"Lasciate ogni speranza, voi ch'entrate":
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segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Risco como questão política, versão 2.0: minimamente revisado
Jonatas Ferreira
[Esse texto curto seria a base de minha participação num seminário internacional sobre nanotecnologia. Iria falar sobre nanobiotecnologia e risco. Infelizmente a doença da qual ainda me recupero, uma hérnia de disco, não me permitiu comparecer ao tal seminário. Publico então no Cazzo a parte mais teórica de minha comunicação, deixando de lado as questões técnicas e empíricas da discussão para a qual pretendia contribuir. Procurei ser bastante pomposo e sociólogo nesse texto, mas a inspiração me faltou. Espero ao menos ter sido suficientemente obscuro.]
Pensar o desenvolvimento e introdução das novas tecnologias a partir da categoria risco tem sido uma constante ao longo dos últimos 50 anos e isso parece particularmente verdadeiro quando consideramos as nanotecnologias. A introdução de novos materiais, com suas novas propriedades químicas e físicas, a possibilidade de nanopoluição e a constatação de que nosso organismo não estaria sequer habilitado biologicamente para identificar alguns desses materiais radicalizam a percepção de um mundo técnico extremamente arriscado. É claro que a reconfiguração radical da natureza promovida pela Revoluçaõ Industrial já traz em si esse fantasma. A criação de seguros, da previdência pública constituíram uma evidência de que seria preciso compartilhar, democratizar eventuais danos atrelados ao desenvolvimento capitalista: custos sociais, tais como, saúde, emprego, danos ao meio ambiente. O cálculo de risco consolidou a crença de que, embora haja efeitos não-pretendidos no progresso do capitalismo, esses efeitos poderiam ser submetidos a um cálculo probabilístico que viesse a capacitar o sistema como um todo a arcar com eventuais desastres ambientais, sociais, econômicos. Creio, porém, que é a partir da invenção das armas de destruição em massa que fica mais claro que capitalismo e risco, modernidade e risco, se quiserem, andam de mãos dadas. E, no entanto, que tipo de cálculo pode democratizar, socializar os custos econômicos, sociais, ambientais e morais de algo como a explosão das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki ao final da Segunda Guerra Mundial? Que tipo de cálculo pode estabelecer um colchão de proteção contra eventos como o acidente ocorrido em 1986 em Chernobil, Ucrânia? Como equacionar e assimilar o aquecimento de 4 ou 5 graus do clima na terra? Há um paradoxo no cálculo de risco: ele se torna mais urgente precisamente num cenário cultural, político e técnico em que esse tipo de cálculo se torna inócuo. O futuro já não se apresenta como destino, porém a tentativa de calculá-lo, de antecipá-lo não nos torna mais confiantes. Pelo contrário, esse gesto nos impõe a ansiedade, o pânico. O sonho por um tipo de controle que constatamos ser cada vez mais irrealizável, paradoxalmente, reforça o lugar do cálculo de risco em nossa cultura. Para o bem e para o mal, a ação das novas tecnologias nas sociedades contemporâneas se apresenta em uma escala cuja racionalização se apresenta sempre como um desafio. Mas quem haverá de tomar para si tal desafio senão a tecnociência?
Apesar da íntima relação que desastres como o acontecido recentemente no Golfo do México apresentam com o desenvolvimento técnico e científico, não é a uma outra potência que não à científica, não é a um deus ex-machina, que a maioria de nós recorre quando confrontados com o acidente, a catástrofe tecnologicamente determinada. É à própria lógica científica, ao cálculo de risco que recorremos para procurar uma alternativa: do risco maior para o risco menor, do maior dano para o dano negligenciável. Mas o que é mesmo negligenciável quando deixamos o ambiente controlado e micro dos laboratórios e passamos a atuar em escala global? O raciocínio e o cálculo de risco, insiste Ulrich Beck, de Sociedade de Risco (década de 1980) até O Mundo em Risco (2007), são sempre pensados como questões técnicas, que envolvem uma racionalidade instrumental e uma certa matematização do pensar. Em outro texto, publicado recentemente no Cazzo, falei que essa matematização significa a busca de um saber antecipado, um saber que se opõe à contingência da vida, um saber que age no sentido da automatização da realidade e que, desse ponto de vista, agiria contra a possibilidade de um pensar legítimo, um pensar diferente das regras que nos são impostas: seja produtivo, responda rápido, dedique-se a refletir apenas sobre o que é relevante (para quem?).
