Le-temps-comme-une-question.html)
(…) Para dizer a verdade, eu tenho a esperança de que este livro permita desenhar os contornos de uma teoria crítica da sociedade, que não vise as condições de produção (ponto de partida da primeira teoria crítica), da compreensão mútua (Habermas) ou do reconhecimento (Honneth), cujos critérios normativos e pontos de ancoragem empírica parecem tornar-se cada vez mais problemáticos, mas cujo diagnóstico acentue uma crítica das estruturas temporais (…)
A sociologia do tempo mostrou claramente que não são apenas os métodos de medida do tempo, mas também a percepção do tempo, os horizontes e as perspectivas temporais elaborados ao longo das épocas que são submetidas às transformações históricas condicionadas pela estrutura social então em vigor. O tempo conserva entretanto sua facticidade objetiva e sólida; do ponto de vista do sujeito da ação, ele constitui inevitavelmente um dado natural, inquestionável, cujos constrangimentos e modelos de ordem se inscrevem, de maneira irrefletida mas profunda nos habitus/disposições dos sujeitos, como uma espécie de «segunda natureza», determinando assim suas orientações, tanto no cotidiano como na existência como um todo. O tempo é então, sempre e ao mesmo tempo, privado e íntimo – como eu vou passar meu tempo ? é a versão temporal da questão ética: como eu quero viver ?, – e sempre, de um lado a outro, determinado socialmente: os ritmos, as sequências, as durações e as velocidades do tempo social, assim como os horizontes e as perspectivas temporais correlativas, são quase inteiramente subtraídas ao controle individual. Eles exercem ao mesmo tempo, sem dúvida alguma, uma ação fortemente normativa na coordenação e na regulação da ação: as transgressões das normas temporais são objeto, na sociedade moderna, de pesadas sanções – a ignorância dos prazos, des deadlines e dos imperativos de velocidade leva, atualmente mais do que nunca, à exclusão social. É a razão pela qual o tempo aparece como o modo autêntico da conjugação de imperativos estruturais e de orientações culturais, e o que explica como as condições de uma autonomia ética individual e de uma cordenação social da ação máxima podem ser preenchidas simultaneamente. A revelação da «surda violência normativa» das estruturas temporais é então o primeiro objetivo de uma teoria da aceleração. (Rosa, 2010, Conclusion, in : Mouvements - le 31 mars 2010. http://www.mouvements.info/Le-temps-comme-une-question.html )
Justifico só agora que as enormes citações devem-se principalmente ao fato de que ainda não li o livro inteiro. Encomendei-o e estou esperando, mas não pretendo sancionar os correios por essa transgressão aos imperativos sociais de velocidade porque isso pegaria mal em minha fama de simpatizante do descrescimento. É por isso que este texto até poderia ser entendido como uma falsa resenha, uma resenha-do-que-não-foi-lido. Mas é apenas uma apresentação preliminar, fundamentada na entrevista com o autor no Le Monde Magazine e em extratos acessíveis do livro, e, motivada pela sincronia entre minha angústia do tempo e essa publicação. Sincronia que não inclui minha simpatia vaga pelo descrescimento, já que Rosa parece não nutrir esperanças para com os movimentos de descrescimentos e similares que se desenvolvem aqui e ali, definindo-os como «oásis de desaceleração» que não mudam em nada a potência das estruturas temporais determinantes do modo de vida da modernidade avançada. Neste sentido, aproveito também para sugerir ao leitor que nunca esqueça o seguinte ao ler Rosa: ele se inscreve na tradição da Teoria Crítica, é um herdeiro voluntário da famosa Escola de Frankfurt e, assim sendo, é um sociólogo e filósofo animado por dois princípios básicos: um epistemo-metodológico, orientando seu trabalho para a construção de uma teoria social sistemática, totalizante; outro político, ou seja, compreendendo a sociologia como conhecimento crítico para a (re)orientação da ação e da ordem social. Daí sua descrença em alternativas isoladas, não estruturadas (digamos assim, já que o rapaz manifesta certas afinidades com Bourdieu); daí também sua provocação aos pós-modernistas, na conclusão do livro:
