domingo, 20 de junho de 2010

Nacionalismo, Futebol e Identidade Cultural



Fernando da Mota Lima


Como sabem os estudiosos da nossa história política e cultural recente, “Um dia na vida do Brasilino”, de Paulo Guilherme Martins, é uma fábula nacionalista publicada no outono de 1961. É assim que o próprio autor data muito anticonvencionalmente seu livreto. O texto está agora disponível na internet, como quase tudo. Passou a circular nela como edição comemorativa dos 41 anos do seu lançamento. Dado que retorna inalterado, é razoável supor que Martins se mantenha fiel à mesma ideologia, que a subscreva com a mesma convicção com que a escreveu no outono de 1961. O sentido ideológico da fábula é de uma transparência meridiana: o cotidiano do brasileiro, simbolizado na figura de Brasilino, é atravessado do primeiro ao último minuto pela dominação onipresente do imperialismo econômico e cultural. O processo de acelerada globalização disparado a partir de 1964, ano em que os militares impuseram às forças de esquerda uma derrota devastadora, tornou no presente o mote do nacionalismo e anti-imperialismo de esquerda inteiramente anacrônico. No entanto, a ideologia sobrevive aparentemente intocada.




12 comentários:

Cynthia disse...

Jonatas, você pode me emprestar o microscópio que usou para editar esse texto?

Le Cazzo disse...

No meu pc o texto aparece sem nenhum problema. Aliás, os caracteres aparecem em tamanho maior que os que você usou para editar o texto sobre Bottomore e William Oldeight.

Tâmara disse...

Fernando,
Gostei muito de seu texto; ele inclusive esta' me inspirando para fazer outro, sobre a sociologicamente impressionante participação da França nessa Copa. Assim o Cazzo fica com um dossier Copa-2010 e eu, Luciano Oliveira e você podemos, como os jogadores da França, fazer um motim contra os dirigentes do blog e toma'-lo de assalto (rssss). Abraço.
P.S. Aproveito para dizer que fiz um comenta'rio bem bacana à entrevista que você fez com Luciano Oliveira, mas seu blog não aceitou!

Anônimo disse...

Tâmara:
É um prazer conversar um pouco com você no espaço de comentário do Cazzo. Aguardarei seu artigo sobre a Copa cuja estrela suprema é a bola. Nunca antes ouvi uma bola ser tão discutida (e maltratada). Sei um pouco de você através de Luciano, pois fiquei curioso por saber quem era você desde que comecei a notar sua presença no Cazzo. Não compreendo o fato de você não conseguir postar um comentário no meu blog. Até Luciano, imagine, já conseguiu. Aguardarei seu artigo.
Fernando.

Tâmara disse...

Pois é, Fernando, para mim também é um prazer conversar com você.
Não sei o que aconteceu com meu comenta'rio ao seu blog. Acho que blog é como receita de bolo,cada um com seus macetes. Fiz igualzinho ao que faço no Cazzo, repeti va'rias vezes mas nunca foi gravado nem publicado! Aproveito para dizer o pouco que lembro do comenta'rio frustrado: aquela entrevista é saberosa! Eu pensava que seria apenas um momento para relembrar prazeirosamente do livro, mas a entrevista era muito mais: você e Luciano juntos trouxeram novas facetas; foi um deleite!
Agora vou tentar enviar meu texto, redigido à la va vite, no calor dos acontecimentos. A menina e os meninos do Cazzo são mesmo poderosos: nem pediram nem quiseram, mas fizeram de mim a correspondente especial do Cazzo para a o'pera-bufa francesa na Copa. Abraço.

Cynthia disse...

Jonatas estuda com um cara chamado Scotch não-sei-das-quantas e fica fazendo piadinha com o nome do meu ex-orientador. É o monstro verde levantando sua cabeça horrorosa.

Fernando, ele colocou a letra do seu texto menor que a de todo mundo, viu? (Só aproveitando que Tâmara está semeando a cizânia por aqui).

Felipe disse...

aproveitando o espaço, ainda que não tenha a ver com a discussão em foco: sou aluno de ciências sociais do RJ e agora estou decepcionado (muito triste mesmo) em saber que o iuperj realmente acabou..é um alívio ver que tem gente fazendo um trabalho como o de vocês nesse país.

Cynthia disse...

Caro Felipe, é realmente uma pena. Mas os professores do Iuperj continuarão a fazer um trabalho sério na UERJ. Vamos torcer para que nas mesmas condições. E, em nome de nós que fazemos o Cazzo, muito obrigada.

Le Cazzo disse...

E o meu pai é mais forte que o teu! Jonatas

Cynthia disse...

Arture, amore, vamos mudar a senha do blog?

Tâmara disse...

Cynthia, querida
Eu não sou semeadora de cizânia; foi um espi'rito zombeteiro gaulês que baixou - quando de meu primeiro comenta'rio. Como pode notar, em meu segundo comenta'rio eu ja' tinha voltado de uma sessão de descarrego: não so' chamei vocês de poderosos como os rejuvenesci!
Mas acho que esse mesmo espi'rito gaulês ja' tinha atacado você e Jonatas desde a véspera. Acabem então com essa ma'-querença porque os leitores e colaboradores do Cazzo precisam do triunvirato. Viu como sei ser conciliadora? Sou melhor do que a estonteante ministra da sau'de e dos esportes da França,tentando convencer seus jogadores da maternal que eles devem jogar contra a A'frica do Sul hoje. Abraço.

Cynthia disse...

Sob o risco de esculhambar ainda mais o post de Fernando (desculpa, Fernandinho, juro que é meu último comentário off topic!), seu espírito zombeteiro é, para usar uma expressão de Artur, como vinhozinho gaulês: é bom e só faz bem. E para provar que não guardo mágoas de Jonatas, dou até uma ideia para promover a obra do ex-orientador dele: Pub londrino mal-iluminado. Uma loira provocante segura um copo de uísque, olha para a câmara e sussurra: "Scotch Latch... modernidade e risco em cada dose".

Quanto ao futebol, minhas reflexões conseguem ser ainda piores que meu talento publicitário, daí minha abordagem wittgensteiniana ao tema: "sobre aquilo que não se pode falar, melhor calar".