Em sintonia com isto, Beck também afirma que o risco e a cultura do risco que se constituem nas sociedades contemporâneas estão diretamente ligados ao fenômeno da reflexividade. Todos conhecemos esse último conceito e o que ele significa para Giddens: a capacidade que um dado ator, indivíduo, teria de manter sua coerência interna mesmo diante dos inúmeros desafios e percalços que as estruturas macrossociais nos impõem. Giddens é um conhecido liberal e como tal tem no indivíduo, no ator social o fundamento moral e político das sociedades contemporâneas. Em sua teoria da estruturação, esse ator perde um pouco de sua capacidade de determinar politicamente seu mundo mediante a vontade e a razão e procurando, antes, viabilizar sua coerência psíquica interna diante de um mundo que ele pode transformar minimamente. Creio que o que Beck entende por reflexividade é um pouco menos otimista. Acredito que é possível ser reflexivo sem pensar, sem exercer a atividade crítica diante do mundo onde determinadas formas de questionar parecem ser inevitáveis. Aprendi isso lendo Beck, embora não esteja certo de que isso é exatamente Beck. O 'risco' da reflexividade é que ela possa significar sempre adaptação acrítica, sempre investir na solução de problemas que não são necessariamente os nossos, nem os problemas mais fundamentais ou relevantes a serem considerados. Em seu projeto fenomenológico, Husserl já nos confrontava com algo semelhante: quando estamos envolvidos naquilo que ele chama de atitude natural, é possível raciocinar sem pensar. Para realizar pensar, devemos questionar, colocar sob suspeita ou suspensão, alguns pressupostos com os quais assumimos automaticamente uma forma de ver o mundo. Para que isso ocorra, devemos vivenciar uma crise com relação a esses pressupostos, devemos aceitar que eles são insuficientes para tocarmos tranquilamente nossas vidas. Creio que a lógica do risco significa tal automatismo que precisa ser posto em suspensão e a sociologia de Ulrich Beck nos permite considerar esse problema político.
Foi também Husserl que nos ensinou que o raciocínio científico, no que pese todo um arseanal argumentativo em oposição, é demasiadamente preso a uma noção naturalizada da experiência. É possível, pois, ser extremamente reflexivo sem realizar o que Husserl chamaria, tomo aqui a liberdade, de pensar criticamente, ou simplesmente pensar. A esse respeito, diria ser bastante preocupante o fato de que, no momento em que mais precisamos desse tipo de exercício capaz de perceber possibilidades fora do senso comum, as humanidades estejam sendo asfixiadas, como na Inglaterra, onde seu orçamento foi drasticamente reduzido pelo Governo conservador David Cameron.
E assim, voltemos ao nosso argumento central e indaguemos, ainda com Beck, se seria possível que na reflexividade que se instala com a lógica do cálculo de risco estejamos sendo mobilizados pela perspectivas de ter diante de nós sempre algumas poucas opções sem jamais termos de fato uma decisão a tomar. É possível que por trás da opção entre cortar investimentos nas humanidades, como ocorre hoje no Reino Unido, ou contar com menos dinheiro para fazer face à corrida pela inovação tecnológica, ou ainda para fazer face à crise financeira que entrava o capitalismo, nada esteja sendo decidido? É possível que em decisões técnicas acerca do quão arriscado e o quão aceitável são as nanotecnologias que encontramos em avaliações técnicas nada esteja de fato sendo decidido? E não seria o caso de que ao tomar essa categoria sem o devido cuidado crítico as ciências humanas estejam de algum modo legitimando uma forma conservadora de pensar as possibilidades de nossa cultura? Esse aparente paradoxo, optar sem decidir, evidentemente, está associado àquele que acabamos de mencionar, ou seja, ser 'reflexivo' sem pensar.
A questão da decisão na teoria política é hoje um assunto quase tabu. E isso por um motivo simples: esse tema foi tradicionalmente tratado a partir da contribuição anti-democrática, anti-liberal de Carl Schmitt. Todos conhecemos sua teoria da soberania e os elementos autoritários ali encapsulados. 'Soberano é aquele que decide quem é amigo e quem é inimigo, entre o bem e o mal'; 'soberano é aquele que, a partir de um lugar político que se situa acima dessa legislação, decide o que é a lei'. Conhecemos também o caráter corrosivo de suas críticas à democracia parlamentarista, liberal. No seio desssa forma de governo se encontraria uma aporia: sob o império da lei já não se pensa claramente quem a aplica e se coloca, dessa perspctiva, acima dela; já não se pode pensar a política como exercício da soberania, mas como mero exercício reflexivo. A política se torna um exercício verbal estéril pois no seu campo já nada se decide.
Se vocês estão bem lembrados e lembradas, esse também era o problema fundamental que Max Weber tratou em seu célebre ensaio sobre a vocação política. O ethos burocrático, ele dizia, ameaça contaminar o exercício político com sua incapacidade de ser substantivamente responsável pelos destinos da nação alemã, destruída durante a Primeira Guerra Mundial, por sua reflexividade de curto alcance, por sua incapacidade de formular a questão: quais valores fundamentais deveriam orientar as sociedades modernas? Weber evocava a figura de líderes carismáticos nesse contexto, Benjamin vai falar da acedia que predomina nas modernas democracias etc. etc. E é claro que esse tipo de elaboração acerca do político mostram enorme limitação quando percebemos que questões centrais como ambientais, o risco de contaminação por nanomateriais, por exemplo, são questões globais e, portanto, inadequadamente tratáveis sob a ótica da soberania nacional.
