Depois de morto, Marcelo
Eduardo Bovo Pesseghini (13 anos) virou rapidamente uma espécie de
celebridade internacional macabra: “matou a família e foi à
escola”. Se tivesse ido ao cinema, como o rapaz do filme de Júlio
Bressane (1969), talvez não tivesse completado o massacre familiar
com seu suicídio, porque, convenhamos, ver um filme costuma ser
atividade bem mais vivificante do que frequentar a maioria das
escolas Brasil afora.
Logo depois surgiu outra
hipótese, na qual o suposto menino matador e suicida tranformava-se
em vítima de armação dos mandantes do massacre. Sustentando-se em
declarações de um coronel da PM, chefe da mãe assassinada,
afirmando ter esta última descoberto que colegas policiais eram
parte de quadrilhas de roubo a caixas eletrônicos, essa hipótese
parece ter mexido imeditamente com os nervos da hierarquia da Polícia
Militar: um dia depois o mesmo coronel assinou um termo na
Corregedoria de sua corporação declarando não haver qualquer
denúncia formalizada no batalhão que dirige (por livre e espontânea
pressão?) e o Comando da PM declarou que um procedimento
administrativo será instaurado para investigar as declarações
supostamente “errôneas” do coronel.
E durante dois dias
Marcelo voltou a ser preferencialmente o adolescente macabro, o jovem
matador-suicida inspirado em vídeos games e/ou em serial killers
norte-americanos, como “comprovariam” postagens suas em redes
sociais e o depoimento à polícia de um amigo de escola com a mesma
idade que ele. No dia 11 de agosto, todavia, entra em cena uma
celebridade esquecida, o professor e médico legista alogoano que
demonstrara o duplo assassinato de P. C. Farias e Suzana Marcolino,
afirmando haver várias falhas e estranhezas nos procedimentos e
conclusões dos peritos do caso e declarando categoricamente que
Marcelo Pesseghini também foi assassinado porque a posição de seu
corpo é incompatível com um suicídio.
Nesse imbróglio
flutuante, desde que foi declarado pela Polícia Civil paulista como
principal suspeito pela morte de seus pais, de sua avó, de sua tia-
avó e de si mesmo, a imagem desse adolescente de 13 anos tem
circulado pelo mundo em duas versões radicalmente opostas, algoz
juvenil ou vítima inocente, ambas acionando representações
sociais
(Moscovici, 2004) cuja coerência se sustenta facilmente em estoques
sociais de conhecimento
(Berger/Luckmann) das sociedades contemporâneas em geral e/ou da
brasileira em particular: o da violência juvenil (comumente
articulado a representações de uma onipotência de velhas ou novas
TICs veiculadoras de filmes, séries, jogos violentos e/ou da
supostamente necessária redução da maioridade criminal); o da
violência e/ou envolvimento crônico de nossas polícias com a
corrupção e o crime.
O escritor e jornalista
Carlos Heitor Cony afirmou no dia 11.08.2013, em coluna da Folha
de São Paulo,
que ambas as versões têm mais furos do que um queijo suiço. Do
ponto de vista de uma investigação policial, concordo com ele –
por enquanto. Mas gostaria de argumentar aqui que, do ponto de vista
sociológico, a imagem de Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini oscila
entre os dois pólos extremos de um mesmo horizonte simbólico sobre
a juventude na modernidade: o do medo (“problema social”, ameaça
de ruptura, desencadeamento potencial de um “pânico moral”) e o
da esperança (pelas possibilidades de um futuro desejado – que o
caráter transitório da juventude costuma encarnar na modernidade:
(...)A juventude, vista como categoria
geracional que substitui a atual, aparece como retrato projetivo da
sociedade. Nesse sentido, condensa as angústias, os medos assim como
as esperanças, em relação às tendências sociais percebidas no
presente e aos rumos que essas tendências imprimem para a
conformação social futura.
A tematização da juventude pela
ótica do “problema social” é histórica e já foi assinalada
por muitos autores: a juventude só se torna objeto de atenção
enquanto representa uma ameaça de ruptura com a continuidade social:
ameaça para si própria ou para a sociedade.