O fundamento mais sólido de uma teoria crítica da aceleração não deixa de ser a ruptura da promessa de autonomia da modernidade. Em razão da transformação das estruturas temporais, essa promessa não pode mais, nem sob sua forma individual, nem sob sua forma política, ser mantida na modernidade avançada. São os próprios fundamentos dessa idéia que fornecem os critérios mais convincentes para um diagnóstico crítico da época, porque são os próprios sujeitos, ou seja os atores políticos das sociedades, que fazem apelo às convicções morais que aquela idéia implica para julgar suas próprias ações. Apesar de suas declarações grandiloquentes, falta àqueles que desejam o abandono desse projeto provar que é possível pensar de maneira coerente uma forma realmente pós-moderna da subjetividade e da política na ausência de qualquer ambição de autonomia. (Rosa, 2010, Conclusion, in: Mouvements - le 31 mars 2010. http://www.mouvements.info/Le-temps-comme-une-question.html)
Essa teoria crítica da aceleração desenvolve-se então a partir de três conceitos, ou tipos de aceleração (aceleração técnica; aceleração dos ritmos de vida; aceleração social), chamados a compreender melhor a modernidade do que categorias como racionalização, individualização, divisão do trabalho ou domesticação do homem e da natureza, porque aqueles refererem-se a estruturas temporais socialmente construídas que orientam estas. Implicadas geneologicamente com as sociedades modernas e sua promessa de autonomia, essas estruturas temporais aceleradas autonomizaram-se e agora impõem-se anarquicamente aos atores sociais, afetando todas as esferas da existência e paradoxalmente petrificando o tempo num presente instável:
À aceleração técnica, àquela dos ritmos de vida, é preciso adicionar uma aceleração social. Atualmente, nenhuma situação está assegurada, a transmissão não é garantida, o precário reina. (…) Existe uma outra razão para que as pessoas sintam-se tão mal, deprimidas, até suicidárias no trabalho. Regularmente, os dirigentes das empresas apresentam novos projetos, estratégias para ganhar tempo e dinheiro, rentabilizar a produção, diminuir os efetivos. Ou então eles põem em execução novos instrumentos informáticos mais performáticos, ou conceitos de marketing apresentados como inovadores, ou reorganizam as cadeias de trabalho, e assim sucessivamente. (…) Ao mesmo tempo, as direções de empresas entendem preservar suas ‘normas de qualidade’, acrescentam sempre novas formas de classificação, de avaliação e de notação dos empregados, criando uma tensão suplementar que termina por atingir os próprios dirigentes. O resultado pode ser observado em quase todas as esferas do trabalho contemporâneo, em todos os níveis das empresas. Os empregados sentem-se não somente stressados e ameaçados, mas também sob pressão, desarmados, incapazes de mostrar seu talento, rapidamente desencorajados. Veja como em todo canto os professores reclamam por não terem tempo para ensinar a seus estudantes, os médicos e enfermeiras para se ocuparem humanamente de seus pacientes, os pesquisadores por não poderem se concentrar sem serem submetidos a avaliações permanentes. De onde esse sentimento de correr sobre um esteira rolante ou sobre um rampa que se desintegra (…)» (Le Monde Magazine, 28.08.2010, p. 14).