Aprendemos com intelectuais como Foucault que a soberania já não era a questão sobre a qual gravitava o exercício político moderno, mas precisamente as implicações de uma forma burocrática de pensar, que já não se estrutura em torno da decisão de quem é amigo ou inimigo, mas em torno da administração da vida biológica. No coração da política não encontramos mais o jurídico, o religioso, a decisão como supunha Schmitt, mas a administração científica da vida - o pesadelo weberiano torna-se realidade que a bem poucos espanta. Não precisarei desenvolver um tema tão conhecido como o tema foucauldiano da biopolítica. Enfatizo apenas que há aqui também um diagnóstico que postula a incapacidade moderna de conceber a política a partir da questão dos valores que seriam fundamentais ao nosso processo de civilização, ainda que Focault, como eu próprio, não tenha saudades da figura de um Führer, ou de um soberano que viesse a decidir entre o bem e o mal, preferindo discorrer sobre exercícios micropolíticos que tornariam nossa história algo aberto, onde nenhum Messias faria sentido.
Aprendemos com Luciano Oliveira em seu livro sobre Lefort, que é possível ver aqui uma oportunidade: a questão da democracia é a questão de deixar as nossas possibilidades sociais, políticas abertas, indeterminadas. A pergunta sobre a decisão como base do exercício político, porém, não se deixa apanhar tão facilmente quando nos perguntamos: em que medida esses exercícios micropolíticos podem nos ajudar a pensar na possibilidade de um mundo radicalmente diferente desse que temos, como seu primado da velocidade, da dilapidação dos recursos naturais, da comodificação da vida? Nesse sentido, percebemos que a oposição que formulamos entre pensar e ser reflexivo nos leva diretamente à dicotomia política que temos diante de nós. Em que medida nossa ação sobre o mundo pode ser concebida como algo mais que a adaptação a tendências inexoráveis da sociedade capitalista contemporânea? Em que medida poderemos pensar a questão ambiental a partir de uma perspectiva mais substantiva que o mero cálculo científico da minimização de riscos?
Vejamos como essa questão se apresenta na obra de Beck. Ao pensar o tema do risco, que sempre nos remete ao globo e não mais a uma comunidade de valores, Beck se pergunta: quem decide o que é arriscado? Uma sociedade que se estrutura a partir de uma postura reflexiva sobre o que é e o que não é arriscado necessariamente também se coloca a questão: quem é responsável pelos desastres, pelos danos ambientais com os quais teremos de conviver. Pensar a accountability do risco, no entanto, já não é mais indagar acerca de quem decide, de quem é responsável pela decisão, posto que já não há decisões a serem tomadas, mas apenas um conjunto de opções em que, como diria Weber, a irresponsabilidade técnica se impõe como única saída. E assim, “the question of accountibility always arises for large scale industrial risks – the question of whom society makes accountable for the occurrenced of the catastrophe (a question that arises even for events for which such an assignment of accountability is scarcely possible according to the rules of science and law)” (Beck, 2006, p. 26)
Diferentemente de Schmitt, portanto, não espero o Messias que venha oferecer um sentido para a existência, mas pergunto se a lógica instrumental, a reflexividade que preside a lógica do risco ainda nos permite estabelecer a relação política-responsabilidade, tal como propunha o célebre ensaio weberiano. Essa dificuldade, por seu turno, parece ser indicadora de uma outra e que também encontramos na obra de Beck: formular o político a partir de uma lógica que se coloque para além do cálculo técnico do risco. Uma vez mais, Ulrich Beck se mostra herdeiro da sociologia weberiana, da oposição que ele produz entre ética de fins últimos e ética de responsabilidade. É impossível não considerar esta última dimensão de nossos envolvimentos éticos e políticos, mas o verdadeiro ato político não pode se limitar aos seus limites. Pensando talvez para além de Beck e de Weber, é possível propor que o político começa quando a relação política-responsabilidade se torna problemática, quando passamos a pensar criticamente no lugar central que o cálculo de risco assume em nossa cultura. A possibilidade do político não é um lugar soberano a partir do qual valores fundamentais possam ser realizados nem o reverso desta medalha, ou seja, sua redução à administração da vida biológica. Como nos mostra Agamben em diversos livros, mas consideremos aqui o Homo Saccer como ilustração, a animalização da política sob os regimes biopolíticos pertencem radicalmente à concepção do político como prática de soberania. É a partir desta última que a vida indigna de ser vivida pode ser concebida e vice-versa.