Seja porque o indivíduo
jovem se desvia do seu caminho em direção à integração social —
por problemas localizados no próprio indivíduo ou nas instituições
encarregadas de sua socialização ou ainda por anomalia do próprio
sistema social —, seja porque um grupo ou movimento juvenil propõem
ou produz transformações na ordem social ou ainda porque uma
geração ameaça romper com a transmissão da herança cultural.
(Abramo, 1997, p. 28)
E ainda:
(...)Não
é por acaso que a problematização é quase sempre então uma
problematização moral: o foco real de preocupação é com a coesão
moral da sociedade e com a integridade moral do indivíduo — do
jovem como futuro membro da sociedade, integrado e funcional a ela. É
nesse sentido também que na maior parte das vezes a problematização
social da juventude é acompanhada do desencadeamento de uma espécie
de “pânico moral” que condensa os medos e angústias relativos
ao questionamento da ordem social como conjunto coeso de normas
sociais. (Abramo, 1997 p.29)
Como algoz, a imagem de
Marcelo Pesseghini nos re-apresenta (Jodelet, 2003) certas
experiências sociais ameaçadoras: o da participação crescente de
jovens em atividades do tráfico de drogas e a midiatização
exaustiva de práticas transgressivas ou criminosas de quaisquer
tipos protagonizadas por jovens. Como vítima, ele nos re-apresenta
nossas experiências com a violência e o crime policiais – que nas
manifestações de junho batizaram muitos das “nossas novas
gerações” ruas afora, além de ter sido mais violenta ainda
contra suas vítimas habituais: moradores de favelas, o pedreiro
Amarildo, etc.).
No mesmo artigo já
comentado aqui, o colunista da Folha
diz
que
ambas as versões “servem para uma reflexão amarga sobre os tempos
que vivemos” e que elas nos dão “motivos para duvidar dos
valores da sociedade da qual fazemos parte” – exprimindo o
potencial “pânico moral” que o caso Pesseghini contém. Mas,
infletindo essa identificação entre imagem de algoz juvenil ou de
vítima de policiais criminosos efetuada por Cony, pode-se pensar
numa mediação entre ambas que seria estruturante das relações
modernas entre adultos e jovens – o do controle
dos jovens pelos adultos como meio de conciliação entre o medo e a
esperança do futuro que a juventude representa na construção da
modernidade:
Uma vez dotadas de especificidade
própria, as fases da vida não se tornam apenas autônomas, umas em
relação às outras. Permanecem interdependentes e mesmo
hierarquizadas. Tal hierarquia constrói-se sobre a base de uma
tensão, intrínseca à modernidade, entre uma orientação definida
pela lógica da modernização (portanto, orientação para o futuro,
através da afirmação conquistadora da renovação enquanto valor)
e o fundamento normativo da ordem moderna, que afirma, ao contrário,
a primazia do passado enquanto elemento de significação do futuro.
Cabe ao passado, isto é à ordem social já
constituída, domesticar,
sem destruir, os elementos de transformação e modernização
inerentes à vida moderna. (Peralva, 1997, p. 18)
Ainda seguindo Peralva,
para quem o controle dos jovens pelos adultos se conjuga como verbo
domesticar,
a história da sociologia da juventude foi marcada pelo binômio
ordem social/socialização enquanto “categoria interpretativa
central” (Peralva, 1997, p. 20). Na tradição funcionalista, onde
a ordem social normativa seria concebida mais como um a
priori
do que como categoria de análise, isso desembocou na abordagem da
juventude pela temática do desvio,
nutrindo e nutrindo-se de representações sociais dos jovens como
categoria social potencialmente resistente à ou carente de
socialização, ou seja, como categoria problemática, vulnerável,
amedrontadora.