Considerando que a maior parte das crises atuais (ecológicas, econômicas e políticas) são ligadas a formas de desincronização induzidas pela aceleração geral, Rosa declarou na entrevista que chega a comparar a aceleração social a uma forma inédita de totalitarismo, e, na conclusão do livro, apresenta seus efeitos como pontos de partida para uma nova crítica da alienação. Finalmente, apresentando seu trabalho como também animado pela busca bourdieusiana dos «meios de se opor às tendências imanentes da ordem social», Rosa parece ser sobretudo pessimista quanto às possibilidades futuras. Ou, pelo menos, inspirar pessimismo em seus leitores. Por exemplo, o jornalista que o entrevistou, Frédréric Joignot, termina o artigo que escreveu sobre a entrevista nos seguintes termos: «É necessário tomar uma resolução, Hartmut tem razão, nós corremos todos direto para o muro». Leviathanesca demais, essa crítica social da aceleração? Em todo o caso, Rosa parece gostar de alegorias, fábulas e mitos: apresenta duas fábulas em seu avant-propos e, como sinalizei acima, compara a aceleração social a uma forma de totalitarismo; ora, o Leviathan de Hobbes pode ser pensado como alegoria de um modelo de totalitarismo…
Não sei, mas preciso ler (urgentemente?) esse livro. Por um lado, sua filiação franca para com a Teoria Crítica inspira certas desconfianças, como aquelas que põem em questão o caráter demasiadamente filosófico, sistêmico e idealizante da abordagem habermasiana sobre o mundo da vida, conferindo a esse conceito filosófico sobre a sociedade uma «adequação de sentido» lógica para com a possibilidade de «ação comunicativa» na “esfera pública”, mas que não pode dar conta da complexidade sociológica das interações objetivas ou simbólicas de poder e de conflito social, bem como da integração social informal observável (Oliveira/Lima, 2007). Em outros termos, elaborar um diagnóstico totalizante das sociedades contemporâneas a partir do isolamento de uma problemática – a da aceleração – não resultaria numa teoria unidimensional (mera substituição da infra-estrutura, da ação comunicativa e do reconhecimento pelo tempo), tornando-a pouco operacional em pesquisas empíricas? Além disso, o pessimismo que parece dominar a tese de Rosa, sua provocação explícita ao que ele chama de desejo pós-moderno de subjetividade sem ambição de autonomia, não revelaria uma nostalgia do que nunca existiu?
Mas por outro lado eu continuo saudando sua ambição de sustentar a construção social do tempo como problemática fundamental das sociedades contemporâneas, como tema que as ciências sociais precisam trabalhar. Finalmente, como esse autor, eu também penso sempre a sociologia para além de sua dimensão de conhecimento, ou seja, como meio possível de se opor a coerções sociais insuportáveis. E, neste sentido, entendo que as imposições temporais de nossa experiência social podem e devem ser refletidas sociológica e politicamente – se quisermos evitar, por exemplo, que a caricatura dos gatos acadêmicos em sua trajetória não seja menos caricata do que nossa trajetória profissional real. Espero poder resenhar de verdade o livro de Hartmut Rosa – se houver tempo!
BIBLIOGRAFIA :
GIDDENS, Anthony. Les conséquences de la modernité. Paris : Éditions L’Harmattan, 1994.
OLIVEIRA, T. M. de / LIMA, M. E. O. Abstrata cidadania e diferenças concretas – democracia como conhecimento e prática da diversidade. In : XIII Congresso Brasileiro de Sociologia, 2007, Recife : Anais do XIII Congresso Brasileiro de Sociologia, 2007.
OLIVEIRA, Tâmara Maria de. Porque ensinar os clássicos ou : tradição, modernidade e ciência, substantivos perenes da sociologia. São Cristóvão : Editora UFS. 2006.
ROSA, Hartmut. Accéleration. Une critique sociale du temps. Paris : Découverte, 2010
SENNET, Richard. A cultura do novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 2006.
5 comentários:
Taí, gostei do moço! Só senti falta de uma dimensão propriamente subjetiva da experiência do tempo (algo como a durée bergsoniana) que poderia emergir dessas acelerações de que ele fala.