Apenas a indeterminação do político pode fazer justiça ao seu chamado mais essencial. Neste sentido, entendemos porque a própria ideia de risco seja hoje objeto de tantas disputas discursivas. Um certo governador musculoso do Estado da Califórnia, e envolvido em problemas com o fisco, queria acionar o Governo Federal dos Estados Unidos pelos efeitos do aquecimento global sobre a costa. daquele estado. O Governo Federal daquele país solicita provas de tais efeitos. Empresários, cientistas, ambientalistas e consumidores também tem visões bastante distintas do que seja ou não arriscado. Ora, um dos elementos fundamentais da cultura de risco, como mostramos acima, é o horizonte temporal que ela propõe. A ansiedade com relação ao futuro é sua marca fundamental, dissemos. Mas o que é futuro para o empresário e o que é futuro para um ambientalista são coisas completamente distintas. O primeiro pensa no balanço anual que terá que fazer para seus acionistas, ou no retorno de investimentos realizados, quando considera risco. O esforço que a indústria farmacêutica vem fazendo no sentido de agilizar, encurtar o máximo possível o processo de testagem e liberação de novos medicamentos, de modo a fazer face à aceleração do capitalismo contemporâneo, é um caso a ser considerado. A noção de futuro dos empresários deste setor obviamente não coincidirá com a percepção de ambientalistas, ou de Governos de Estado, preocupados que deverão estar estes últimos com o surgimento de superbactérias em um horizonte temporal mais dilatado que os balanços anuais das empresas, mas nem por isso menos importante. Mesmo entre os cientistas, não há consensos acerca do que é ou não arriscado e sobre qual o horizonte de tempo que a prudência deve levar em consideração quando pensamos em efeitos não-pretendidos da ação técnica e científica. E aqui não me refiro simplesmente à tradicional diferença de perspectivas que há entre aqueles que se dedicam às ciências da natureza e aqueles que se dedicam às ciências humanas, mas a enfoques distintos que podemos encontrar dentro do campo das ciências naturais. Pela própria ênfase que a especialização impõe, um farmacêutico, um físico, um químico e um zoólogo tendem a perceber risco em aspectos completamente diferentes de um mesmo experimento científico. Pude constatar esse fato ao entrevistar cientistas dedicados a um mesmo projeto nanobiotecnológico, mas provenientes de áreas distintas.
Sugiro que é nesse campo, ou seja, no dissenso, que a possibilidade do político prospera. Se acredito ser essa a condição necessária para construção de saídas democráticas para impasses tecnológicos contemporâneos, bem sei que o dissenso não é condição suficiente para tal. Tomando o exemplo acima, não há como negar que os cientistas em questão podem muito simplesmente encontrar a possibilidade de consenso nos projetos comerciais da indústria farmacêutica que venham a lhes remunerar satisfatoriamente. Mas se isso é verdadeiro, também o é o fato de que na ausência de perspectivas transcendentais que venham a instalar a soberania política, abre-se o espaço crítico ao afirmar implicitamente que o mundo pode ser diferente.
Referências
Beck, U. 2009. World at Risk. London, Polity Press.
------------. 2000. Risk Socity. London, Sage.
Weber, Max. "Politics as a Vocation". In From Max Weber: Essays in Sociology. London, Routledge.
15 comentários:
Cynthia
disse...
Jonatas,
Essas concepções "alargadas" de experiência referidas pela fenomenologia, pela hermenêutica e pelo pragmatismo me interessam. Mas não seria possível falar de experiência sem pensamento (no sentido de que elas podem anteceder qualquer juízo) e, portanto, de experiências pré-reflexivas? A atitude natural (assim como a "tradição" Gadameriana) consiste, afinal de contas, na suspensão da dúvida e, neste sentido, não pode ser propriamente reflexiva... Você não acha que se alargarmos a noção de reflexividade até o ponto em que ela abranja qualquer atividade mental o conceito perde o sentido?
Gracias. Assumo o segundo fracasso; o primeiro é do próprio Giddens. Acho que a noção de reflexividade dele é naturalizada, se tomarmos a perspectiva a partir da qual eu falo. Do ponto de vista da fenomenologia, acredito, é necessário ter como ponto de partida que a própria ideia de experiencia científica deva entrar em crise para que algo como um pensar radical, sobre o qual toda ciência seria reconstruída, e que Husserl talvez estaria feliz em chamar refletir, aceito, possa ser concebido. Se evitarmos os eventuais problemas com respeito ao jargão: sob a égide da "reflexividade" o sujeito giddensiano já nem se coloca a questão da liberdade, mas tão somente a manutenção de uma coerência interna que lhe garanta adaptação. É claro que eu não sou um liberal, eis aí a questão. E por isso talvez ache pior a emenda do que o soneto original, que, afinal, era cheio de poesia e auto-confiança. Giddens, porém, é apenas um pretexto para falar de um apequenamento mais estrutural de nossos horizontes políticos e culturais. Jonatas
Não, não era de Giddens que eu falava, mas do próprio Husserl e de Gadamer. As noções de experiência que se relacionam ao mundo da vida, por um lado, e à tradição, por outro, não são pré-reflexivas? Experiências que não geram a dúvida (Husserl) ou a negatividade (Gadamer) não levam ao pensamento pq não há necessidade de (re)estabelecimento do significado.