Mas para essa autora,
mesmo vertentes em ruptura com o funcionalismo – como a
interacionista ou a classista – não fogem de um quadro analítico
preso à oposição ordem/desvio. Seria apenas com a chamada corrente
geracional, iniciada por K. Mannheim e retomada nos anos 1960 no bojo
do engajamento político da juventude, que a sociologia entraria no
domínio das representações sociais modernas em torno da esperança
pelo suposto potencial inovador dos jovens: a juventude não é mais
vista apenas como desviada ou vigiada “porque sua marginalidade
inova e transforma” (Peralva, 1997, p. 20). Argumentando a partir
de considerações do próprio arcabouço teórico geracional da
sociologia de juventude, para a qual o potencial de
inovação/transformação de uma nova geração depende do grau de
tensão entre enteléquias
(ordens de significados expressos por gerações diferentes), Peralva
vai concluir que a aceleração das mudanças sociais nas últimas
décadas tem dissolvido a oposição entre enteléquias e
desorganizado o modelo ternário do ciclo de vida – estruturante da
modernidade –, realçando os seguintes traços:
Embora nossa consciência dessas
transformações seja ainda extremamente recente, já parece claro
que o modelo educativo da socialização, co-fundador da ordem
moderna, entrou em estado de obsolescência. Vários indícios
apontam para um modo de ordenamento cultural que seria hoje, se
recorrermos às categorias de Mead (1979), mais cofigurativo, no
sentido de um aprendizado comum realizado pelos diferentes grupos
etários face às injunções de um mundo que lhes aparece como
fundamentalmente novo, do que pós-figurativo, como o foi o modelo da
modernidade ocidental, pautado na transmissão da experiência
passada como elemento de ordenação e domesticação do futuro, ou
pré-figurativo como foi o modelo fundado nas utopias de que foi
portadora a geração dos anos sessenta. (Peralva, 1997, p.23)
É nesse contexto que
especialistas começam a utilizar uma noção, a de juvenização
(Peralva,
1997) ou juvenilização
(Rocha/Pereira,
2009) do mundo, contendo três condicionantes principais: a
aceleração das mudanças sociais colocada anteriormente (com o
futuro tornado presente e absorvendo o passado), a importância que
adquiriram as TICs na dinâmica societal e a centralidade do consumo
nas vidas contemporâneas. Para certos pesquisadores, como Rocha &
Pereira (2009), analisando o que eles nomeiam de lógica
cultural
do consumo, com a juvenilização do mundo,
(...), a
juventude passa a ser um valor
agregado
presente nos produtos – e absolutamente tudo que a ela se refere
passa a ser, também, um produto. Os adultos já não apenas
controlam, eles consomem
a juventude.
Consumindo a
juventude e seus estilos de vida, os pais se parecem cada vez mais
com seus filhos, os avós com seus netos. Ainda que a alteridade se
mantenha, já que a disputa pelo poder e pelo controle faz parte de
toda dinâmica social, o que marca a relação entre as gerações já
não é mais o conflito. O embate tão inspirador das forças
antagônicas, que foram fundamentais para os movimentos políticos e
culturais que conduziram os caminhos em décadas passadas, foi
substituído pela tendência de aproximação entre as gerações.
Se, antes, os adultos estabeleciam regras para a juventude, hoje ela
é a regra. (Rocha/Pereira, 2009, p.100)
Para
outros, como Abramo (1994, apud
Peralva,
1997) e Peralva (1997), a juvenização assim inscide sobre o mundo
social e sobre a sociologia da juventude:
O novo significado dos estudos sobre
juventude emerge ao que parece desse conjunto de transformações.
Enquanto o adulto vive ainda sob o impacto de um modelo de sociedade
que se decompõe, o jovem já vive em um mundo radicalmente novo,
cujas categorias de inteligibilidade ele ajuda a construir.
Interrogar essas categorias permite não somente uma melhor
compreensão do universo de referências de um grupo etário
particular, mas também da nova sociedade transformada pela mutação.
(Peralva, 1997, p. 23)
Mas
é fundamental lembrar que essas mudanças em aceleração
estonteante que teriam trazido a juvenização/juvenilização do
mundo, não eliminaram o controle
como representação conciliadora do binômio medo/esperança com que
na modernidade representamos a juventude. Assim como não significam
que estamos mais tolerantes em relação às idades, como afirma
Peralva sustentando-se em Ghita Debert, porque na verdade o que se
valoriza são estilos e valores de vida, eu acrescentaria estilos de
consumo associados à juventude, não os jovens em sua concretude e
diversidade. Apoiando-me em E. Rocha e C. Pereira,
[o]cupar
um lugar no futuro insinua que a concepção de juventude não
habita, pelo menos na perspectiva social, o presente. Como procuramos
demonstrar, os jovens já não são mais crianças e nem ainda chegam
a ser adultos; nessa transitoriedade, estão em eterno gerúndio,
sempre iniciando,
crescendo,
aprendendo,
concluindo.