E olha que coincidência: um colega acaba de me enviar a chamada para um site francês totalmente dedicado ao estudo do "ritmo" como "novo conceito operacional". Só para afastar os medos de Tâmara em relação à pouca operacionalidade de uma teoria geral. Reproduzo abaixo:
Paris, le 1 septembre 2010
Chers amis, chers collègues,
J'ai le plaisir de vous annoncer la mise en ligne, ce jour, d'un nouveau
site
http://www.rhuthmos.eu
Fruit d'un travail de quelques mois et d'une réflexion de quelques années, ce site se veut un lieu d'échange pour tous les chercheurs concernés par les changements scientifiques en cours liés à l'émergence du rythme comme
nouveau concept opératoire.
J'espère que les informations que vous y trouverez, la recherche et les débats qu'il va permettre, sauront attirer et conserver votre attention. Si le rythme et ses enjeux épistémologiques, poétiques, éthiques et politiques vous intéressent, n'hésitez pas à me contacter. Toutes vos contributions
seront les bienvenues.
Bien amicalement et au plaisir de vous lire,
Pascal Michon
Présentation du site:
http://rhuthmos.eu/spip.php?article1
Cynthia,
Eu também gostei do moço, principalmente no filminho que Jonatas arranjou para ilustrar, porque nas fotos do Le Monde Magazine ele estava bem menos interessante (kkk).
Confessando: meus medos têm mais a ver com a pulsão elementar de quem recebeu formação influenciada pela Teoria Cri'tica, ou seja, a de criticar de cara, do que com qualquer outra coisa. Mas tô doida que o livro chegue logo! E assim que tiver tempo vou percorrer esse site bacana que você indicou. Beijão, Tâmara
Haha! "Assim que tiver tempo"... Só matando... Ou talvez seja pura inveja de minha parte porque o meu demônio corredor tem corrido mais rápido do que o seu.
Beijo!
Valei-me ainda, glorioso Antônio, nosso padroeiro!
Voltei hoje da magni'fica Co'rsega, onde passei onze dias longe das novas tecnologias e da pressa, e, deparo-me com o comenta'rio desse caro anônimo a quem não posso responder porque não entendi nada - salvo quaisquer 22, 30, 1508 e os sinais de interrogação.
O que fazer? Um passo em frente e dois passos atra's?
Resolvi confessar ao Cazzo que minha u'ltima investida de verão contra a experiência social do tempo na contemporaneidade não livrou-me de suas mazelas: "escolhendo" uma companhia italiana para fazer a travessia mari'tima porque ela tem passagens mais baratas do que a companhia francesa, vivi a experiência (sociologicamente interessante mas existencialmente exasperante) de ser cliente de uma empresa em sintonia perfeita com a gestão do tempo do mundo dos serviços e do trabalho. Os passageiros são acordados uma hora antes do desembarque, sendo incessantemente bombardeados com uma péssima mu'sica discoteque e com a voz de uma moça dizendo que a cafeteria esta' aberta para que consumamos nosso dinheirinho com o café da manhã deles - infali'vel para que todos abandonem imediatamente suas cabines; pelos corredores do navio, empregados agitados como formigas limpam tudo em velocidade estonteante para o embarque imediato dos passageiros de retorno,enquanto os de chegada ainda estão lutando, sem saber como descer até seus carros. Mas pelo menos agora eles compreendem porque foram acordados por um método nazi-fascista: a empresa não tem tempo a perder, seus navios passam o tempo correndo entre o continente e a ilha; tempo é dinheiro! E, quando finalmente sai' do navio, enquanto enfrentava um engarrafamento devido à otimização da gestão do tempo da Co'rsica Ferry (nome da tal empresa), vi no porto um navio de outra companhia italiana que também esta' entrando na concorrência: chama-se Moby Corse e seus navios são decorados com as imagens de Pernalonga e toda a sua turma!
Por que diabos um navio escolheu personagens de desenho animado para decorar seus navios que fazem o trajeto continente francês/ilha corsa?!! Sera' que tratam seus passageiros como crianças num parque de diversões? Sera' que suas passagens são ainda mais baratas? Eis as questões profundas de minha perplexidade...que vivam a liberdade de mercado e a otimização do tempo - nos confins do inferno!
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