Talvez o que me incomode seja essa sua ideia da possibilidade de "ser reflexivo sem pensar". Qual a diferença entre raciocinar e pensar? Uma experiência como desejar algo, ou esperar algo, é refletir?
Para mim, o que parece interessante é justamente a incorporação de diferentes tipos de experiência no pensamento (como o que ocorre na experiência histórica, ou na experiência hermenêutica). Mas a experiência pela experiência não me parece levar a lugar algum. Você nunca experienciou algo que não sabia o que era nem se importou o suficiente para tentar descobrir?
"Não, não era de Giddens que eu falava, mas do próprio Husserl e de Gadamer. As noções de experiência que se relacionam ao mundo da vida, por um lado, e à tradição, por outro, não são pré-reflexivas?"
Há certos abismos entre Husserl e Gadamer. No primeiro, temos a tradição sob a forma de senso-comum que não permite pensar criticamente e no segundo você tem uma ruptura com a tradição e com o senso-comum (como portadores de significado) que precisa ser reestabelecida - e essa seria a base de um aprofudamento crítico da tradição. Mas tanto num como no outro caso, o pensamento científico é portador de um certo tipo de experiência que não permite a crítica. O que é mesmo uma experiência científica, pergunta-se Husserl? Como ela é possível para a consciência. É a naturalização da razão técnica como única forma de pensar que uniria as perspectivas bastante distintas desses dois pensadores, no que pese a influência de Husserl em Gadamer via Heidegger.
"Talvez o que me incomode seja essa sua ideia da possibilidade de "ser reflexivo sem pensar". Qual a diferença entre raciocinar e pensar? Uma experiência como desejar algo, ou esperar algo, é refletir?"
Minha resposta aqui é só uma continuidade da anterior. A ciência pode se reproduzir acriticamente. Como diria Weber, é possível ser racional do ponto de vista técnico, instrumental e não o ser substantivamente. De vez em quando me ocorre que eu posso estar me debruçando sobre as questões erradas, ou, para dizer como Deleuze, que eu nem sequer estou conseguindo fazer questões. É possível proceder reflexivamente para antender às demandas de produtividade da instituição a, b ou c, sem que nos perguntemos: e por que eu estou tão ansioso por produzir, por mostrar serviço, por responder às perguntas que Cynthia faz asap, por me mostrar sabido etc. etc.? Como você vê, meu uso da oposição pensar-refletir, decidir-optar tem como objetivo discutir a inércia da razão nas sociedades da aceleração tecnológica.
Quanto à experiência, ela pode significar muitas coisas. Penso no ensaio de Benjamin acerca da pobreza da experiência que usei recentemente para introduzir uma discussão sobre niilismo. O que estou considerando nesse pequeno texto, todavia, é algo bem mais específico.
"Você nunca experienciou algo que não sabia o que era nem se importou o suficiente para tentar descobrir?"
Mais uma vez, isso depende do que você pretende discutir. Mas, embarcando na sua sugestão: por que você não tentou descobrir? Por que era irrelevante mesmo? Por que isso iria atrapalhar sua performance? Considere que o meu foco é bastante específico: a experiência científica que impede a experiência num sentido benjaminiano, se você quiser. Ou seja, que não permite a emergência de algo existencialmente significativo.
Puta merda! Escrevi uma resposta longuíssima e o blogger me informou que não iria publicar aquilo tudo "not even if a cow would cough". Mas acho que não cortou muita coisa. Bom, aí está. Obrigado pelas críticas. Jonatas
E quando disser: "É a naturalização da razão técnica como única forma de pensar que uniria as perspectivas bastante distintas desses dois pensadores, no que pese a influência de Husserl em Gadamer via Heidegger".
queria dizer: "É a constatação da naturalização da razão técnica como única forma de pensar que uniria a crítica contida nas abordagens distintas desses dois pensadores, no que pese a influência de Husserl em Gadamer via Heidegger".
Aff, que confusão do inferno! Eu havia inicialmente entendido (não me pergunte como) que você estabelecia uma identidade entre essas noções mais "amplas" de experiência - de que falam Husserl e Gadamer, por exemplo (e minha relação entre os 2 parava aí) - e a ideia de reflexividade. Daí ter perguntado se vc não achava que era possível experiência sem pensamento e sem reflexão. Entendeu agora?