E, no gerúndio, as possibilidades de mudança de rumo são sempre
abertas, permitindo desvios de percurso. Daí os perigos que
representam para os adultos, que buscam segurança social a partir do
controle que exercem sobre os jovens, mas daí também o fascínio,
pois o jovem também é a ideia de poder levar uma vida nova ou a um
futuro desejado. Assim sendo, a juventude passa a ser símbolo de um
status
social, ou melhor, de uma aura,
uma simpatia pública,
que estende o conjunto de valores presente na ideia de ser
jovem para outras faixas
etárias. (Rocha/Pereira, 2009, p. 98)
Um
caso midiatizado como o da família de PMs massacrada mostra, por sua
própria midiatização e repercussão, como uma certa representação
do jovem como desviado em potencial mantém forte significação
social. Ou seja, apesar de toda a chamada juvenização/juvenilização
do mundo, jovens continuam sendo criminalizados muito facilmente –
juristas brasileiros criticaram a rapidez com que os investigadores
do caso tornaram pública a hipótese de um homicídio coletivo
acompanhado de suicídio: nossas representações de medo da
juventude, velhas como a modernidade, contribuíram com a facilidade
da acusação quase imediata e amplamente midiatizada do adolescente.
Medo este que se exprime
em representações sociais criminalizantes, reforçando
o sentido securitário do tratamento da juventude – tratamento de
“caso de polícia” para quem é jovem, pobre, escuro, habitante
de periferia, mas que também pode ser exercido nos corpos de quem é
jovem, rico ou bem remediado e mora em bairro “diferenciado, como
vimos em junho na guerra entre balas de borracha/ gás lacrimogêneo
contra o vinagre. Por outro lado, de um ponto de vista menos
simbólico, ou seja, socioeconomicamente, os jovens, embora cada vez
mais escolarizados, têm sido vítimas preferenciais do desemprego ou
do trabalho precário em boa parte do mundo. Assim como, no Brasil,
não só batem recordes nas estatísticas de morte violenta como têm
composto um grupo crescente de jovens “nem-nem” (nem estudam, nem
trabalham) – para não falar de parte de nossos jovens que se
transformam em “soldados” de traficantes.
De
tal sorte que a tal juvenilização do mundo não parece ser muito
benéfica para os jovens de carne, osso, necessidades e aspirações
desiguais e diferentes. Não é então por acaso que eles tenham
protagonizado manifestações de protestos em várias partes do
mundo, exprimindo sua diversidade e complexidade, mas revelando um
mal-estar social generalizado e heterogêneo diante das consequências
políticas, econômicas e simbólicas das aceleradas tranformações
sociais das últimas décadas. Numa era de incertezas (Castel, 2009)
será possível que a experiência dessas manifestações reacione a
tensão entre enteléquias
(Mannheim,
1990, apud
Peralva,
1997) que, segundo os geracionistas, é fonte de inovação social?
Esperemos e participemos, bucando mais diálogo do que tensão entre
enteléquias
diferentes.
O
caso de Marcelo Pesseghini, entretanto, se se confirmar seu papel de
algoz da família e de si mesmo, não indica razões de esperança.
Pelo contrário, é caso com vocação para acionar as representações
de medo da juventude que, no Brasil, articulam-se construtivamente à
irracional e violenta proposta de redução da maioridade criminal.
Por outro lado, se se confirmar que o massacre tem relação com uma
quadrilha de roubos a caixas eletrônicos, estamos diante de mais uma
expressão de que, em países como o Brasil, a violência e o crime
policiais são uma das fontes das representações criminalizantes
dos jovens.
REFERÊNCIAS CITADAS
ABRAMO,
H. W. « Considerações sobre a tematização da juventude no
Brasil”. In: Revista
Brasileira de Educação. Mai/Jun/Jul/Ago
1997 N º 5 Set/Out/Nov/Dez 1997 N º 6
.
BERGER,
P. & LUCKMANN, T. A
construção social da realidade. Petrópolis,
Editora Vozes, 1985.
CASTEL,
R. La
montée des incertitudes – travail, protections, statut de
l’individu. Paris,
Éditions du Seuil, 2009.