A crítica à ideia de experiência científica como critério de verdade é comum a ambos, mas a partir de perspectivas diferentes. Nem me lembrava de ter falado de Gadamer no texto. Lembro de Husserl. Depois eu vejo. Mais uma vez, obrigado por afinar algumas ideias. Bom que você tenha gostado do texto. Quanto ao mal-entendido, é nisso que dá a gente não se esforçar por ser abstruso e pomposo. A colega não entende. Jonatas
Jonatas, Gostei bastante de seu texto também. E acho que vou bater mais ainda o prego na cabeça do pobre Giddens. E' que seu texto desenhou a seguinte imagem em minha cabeça: reflexividade giddensiana = racionalidade instrumental. Admito que minha antipatia poli'tica por Giddens tem a ver com minha seguinte impressão: o liberalismo de Giddens, seu conceito e sua perspectiva articulados ( reflexividade; ator social como fundamento moral e politico)nunca me convencem teoricamente. E' como se ele tivesse entrado na onda do "retorno do sujeito" muito apressadamente. No final das contas, a teoria da estruturação, as estruturas macro-sociais parecem mais so'lidas em sua teoria do que sua adesão à reflexividade e ao ator. Sera' que se trata de uma herança estrutural-marxista reprimida que retorna como sintoma? No mais, tem a entrevista que li com o aluno de Derrida (Bernard Stiegler)e que me fez dizer "que rapaz pra conversar parecido com Jonatas..." Nunca li nada dele, mas espero que não seja um nosta'lgico da soberania à la Schmitt - se é, a entrevista conseguiu me enganar. Achei que ele tenta, voltando à economia poli'tica, pensar/agir no sentido da reconstrução cri'tica da poli'tica e da sociedade. Cito trechos que achei muito interessantes: "No's temos a impressão que não podemos parar o processo de degradação e que os dirigentes e os grandes industriais não conseguirão jamais se entender nem ir contra seus interesses de curto termo. O modelo de desnvolvimento do fim do século XX tornou-se to'xico, mas no's não vemos como para'-lo." "O objeto de um verdadeiro desejo é...protegido, ou mesmo santificado - como é o caso do objeto de culto, assim como o objeto do amor filial ou ero'tico e de qualquer processo de idealização, ou seja, de todas as formas de saber. Ao contra'rio, a canalização do desejo pela organização do consumo cria a decepção e conduz à destruição do desejo. O verdadeiro desejo é aquele que transforma as pulsões pela educação, pelo engajamento afetivo, pela sublimação no trabalho, pela criação, pelas atividades sociais e cidadãs. em sociedades fundadas sobre a renovação constante de mercadorias descarta'veis, o desejo não deve mais se investir nos objetos: ele deve ser reduzido às suas dimensões pulsionais" "O enjeu é de organizar a ultrapassagem do curto para o longo termo, o que passa por uma politica e uma economia do tempo capazes de projetar e de tornar deseja'vel um futuro industrial que permita deixar progressivamente o modelo tornado to'xico. E' possi'vel antes de tudo porque não ha' outra solução. Mas para que isso se faça na paz social, sera' preciso muita coragem, inteligência e inventividade poli'tica e econômica. E um relance massivo do investimento sobre esse novo modelo". Stiegler ja' esta' em ação: dirige o Institut de recherche et d'innovation - associação criada sob sua iniciativa pelo Centre Pompidou, Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona e...Microsoft France! O que acha?
Respeito muito o trabalho de Stiegler. Lei os dois primeiros volumes do Temps et technique. Trabalho brilhante. Preciso ler os outros dois volumes que ele produziu depois disso.
Quanto a Giddens. Acho que para um liberal, ele pensa muito precariamente o problema de liberação, o que nos permite propor a associação que você fez acima. Respeito o trabalho dele, mas... Abraço, Jonatas
Aproveitando que estou passando por aqui para ler o texto de Vandenberghe, vale declarar que eu também respeito o trabalho de Giddens, apesar da irreverência que fiz em meu comenta'rio anterior.
15 comentários:
Jonatas,
Essas concepções "alargadas" de experiência referidas pela fenomenologia, pela hermenêutica e pelo pragmatismo me interessam. Mas não seria possível falar de experiência sem pensamento (no sentido de que elas podem anteceder qualquer juízo) e, portanto, de experiências pré-reflexivas? A atitude natural (assim como a "tradição" Gadameriana) consiste, afinal de contas, na suspensão da dúvida e, neste sentido, não pode ser propriamente reflexiva... Você não acha que se alargarmos a noção de reflexividade até o ponto em que ela abranja qualquer atividade mental o conceito perde o sentido?
Ah, e seu título, em particular, está uma lástima: nem suficientemente pomposo, nem suficientemente cacofônico. Fracasso, na certa.
Cynthia,
Gracias. Assumo o segundo fracasso; o primeiro é do próprio Giddens. Acho que a noção de reflexividade dele é naturalizada, se tomarmos a perspectiva a partir da qual eu falo. Do ponto de vista da fenomenologia, acredito, é necessário ter como ponto de partida que a própria ideia de experiencia científica deva entrar em crise para que algo como um pensar radical, sobre o qual toda ciência seria reconstruída, e que Husserl talvez estaria feliz em chamar refletir, aceito, possa ser concebido. Se evitarmos os eventuais problemas com respeito ao jargão: sob a égide da "reflexividade" o sujeito giddensiano já nem se coloca a questão da liberdade, mas tão somente a manutenção de uma coerência interna que lhe garanta adaptação. É claro que eu não sou um liberal, eis aí a questão. E por isso talvez ache pior a emenda do que o soneto original, que, afinal, era cheio de poesia e auto-confiança. Giddens, porém, é apenas um pretexto para falar de um apequenamento mais estrutural de nossos horizontes políticos e culturais. Jonatas
Não, não era de Giddens que eu falava, mas do próprio Husserl e de Gadamer. As noções de experiência que se relacionam ao mundo da vida, por um lado, e à tradição, por outro, não são pré-reflexivas? Experiências que não geram a dúvida (Husserl) ou a negatividade (Gadamer) não levam ao pensamento pq não há necessidade de (re)estabelecimento do significado.
Talvez o que me incomode seja essa sua ideia da possibilidade de "ser reflexivo sem pensar". Qual a diferença entre raciocinar e pensar? Uma experiência como desejar algo, ou esperar algo, é refletir?
Para mim, o que parece interessante é justamente a incorporação de diferentes tipos de experiência no pensamento (como o que ocorre na experiência histórica, ou na experiência hermenêutica). Mas a experiência pela experiência não me parece levar a lugar algum. Você nunca experienciou algo que não sabia o que era nem se importou o suficiente para tentar descobrir?
Cynthia,
Vamos às perguntas:
"Não, não era de Giddens que eu falava, mas do próprio Husserl e de Gadamer. As noções de experiência que se relacionam ao mundo da vida, por um lado, e à tradição, por outro, não são pré-reflexivas?"
Há certos abismos entre Husserl e Gadamer. No primeiro, temos a tradição sob a forma de senso-comum que não permite pensar criticamente e no segundo você tem uma ruptura com a tradição e com o senso-comum (como portadores de significado) que precisa ser reestabelecida - e essa seria a base de um aprofudamento crítico da tradição. Mas tanto num como no outro caso, o pensamento científico é portador de um certo tipo de experiência que não permite a crítica. O que é mesmo uma experiência científica, pergunta-se Husserl? Como ela é possível para a consciência. É a naturalização da razão técnica como única forma de pensar que uniria as perspectivas bastante distintas desses dois pensadores, no que pese a influência de Husserl em Gadamer via Heidegger.
"Talvez o que me incomode seja essa sua ideia da possibilidade de "ser reflexivo sem pensar". Qual a diferença entre raciocinar e pensar? Uma experiência como desejar algo, ou esperar algo, é refletir?"
Minha resposta aqui é só uma continuidade da anterior. A ciência pode se reproduzir acriticamente. Como diria Weber, é possível ser racional do ponto de vista técnico, instrumental e não o ser substantivamente. De vez em quando me ocorre que eu posso estar me debruçando sobre as questões erradas, ou, para dizer como Deleuze, que eu nem sequer estou conseguindo fazer questões. É possível proceder reflexivamente para antender às demandas de produtividade da instituição a, b ou c, sem que nos perguntemos: e por que eu estou tão ansioso por produzir, por mostrar serviço, por responder às perguntas que Cynthia faz asap, por me mostrar sabido etc. etc.? Como você vê, meu uso da oposição pensar-refletir, decidir-optar tem como objetivo discutir a inércia da razão nas sociedades da aceleração tecnológica.
Quanto à experiência, ela pode significar muitas coisas. Penso no ensaio de Benjamin acerca da pobreza da experiência que usei recentemente para introduzir uma discussão sobre niilismo. O que estou considerando nesse pequeno texto, todavia, é algo bem mais específico.
"Você nunca experienciou algo que não sabia o que era nem se importou o suficiente para tentar descobrir?"
Mais uma vez, isso depende do que você pretende discutir. Mas, embarcando na sua sugestão: por que você não tentou descobrir? Por que era irrelevante mesmo? Por que isso iria atrapalhar sua performance? Considere que o meu foco é bastante específico: a experiência científica que impede a experiência num sentido benjaminiano, se você quiser. Ou seja, que não permite a emergência de algo existencialmente significativo.
Puta merda! Escrevi uma resposta longuíssima e o blogger me informou que não iria publicar aquilo tudo "not even if a cow would cough". Mas acho que não cortou muita coisa. Bom, aí está. Obrigado pelas críticas. Jonatas
E quando disser: "É a naturalização da razão técnica como única forma de pensar que uniria as perspectivas bastante distintas desses dois pensadores, no que pese a influência de Husserl em Gadamer via Heidegger".
queria dizer: "É a constatação da naturalização da razão técnica como única forma de pensar que uniria a crítica contida nas abordagens distintas desses dois pensadores, no que pese a influência de Husserl em Gadamer via Heidegger".