JODELET,
D. « Répresentation sociale : phénomènes, concept et
théorie. » IN :
MOSCOVICI, S. (dir.). Psychologie
sociale. Paris:
PUF, 2003.
MOSCOVICI.
S. Representações
sociais. Investigações em psicologia social. Petrópolis,
Editora Vozes, 2004.
PERALVA,
A. « O jovem como modelo cultural. In: Revista
Brasileira de Educação. Mai/Jun/Jul/Ago
1997 N º 5 Set/Out/Nov/Dez 1997 N º 6.
ROCHA, E. & PEREIRA,
C. Juventude
e consumo. Um estudo sobre a comunicação na cultura contemporânea.
Rio de
Janeiro, Mauad, 2009.
7 comentários:
como já tem se tornado um hábito no Catzo, Tamara Oliveira nos brinda com sua atenta observação sociológica, visão de campo, manejo oportuno de referencias teóricas e textos de mídias diversos.
Seu texto é material de reflexão, análise e estímulo à observação para os que se interessam pela juventude no Brasil e mundo afora.
gostei e vou recomendar!
luciana chianca
Lu!
Estou aqui emocionada com a honra de seu comentário. Como elogio de irmã costuma ser objeto de desconfiança, vou recebê-lo como elogio da antropóloga competente, apaixonada pelo que faz e ainda por cima serena - coisa que a sociologia nunca conseguiu fazer de mim. Acho até que escolhi a sociologia por combinar mais com minha agonia. Mas escrever no Cazzo esses textinhos, que às vezes minha vaidade quer chamar de "crônicas sociologizadas", costuma me aclamar. Pode ser uma grande ilusão minha, mas tornar públicas minhas inquietações diante de certos fenômenos ou acontecimentos, inquietações que são irremediavelmente mediadas pelo muito ou pouco de olhar sociológico que tenho, me dá a impressão de que as ciências sociais contam ainda para alguma coisa. No caso em questão, o que acionou minha inquietação foram conversas de rua revelando que há, concretamente, articulação entre a suspeita oficial da polícia e representações justificativas da violenta proposta de redução da maioridade penal no Brasil (articulação que não é exclusividade do Brasil: lembra de Sarkozy da França e seus projetos de criminalização de crianças, "cientificamente" justificados?)
Muito obrigada pelo comentário. Beijo grande, Mirim
Vixe!
Eu quis dizer que escrever para o Cazzo "costuma me acalmar" e escrevi "aclamar". Fico me perguntando se foi apenas um erro de digitação ou se preciso consultar um analista...Seja como for, fica assinalada a errata.
Adorei o texto! O que eu mais gosto dos textos que você posta no cazzo é que a gente lê mergulhando na realidade, no mundo das pessoas mesmo. É a forma de fazer sociologia que mais gosto, é próximo demais da realidade, e, ao mesmo tempo, a leitura é muito prazerosa.
Tâmara,
Inclua-me entre os admiradores de seu estilo e inteligência. Abraço, Jonatas
Quel,
Seu comentário envaidecedor é também a priori suspeito: nossas afinidades eletivas, nossas conversas à beira rio sobre tudo e nada, conversas que nos ensinam que as agonias com o mundo não são incompatíveis com o gosto de estar nele “atent@s e fortes”, mas também relaxad@s e frágeis (principalmente se contamos com uma cerva gelada), são propícias a apreciações mediadas pelo afeto. Mas como o afeto é componente do conhecimento (para alguns, como Axel Honnet, até o precede), fico feliz que uma pessoa com a inteligência vivaz e responsável como a sua goste do que eu busco quando escrevo esses textos: seguir o mote da imaginação sociológica de Wright Mills e exercitar um olhar sociológico em que os não sociólogos ou intelectuais também possam se reconhecer. Isso sempre implica no risco da simplificação teórica ou conceitual, mas pode também contribuir para que a sociologia seja pertinente para além da simples reprodução de si mesma. Obrigada demais. Beijo grande.
Jonatas,
Assim você me deixa encabulada. Se o que eu queria era mesmo ser “aclamada” (estou na dúvida se consulto um analista ou me confesso a um padre), terminei conseguindo coisa melhor ainda: receber elogios de pessoas que eu respeito tanto intelectual como humanamente (como Lu, Quel e você) é pura classe. Abraço.
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