Aff, que confusão do inferno! Eu havia inicialmente entendido (não me pergunte como) que você estabelecia uma identidade entre essas noções mais "amplas" de experiência - de que falam Husserl e Gadamer, por exemplo (e minha relação entre os 2 parava aí) - e a ideia de reflexividade. Daí ter perguntado se vc não achava que era possível experiência sem pensamento e sem reflexão. Entendeu agora?
Um verdadeiro mal-entendido.
Mas gostei do texto.
A crítica à ideia de experiência científica como critério de verdade é comum a ambos, mas a partir de perspectivas diferentes. Nem me lembrava de ter falado de Gadamer no texto. Lembro de Husserl. Depois eu vejo. Mais uma vez, obrigado por afinar algumas ideias. Bom que você tenha gostado do texto. Quanto ao mal-entendido, é nisso que dá a gente não se esforçar por ser abstruso e pomposo. A colega não entende. Jonatas
"Nem me lembrava de ter falado de Gadamer no texto"...
Agora danou-se de vez.
Hahaha!
Mas essa confusão me levantou umas questões interessantes que depois gostaria de discutir com você. Sobre a crítica em Gadamer.
Bj
Jonatas,
Gostei bastante de seu texto também.
E acho que vou bater mais ainda o prego na cabeça do pobre Giddens. E' que seu texto desenhou a seguinte imagem em minha cabeça: reflexividade giddensiana = racionalidade instrumental. Admito que minha antipatia poli'tica por Giddens tem a ver com minha seguinte impressão: o liberalismo de Giddens, seu conceito e sua perspectiva articulados ( reflexividade; ator social como fundamento moral e politico)nunca me convencem teoricamente. E' como se ele tivesse entrado na onda do "retorno do sujeito" muito apressadamente. No final das contas, a teoria da estruturação, as estruturas macro-sociais parecem mais so'lidas em sua teoria do que sua adesão à reflexividade e ao ator. Sera' que se trata de uma herança estrutural-marxista reprimida que retorna como sintoma?
No mais, tem a entrevista que li com o aluno de Derrida (Bernard Stiegler)e que me fez dizer "que rapaz pra conversar parecido com Jonatas..." Nunca li nada dele, mas espero que não seja um nosta'lgico da soberania à la Schmitt - se é, a entrevista conseguiu me enganar. Achei que ele tenta, voltando à economia poli'tica, pensar/agir no sentido da reconstrução cri'tica da poli'tica e da sociedade. Cito trechos que achei muito interessantes:
"No's temos a impressão que não podemos parar o processo de degradação e que os dirigentes e os grandes industriais não conseguirão jamais se entender nem ir contra seus interesses de curto termo. O modelo de desnvolvimento do fim do século XX tornou-se to'xico, mas no's não vemos como para'-lo."
"O objeto de um verdadeiro desejo é...protegido, ou mesmo santificado - como é o caso do objeto de culto, assim como o objeto do amor filial ou ero'tico e de qualquer processo de idealização, ou seja, de todas as formas de saber. Ao contra'rio, a canalização do desejo pela organização do consumo cria a decepção e conduz à destruição do desejo. O verdadeiro desejo é aquele que transforma as pulsões pela educação, pelo engajamento afetivo, pela sublimação no trabalho, pela criação, pelas atividades sociais e cidadãs. em sociedades fundadas sobre a renovação constante de mercadorias descarta'veis, o desejo não deve mais se investir nos objetos: ele deve ser reduzido às suas dimensões pulsionais"
"O enjeu é de organizar a ultrapassagem do curto para o longo termo, o que passa por uma politica e uma economia do tempo capazes de projetar e de tornar deseja'vel um futuro industrial que permita deixar progressivamente o modelo tornado to'xico. E' possi'vel antes de tudo porque não ha' outra solução. Mas para que isso se faça na paz social, sera' preciso muita coragem, inteligência e inventividade poli'tica e econômica. E um relance massivo do investimento sobre esse novo modelo".
Stiegler ja' esta' em ação: dirige o Institut de recherche et d'innovation - associação criada sob sua iniciativa pelo Centre Pompidou, Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona e...Microsoft France! O que acha?
Cynthia,
Fiz uma busca. Não mencionei Gadamer. Jonatas
Justamente.
C.
Tâmra,
Respeito muito o trabalho de Stiegler. Lei os dois primeiros volumes do Temps et technique. Trabalho brilhante. Preciso ler os outros dois volumes que ele produziu depois disso.
Quanto a Giddens. Acho que para um liberal, ele pensa muito precariamente o problema de liberação, o que nos permite propor a associação que você fez acima. Respeito o trabalho dele, mas... Abraço, Jonatas
Aproveitando que estou passando por aqui para ler o texto de Vandenberghe, vale declarar que eu também respeito o trabalho de Giddens, apesar da irreverência que fiz em meu comenta'rio anterior.
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